CAPÍTULO DOIS

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A PROPOSTA. | Jeon Jeongguk

A galeria estava cheia de pessoas interessadas em prestigiar as obras dos artistas que estavam em exposição naquela quinta noite de festival de arte e cultura de Daegu, inclusive minhas músicas.

Em um palco no fundo da galeria uma dupla se apresentava em voz e violão, e em seguida subiria um rapaz para recitar seus poemas. Em outro espaço uma moça ensinava artesanato, eu até tinha aprendido a fazer umas pulseirinhas com ela, mesmo que meu objetivo principal ali, naquela noite, não fosse prestigiar os outros.

Na verdade, não tinha motivos para eu estar lá, já que não precisava necessariamente estar ao lado do meu estande falando do meu trabalho o tempo todo e fora da programação estabelecida. E também porque eu já tinha me apresentado duas noites atrás, tido a minha oportunidade de brilhar por trinta minutinhos no palco. Mas eu sempre ficava curioso para saber quantas e quais pessoas paravam para ouvir a minha música na caixa de som que tinha no meu estande, levar algum ep físico ou acessar meu perfil na plataforma de streaming informada no banner. Então eu arrumava um tempinho do meu estúdio de tatuagem e dava um pulo na galeria, apenas para fingir que estava lá como qualquer outra pessoa, enquanto passava de minuto em minuto pela área em que meu trabalho estava exposto, só para ver se tinha alguém interessado.

Os seguranças e funcionários do lugar já estavam tão acostumados comigo que nem me davam mais atenção. No mínimo deviam rir de mim toda noite quando eu chegava na galeria para dar uma olhada. Mas entenda, eu tinha passado toda minha vida produzindo para mim, não deixava ninguém ouvir; e agora, eu estava expondo tudo. Me expondo, porque convenhamos, todo artista exprime em sua obra aquilo que ele sente, mesmo que disfarçadamente. Eu precisava saber como as pessoas reagiam a minha música... a mim.

Virei na esquina que semana passada era toda de alguém chamado A. L. Bert e essa semana era de Francis B. Ambas as pessoas escultoras, mas como não era minha área e muito menos me interessava, eu passava rapidamente, fingindo gostar de alguma coisa enquanto me direcionava a área de áudios, onde eu e outros artistas musicais estávamos expostos.

Tinha um homem alto dessa vez. Sozinho. As mãos dentro dos bolsos da calça de linho caqui que ele estava combinando com tênis e cardigã azul clarinho.

Parei a certa distância dele, fingindo olhar a capa do ep também e o olhei de canto de olho.

Não!

— Essa aqui me traz melancolia. — a voz grave e profunda dele disse depois de um tempo em silêncio. Me virei em sua direção e percebi que ele apontava para um quadro menor, a capa de uma das músicas, que era uma floresta enevoada construída sobre várias camadas para dar um efeito de profundidade.

O título da música era "Octuber" e falava de um amor que não deu certo. A melodia era leve e calma, todo o instrumental feito por um violão, tendo um toque bem suave de teclado ao fundo. Era a minha música favorita dentre todas que gravei. Era uma das mais antigas também.

Eu queria poder responder: "Senti o mesmo quando estava compondo.", mas seria como eu estar me vangloriando por aquilo, por ter conseguido passar o sentimento proposto, esperando por um tapinha no ombro e uma parabenização. Ou até mesmo palavras de apoio pelo amor perdido, algo como "Você vai achar alguém que fique." E não precisava ter isso dele e nem que ele pensasse que eu queria isso.

Não respondi, fingi que não sabia quem era ele, apenas esbocei um sorriso sem graça quando o rapaz me olhou, provavelmente esperando uma resposta. E foi aí que...

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