Capítulo 9.

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   Maratona.
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    🥀

Carolyna estava deitada enquanto olhava quadradinhos imaginários na parede. Sim, o tédio a estava matando, porém, não mais do que a curiosidade sobre Priscila Caliari.

A garota era grosseira, seca, fria, contudo, se ofereceu em ajudar Carolyna. Ela também já foi gentil, mesmo sem perceber.

A menor só queria entender aquela mulher.

Por que ela ajudaria alguém gratuitamente?

Priscila jamais se envolvera com alguém daquela cadeia, de acordo com Yasmin.

Então por que diria a todas que estava com Carolyna?

Para sua única proteção?

Muito estranho.

Priscila a havia beijado, um selinho, na frente de todas. Aqueles lábios rosados e tão beijáveis, junto com aquele olhar intenso que derreteria qualquer iceberg...

Não!

Ela não deveria pensar nisso, se repreendeu.

O barulho de sua cela sendo aberta a fez respirar fundo.

A merda aconteceria, se tivesse que acontecer.

- Olá, novata. - O sorriso rancoroso no rosto de Valentina fez Carolyna sentir um frio cortar toda a sua espinha.

- Carolyna Borges. - A voz da guarda fez Carolyna a olhar.

Era Soomin.

- Sim? - Perguntou baixo antes de fitar Valentina.

Seus olhos a fitavam ansiosamente, à espera daquela guarda sair para acertar contas.

O nariz da garota estava enfaixado e ela tinha um olho roxo.

- Arrume seus pertences que em menos de dois minutos volto aqui. - Ela disse e Carolyna assentiu confusa, apesar de não ter quase nada.

Alguns itens de higiene pessoal e suas roupas íntimas.

- Quebraram meu nariz, sua vadia. - Valentina disse irritada assim que Daniela saiu. - Vou esperar Soomin fazer seja lá o que for aqui nessa inspeção de cela e esta noite você me paga. Caliari verá quem manda nessa merda.

Carolyna sequer a olhou, o medo circulava em cada canto de suas veias.

- Eu sinto muito por seu nariz. - Disse baixo, se sentando e arrumando suas coisas no canto de sua cama.

- Ah, com certeza não sente, sua vadia. - Valentina disse cruzando os braços. - Não mandei se sentar. Levanta! - Impôs e Carolyna obedeceu. - Priscila deveria saber que você só está com ela por interesse, mas deveria ter escolhido melhor, boneca, sou eu quem tenho todas as guardas compradas.

- Nem todas. - A voz de Soomin soou firme e Valentina a olhou assustada. - Borges, pegue suas coisas e me acompanhe.

- Não quis dizer que as compro de verdade, senhora. São todas mulheres íntegras. - Valentina disse colocando as mãos para trás e Soomin manteve sua expressão imparcial quando Carolyna saiu da cela.

- Eu sei bem o que você quis dizer e não se preocupe, porque cada mulher íntegra dessas que você citou terão sua vez na hora certa. - Falou, erguendo um braço, fazendo a policial que tinha os comandos a ver pela câmera de segurança e voltar a fechar a cela.

- Aonde ela vai? - Valentina perguntou confusa.

- Não é da sua conta. Cuide de suas coisas. - Daniela disse impassível. - Por aqui Borges.

Caminharam duas celas, até pararem de frente com a cela que Carolyna conhecia muito bem.

- Espero que nessa você não arranje problemas. - Daniela disse. - Elas duas sempre arranjam problemas uma com a outra e por isso foram colocadas em celas separadas. Com Valentina você não vem dando certo, vejamos com Priscila. - Falou, abrindo a cela.

Carolyna entrou no ambiente antes da cela voltar a se fechar.

- Obrigada, Dani. - Priscila disse e Daniela sorriu.

- Juízo, garotas. - Ela disse, se afastando dali.

Carolyna olhou confusa para Priscila antes de colocar suas coisas em seus devidos lugares.

- Você... A subornou? - Carolyna perguntou confusa e Priscila riu.

- Uma mulher nunca revela seus segredos.

- Eu posso, huh, me deitar? - Carolyna perguntou e Priscila franziu o cenho.

- Não precisa de uma autorização minha para isso, Borges. - Caliari falou e Carolyna riu fraco.

- É que Valentina às vezes...

- Não sou ela. - Priscila disse seriamente e Carolyna a fitou novamente.

- Claro, me desculpe. - Pediu, se deitando em sua cama. Seu cérebro voltou a divagar.

- Ela já estava na cela? - A voz de Priscila soou e alguns segundos depois as luzes se apagaram.

- Estava.

- Ela te machucou?

- Não.

- Hm. - Respondeu com frieza novamente, deixando o silêncio se instaurar no local.

- Por que ficava me olhando tanto quando
cheguei? - Carolyna perguntou.

Droga!

Era sempre tão estúpida? Pensou.

- Não te interessa. - Priscila disse e, para a sua surpresa, Carolyna riu.

- Por que é sempre tão rude comigo?

- Você é sempre idiota ao ponto de ficar insistindo em falar com alguém que claramente não quer conversar com você? - Priscila perguntou, colocando a cabeça para fora do beliche, apenas para ver Carolyna a fitar da cama de baixo.

- E você é sempre a protetora das novatas que claramente não pediram por sua ajuda? - Carolyna rebateu e Priscila bufou.

- Eu sabia que isso seria um erro. - Priscila disse boquiaberta. - Amanhã pedirei à Daniela que te mande de volta. Direi a todos que você está livre e você que se acerte com Valentina. Já me meti em problemas demais para ouvir esse tipo de coisa. - Priscila falou, se deitando bruscamente.

- Não, por favor... - Carolyna pediu rapidamente, se levantando para poder ver o rosto da outra garota. - Eu não quis dizer que não sou grata... - Se corrigiu. - Só quis dizer que você começou a me ajudar do nada e nunca me disse o porquê, mas vive me tratando como se não gostasse de mim. - Ela disse em suspirou. - Isso só me deixa... confusa.

Priscila a fitou antes de se apoiar em seu cotovelo e voltar a falar.

- Preste muita atenção no que vou dizer: Não somos amigas, não somos nada. Eu te ajudei e você deve ficar agradecida, nada mais. - Ela falou friamente. - Sem amizade, sem sorrisos, sem conversas sobre nossas vidas, sem perguntas. Ficou claro? - Carolyna assentiu encolhendo seus ombros antes de voltar a se deitar.

- Claríssimo. - A menor respondeu.

Pelo menos poderia dormir em paz, sabendo que não teria uma Valentina para tentar pular em cima dela durante a noite.

Seus olhos se fecharam, porém sua mente se concentrava em um único pensamento:

Viveriam por um longo tempo sob o mesmo teto, no entanto, Priscila se negava a conversar com ela.

Carolyna não sabia o que era pior.

Estar sozinha em uma cela, sem ninguém para conversar por meses ou anos, ou estar em uma cela com uma pessoa que gostaria muito de conversar, porém não podia.

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora