Capítulo 10 Docas

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Vodca.

Haviam quatro garrafas de vodca vazias na minha frente.

Eu estava sentado na mesa da minha casa porque eu não tive coragem de ir para o meu apartamento e de Ryung desde que tinha pisado em New York. Também estava bêbado desde que cheguei e não tinha conseguido dormir ou comer, mas eu bebi. Bebi feito um viciado de merda e fumei todas as porras dos cigarros que havia comprado

Engoli em seco, enchendo o copo mais uma vez. Aquela droga de coração partido, estava experimentando aquela porra e era uma droga.Respirei fundo, olhando para a minha mão que segurava a garrafa, eu havia deixado o anel que o Lindinho me deu pra trás. Funguei, jogando a garrafa e ela se quebrou na parede. Ofeguei, colocando os cabelos para trás, virando o copo e me encostei na cadeira. Mordi o lábio inferior e fechei os olhos, a porra do amor era o caralho de uma merda.

Coloquei meus cotovelos na mesa e olhei para as minhas mãos, fechei-as em punhos e as abri outra vez. Nada, não havia porra nenhuma nas minhas mãos, porque eu não tinha o caralho de nada, tudo o que eu tinha, deixei para trás.

Comprimi os lábios e respirei fundo com os cotovelos na mesa, cobrindo o rosto com as mãos. O que eu tinha feito? "Não quebre o coração dele Christopher, o ringue já fez isso com ele".

— Caralho! — esbravejei — Me perdoe Lindinho. — Sussurrei e coloquei os cabelos para trás, suspirando pela boca.

O meu celular começou a tocar e cada músculo do meu corpo ficou rígido quando vi o nome de Ryu na tela. Respirei com dificuldade e minha visão embaçou. Tranquei o maxilar, pegando o celular.

"Você me ama?"
"Amo, amo muito"

Me levantei repentinamente, jogando o celular contra a parede e ouvindo ele quebrar em contato com o concreto. Eu não podia atender, não conseguiria se ouvisse ele me mandando voltar. Caminhei pela sala, ainda ouvido o celular tocar. Fui até ele quando a chamada caiu e me abaixei, vendo a tela quebrada e o papel de parede onde Ryung sorria. Peguei o aparelho e me ergui, abrindo a geladeira e pegando mais uma garrafa de uísque. Subi em direção ao meu quarto.
"Você mora aqui?"
"Não, eu morei aqui na minha infância"
Cambaleei, me apoiando na parede e abri a porta, me enfiando dentro do quarto. Olhei ao redor, indo em direção a cama.

"Meu pai era fã de Johann Sebastian Bach. Eu odiava, mas depois comecei a gostar"
"Eu gosto, soa bem"

Me joguei na cama, bebendo o uísque direto no gargalo. Não importava onde estivesse, tudo me lembraria Ryung, qualquer coisa me faria pensar no meu Lindinho.

"Você criou isso?" "
Se chama 21"
"Por quê?"
"Porque foi a quantidade de vezes que eu tentei fazer ele funcionar"

Olhei para o teto, vendo a projeção desligada e vi que não passava de telas de vidro. Me estiquei, ligando o projetor e voltei a deitar, encarando o teto e vendo quando ele ligou em uma projeção da galáxia.

"É uma pequena construção com imagens de satélites, eu os projetei no vidro através de um sistema simples. Melhor que o céu cinza de New York, não acha?"

"Você é a porra de um nerd"

"Eu sou mais legal"

"Você é 95% babaca"

Minhas sobrancelhas se juntaram e a merda do meu coração doeu pra caralho. Arfei, assustado, quando comecei a chorar e gritei com ódio. Ele era tudo que eu tinha.

"Eu quero, uma vida inteira"

Sinto muito Lindinho, por não conseguir te dar a vida inteira que você queria.

Era uma droga e doía pra porra, porque eu estava chorando. Fechei os olhos e busquei respirar fundo. Eu tinha que vir, tinha que resolver essa merda, mas ao mesmo tempo não queria ter o deixado. Eu sabia que éramos uma droga junto, mas gostava da merda que eramos juntos. Eu queria a porra da vida inteira que ele disse que queria. Respirei fundo, eu achava que não tinha como as coisas ficarem piores, mas elas ficaram para trás quando deixei Ryung dormindo e fui embora. Mas mesmo que aquilo doesse como o inferno e meu peito parecesse que estava sendo arrancado, tinha valido a pena, se significava que ele estaria bem e seguro. Ele era meu Lindinho, mas tudo meu era dele.

Underground 2: Fora do ringue ( original version)Onde histórias criam vida. Descubra agora