Sequestro: 78

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Com os três anos dos gêmeos batendo a porta os pais se viam cada vez mais nostálgicos com cada ano a mais de vida dos seus pequenos. Recordavam os meses de gestação que vagueava como uma montanha russa entre a ternura e a tensão, agora que os tinham um sonho se tornara realidade. Todos os temores eram deixados em um passado não muito distante que se transformava em espumas no mar e se esvaia como elas. Entre vídeos e fotos registravam cada significante momento. Quando aprenderam a comer sozinhos, mesmo que por vezes sujassem a si e a mesinha, ao começar a ter mais coordenação motora para escovar os dentes mesmo que ainda precisassem da supervisão e ajuda de um adulto, o momento em que jogaram com Gael caindo ao gramado aos gritos vitoriosos quando um dos dois fazia um gol. Idas a praia se tornavam uma correria entre os pais e irmãos para garantir que os pequenos estivessem com boias e em companhia de um deles para ir ao mar. Fernando se agacharia na areia tentando fazer seu castelo de areia enquanto Sofia viria toda molhada com a água do mar e se jogaria no projeto do pequeno o fazendo olhar com olhos grandes e chorosos para sua mãe enquanto jogava sua pazinha fora com frustração.

- Sofia! Não pode destruir o castelinho do seu irmão – A mãe a repreendera severamente fazendo a pequena parar de rir.

- Oxe! - A pequena Tebet exclamou o que ouvira o pai dizer uma vez.

- Oxe nada – Simone se aproximou da filha e ajustou a miniatura de seu próprio óculos no rosto dela – Peça desculpas.

- Diculpa – Sofia buscou a pá que seu irmão havia arremessado e trazido de volta a ele.

- Tá – Fernando fungou passando as mãozinhas na cicatriz do corte em seu queixo – Acode aqui mamãe – O pequeno pediu apontando para o castelinho destruído.

- A mamãe acode sim – Simone sorriu e se ajoelhou ao lado dos gêmeos.

- To pa faze outo – A pequena trouxe o baldinho com mais areia e se sentou em frente ao seu irmão – Vamo faze um bem guande!

- Muito bem, meu amor. Ajude seu irmãzinho a fazer outro castelo – Simone sorriu emocionada com o gesto.

- Ajuda a faze tabém mamãe – Fernando a chamou batendo na areia ao seu lado.

- É claro, meu docinho – Simone sentou-se junto aos seus filhos, ajustou sua saída de banho, e colocou as mãos na areia para montar o castelo.

Com os meses a passarem-se rápidos e o aniversário de doze anos de Gael chegando a morena trouxe ao conhecimento do garoto e de seu pai a vontade de oficializar a adoção do loiro como seu filho. Queria dar seu sobrenome a ele e que o mesmo tivesse o reconhecimento como seu filho por lei, assim dando todos os direitos que ele deveria deter como um de seus filhos. Gael pareceu radiante com a ideia e a ansiedade vazou em seus olhos quando o processo pela justiça se iniciou. Se preocupara em não acontecer e a Tebet lhe garantia que não descansaria até conseguir a autorização, sempre recordando que independente de um papel ela continuaria sendo sua mãe. A mulher por pouco não soltou um gritinho de comemoração quando recebeu a resposta favorável do juiz. Quando a nova certidão de Gael fora emitida ela controlou suas lágrimas e a guardou para entregar ao adolescente na manhã de seu aniversário.

- Mãe... – Gael bateu à porta do quarto, esperando uma resposta, e a chamou com uma voz mais grossa.

- Oi, meu querido – Simone abriu a porta do quarto e se deparou com o que parecia ser um machucado na bochecha do adolescente que agora quase lhe ultrapassava na altura – O que foi isso, Gael?! Alguém te machucou? – Seu olhar tomou uma valentia ao cogitar.

- Não! Calma, dona Tebet – O loiro riu, limpando o pequeno sangramento com papel, fazendo seu aparelho nos dentes reluzir.

- Fernanda te ensinou a me chamar assim?! – Revirou os olhos e tocou o rosto dele – Como se machucou?

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora