Por onde andam?: 36

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O pavor, tormenta, angústia e dúvidas dominavam o corpo e a mente de uma morena que, todavia, estava paralisada em seu carro sentindo o ar rarefeito e seu derredor apertado parecendo que o mundo se fechava ao seu redor com a intenção de enclausurar seu ser sem compaixão naquele espaço. O peito subia e descia com força e seus olhos aguados eram fixos no nada a sua frente perdida em vários pensamentos catastróficos, os lábios tremiam furiosos e as mãos apertadas ao estômago que parecia cada vez revirar mais com todo o estresse que a mesma fora submetida em poucos minutos. Com o choro alto entalado na garganta e as bochechas manchadas com lágrimas dolorosas a mulher reuniu o pouco de força que sentia em suas pernas bambas e deixou o carro querendo chegar o mais rápido possível ao seu apartamento desejando poder ligar para Lívia e, em uma vã esperança, sua enteada desmentir a notícia que ouvira naquele final de dia que agora se transformara em uma noite escura e sufocante. Tentando manter sua postura até chegar ao seu lugar seguro a mesma enxugou as lágrimas rapidamente com as costas da mão, inspirou profundamente e se esforçou para andar com certo equilíbrio mesmo sentindo o chão afundar a medida que seus passos avançavam, com a cabeça erguida e seriedade em suas feições Simone conseguiu por fim chegar ao seu apartamento onde, após trancar a porta e ligar as luzes, a mesma caminhou até a ilha da cozinha e se apoiou ali respirando fundo e sentindo a cabeça girar como um carrossel. Suas mãos trêmulas alcançaram o celular em sua bolsa e com receio seu polegar escolheu o número de Ciro, antes de contatar Lívia, com o coração apertando a medida que chamava e nenhuma resposta se tinha, sua ingênua esperança era ser atendida pelo amado e tudo não passar de uma baita "fake news", após o susto passar e as reclamações cessarem ambos ririam da situação e o grisalho soltaria alguma piada sobre o ocorrido... Ela desejou ardentemente por isso, porém nunca aconteceu. Desistindo na sexta chamada que caira, mais uma vez, na caixa postal a mulher se rendeu aos fatos e ligou para a filha do Gomes querendo assim fazer com que a ficha caísse de uma vez e terminasse de arrebentar o que já estava ferido.

#LIGAÇÃO ON#

- Lívia... - Com a voz embargada a mulher tentava pronunciar palavras que faziam um nó em sua garganta.

- Simone! - Lívia exclamou o nome da morena com preocupação em sua voz - Aconteceu algo... Se não estiver sentada ainda é melhor que se sente -

- Eu já sei... Então é verdade sobre o sequestro? - Apertando o celular entre dedos que suavam frios a mulher fechou os olhos esperando o soco no estômago que viria com a resposta da outra mulher.

- Sim, infelizmente aconteceu - Com a voz entrecortada a mulher tentava prosseguir - Contatamos as autoridades. Estão a procura deles agora, tudo aconteceu muito rápido e inesperado... Eu nunca imaginaria que algo assim fosse acontecer - Disse com nervosismo em sua fala.

- Não tinha como prever isso - Consolou Simone apesar de seu próprio abalo emocional - Como aconteceu? -

- Tudo indica que foi uma emboscada no caminho da consulta - Lívia tentava controlar a vontade de chorar que a invadia quando escutou a respiração de Simone pesar na ligação e a mesma ficar em um silêncio preocupante - Simone? Você está aí? Por favor, diz algo - Pediu em aflição.

- Estou aqui - Sussurrou a mulher enquanto quebrava completamente em um choro baixo e com a mão livre se segurava a ilha sentindo o mundo desabar - Preciso que ele volte... Preciso que ele esteja bem - Confessou em desespero.

- Ele vai voltar, ele vai ficar bem. Por favor, Simone, bebe uma água e vai sentar no sofá... Mesmo daqui posso perceber que você não está bem - Disse Lívia preocupada com o estado da madrasta - Prometo que vamos encontrar ele - Afirmou querendo convencer a si mesma disso.

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora