CAPÍTULO UM

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A MENTIRA. | Kim Taehyung

Eu amo e odeio as festas em família.

E quando falo em família, não são apenas os pais e seus filhos, mas todo o resto. Avós, tias e tios, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas e agregados. Tudo junto em um mesmo ambiente fazendo uma bagunça tão imensa que a palavra "caos" não descreve nem metade do acontecimento.

— Você está com cara de quem está com dor de barriga, Taehyung.

Ouvi a voz de meu irmão, Seokjin, dizer e em seguida a risadinha de seu marido, Namjoon, ecoar pelo carro. Levantei meus olhos para o retrovisor apenas para ver seus olhos escuros me encarando de volta com um ar de preocupação.

— Todos os anos você me diz isso. — retruquei e não pude evitar o bico que se formou em meus lábios.

Era verdade. Todos os anos, nesta mesma data: 22 de junho, meu irmão comentava sobre minha cara verde, retorcida e suada de quem estava passando mal.

— Então se anime, é aniversário da vovó. — Jin me repreendeu, mesmo com aquele sorriso animado no rosto, olhando as crianças, através do retrovisor, que estavam cada uma sentada ao meu lado no banco traseiro. Meus dois sobrinhos.

Yeji, de sete anos, estava comendo um bolinho de morango enquanto eu segurava o suco de caixinha dela e Hyunjin, de dois anos, dormia tranquilo e esparramado no assento. Eu estava sentado no meio deles, espremido entre as duas cadeirinhas enquanto me preparava psicologicamente para o resto das semanas que se seguiriam até o dia que eu pudesse voltar para casa novamente.

O carro estacionou e toda a alegria que eu estava tentando juntar dentro de mim escorreu entre meus dedos igual areia em ampulheta. Não havia para onde fugir, apenas encarar as pessoas que se reuniam na casa da anciã Kim, que estava completando seus 82 anos de vida com a disposição de uma senhora de 50 ou até menos, para comemorar o aniversário dela.

Depois de trancar o automóvel e recolher tudo o que era necessário, a família feliz saiu andando em minha frente, saltitantes com seus filhos enquanto diziam: "Vamos ver a bisa? Vamos!". Hyunjin ainda estava meio sonolento. Eu seguia logo atrás, cabisbaixo e procurando uma maneira de fugir daquilo como eu procurava todos anos, mas minha mãe sempre tinha uma solução para tudo.

— Olá, Jimin! — a voz de Jin mais uma vez chamou minha atenção. — Deem olá para o tio Jimin, crianças.

Observei Jimin brincar com as crianças antes delas continuarem seus caminhos com seus pais para dentro da casa. Então ele se virou para mim com um sorriso enorme.

— A solução é: eu quebro sua perna um dia antes da viagem e ficamos os dois no hospital. Você internado e eu de acompanhante. — Park Jimin sugeriu antes de me dar um abraço em cumprimento e se afastar, apertando meu ombro como quem dizia "Para o que der e vier!".

— Tenha certeza, absoluta, que Kim Taemin comprará a cadeira de rodas escolhida por Kim Injae e os dois me arrastarão para o Havaí e cuidarão de mim como um bebezinho que ainda não aprendeu a andar e será ainda mais humilhante. — rejeitei a possibilidade de ter minha perna partida em dois lugares com o argumento, mas se ter a perna quebrada me livrasse de tudo, eu poderia aceitar muito facilmente.

— Sinto muito, Tae, tentei ajudar. — Jimin deu de ombros.

Jimin e eu somos primos e melhores amigos. Almas gêmeas, como costumamos brincar. A mãe dele é irmã do meu pai. Por isso Jimin tinha uma boa noção do inferno que era para mim tudo aquilo. Tudo causado única e exclusivamente por uma pessoa que parecia sentir prazer em infernizar minha vida. Não que o resto da família não tivesse sua parcela de culpa, mesmo que indiretamente.

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