Sem chão: 37

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Em Brasília o dia parecia soturno e os ambientes traziam consigo uma melancolia quase possível de tocar.
Simone estava com Gael no parque da cidade, queria que o menino tivesse algum tipo de distração com o mundo externo não querendo que ele estivesse sufocado com tudo o que ocorria naquele momento. A mesma estava ali em vestimenta esportiva decidindo que poderia caminhar e correr um pouco sem tirar os olhos do garoto que brincaria no playground com algumas outras crianças que por lá estavam, sua mente não lhe permitia por um segundo estar menos angustiada a levando sempre ao questionamento de onde Ciro estava e se estaria bem ou vivo o que formava um furacão em seu peito. Inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca a mesma fazia sua pequena corrida ao redor do local aberto tendo olhos atentos ao loiro que sentara em um balanço e parecia interagir com outro garoto com certo entusiasmo e com um suave sorriso terno Simone sentiu-se aliviada que ao menos ele conseguisse retirar-se da turbulência que passavam com o maldito sequestro. Quando sua mente começou a perturba-la com pensamentos catastróficos a morena acelerou mais seus passos querendo se distrair com o cansaço que aquele esforço causaria em seu corpo e por breves segundos funcionou até uma onda de tontura lhe atingir repentinamente e a fazer cambalear até um banco próximo dali onde apoiou uma de suas mãos para recuperar o fôlego e o equilíbrio enquanto a outra mão ia até sua testa como se com aquilo pudesse aliviar o girar em sua cabeça. Um minuto de uma profunda respiração, olhos fechados e peso apoiado ao banco foi necessário para estabilizar seu estado e quando sua atenção voltou a Gael, que já não estava mais no balanço, seu coração acelerou em desespero e seus olhos buscaram frenéticos pela criança enquanto suas pernas ainda bambas lutavam para leva-la as pressas a sua procura, chamando pelo garoto com aflição em seu tom de voz a morena indagou algumas pessoas naquele lugar se tinham visto o garoto loiro até que ouviu o chamamento do próprio por ela com certo desespero em sua voz. Acelerando seus passos até a voz que implorava por ela Simone sentiu que o coração sairia por sua garganta em imaginar que a criança estava em perigo por uma desatenção sua, cada vez mais próximo ao som a mesma sentiu como um soco em seu estômago quando pôde ouvir nitidamente o que Gael falava "socorro mamãe", "me ajuda Sisa" e agora ela corria sentindo o ar lhe faltar com todo o desespero estourando em seus pulmões, finalmente encontrando o garoto sendo puxado pelo braço com violência por um desconhecido alto e taciturno que havia parado em seus passos firmes e rápidos para chacoalhar a criança falando com tom ameaçador e baixo para que ele se calasse senão iria receber o que merecia antes do previsto. Sem tempo para pensar como agir e tomada de coragem para defender seu pequeno Simone se adiantou até os dois parados no meio do caminho e empurrou o homem, que cambaleou para trás com a força do golpe e por estar desprevenido, para longe da criança se pondo entre os dois com o peito estufado orgulhoso e o olhar mortífero, seu braço apertando protetoramente Gael que escondeu o rosto em seu quadril choramingando assustado.

- Quem demônios é você e o que pretendia com meu filho? - Vociferou a mesma com ódio.

- Finalmente estamos frente a frente morena... - Com um sorriso malicioso o homem passou os dedos em uma mecha do cabelo de Simone que escapava da amarração - É assim que ele te chama, não é? - Sussurrou com o rosto próximo ao dela se divertindo com a mudança no olhar da mesma.

- Você... Foi o homem que me ligou no dia do sequestro - Simone engoliu em seco e apertou mais Gael contra ela - Se você fizer qualquer coisa aqui eu vou gritar e vão te pegar... Estou na companhia de seguranças - Mentiu e se amaldiçoou internamente por não ter de fato cuidado de sua segurança e da criança.

- Como não? A ministra não pode sair assim tão desprotegida e ainda mais com o órfãozinho do velhote - Riu dando um passo para trás.

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora