Capítulo 20.

2.5K 220 54
                                    

- Caliari! - A voz firme da policial loira fez Priscila se virar e limpar a garganta, se cobrindo com a parte de cima do uniforme que precisou se abaixar para pegar do chão.

- Pois não? - Perguntou, vendo a policial negar com a cabeça.

- Nada, não quero esse tipo de atividade durante o dia, se quiserem fazer isso durante a noite o problema é de vocês. - A policial disse e Priscila assentiu. - Se eu voltar aqui e ver vocês assim terão problemas. - Alertou, puxando o lençol das grades e o fazendo cair no chão antes de sumir de vista.

- Essa foi por pouco. - Priscila sussurrou e Carolyna  riu, assentindo.

- Eu quase me borrei de medo. - Carolyna  confessou, porém seus olhos pararam na região abaixo dos seios de Priscila pois dava para ver de lado.

Estava sangrando.

- O que foi? - Priscila perguntou e Carolyna puxou sua blusa para o lado, analisando a ferida com olhos preocupados.

- O que foi isso? - Perguntou e Priscila abaixou a vista, encontrando o pequeno ferimento.

- Esse sangue deve estar seco já, me machuquei hoje pela manhã naquela porcaria de jogo. - Priscila falou e Carolyna se levantou, pegando algodão, Band-Aid e pomada que havia levado para a sua cela como brinde por estar na enfermaria.

- Já falei para tomar cuidado nesse jogo, elas são muito brutas, Pri. - Carolyna falou, molhando o algodão no lavatório antes de se aproximar de Priscila e deslizar o mesmo sobre sua pele.

- Você abandonou meu time. - Priscila falou fingindo ressentimento. - Estou com uma jogadora a menos agora.

-  Não sirvo para jogar. - Carolyna falou, cuidando do ferimento antes de correr os olhos pelo corpo de Priscila a procura de mais.

Encontrou outro em suas costas e a virou de costas para ela, jogando seus cabelos para frente e se levantando para molhar outro pedaço de algodão.

- Aquelas garotas te machucam aqui em cima como?

- Não faço ideia. - Priscila respondeu rindo, segurando a camisa na frente dos seios enquanto sentia o algodão deslizar por sua pele. - O chão não é limpinho igual em todos os lugares, há pontas de concreto tortas também, talvez quando eu caí tenha me machucado.

- Tome cuidado, por favor. - Carolyna pediu preocupada e Priscila assentiu, sentindo Carolyna parar o que fazia e suspirar.

Ela sentiu as pontas dos dedos de Carolyna percorrerem sua pele desnuda e instantaneamente se arrepiou.

Os lábios de Carolyna tocaram a pele quente de suas costas, começando a distribuir mansos beijos ao longo da extensão até finalmente apoiar o queixo em seu ombro e envolver seus braços na cintura da garota.

- Eu senti sua falta essa semana. - Carolyna  confessou, percebendo que Priscila havia engolido em seco. - Não se afaste assim de novo, Pri, por favor.

- Eu não vou. - Priscila respondeu, se esquivando de Carolyna apenas para sentir novamente o deslizar dos dedos em suas costas, fazendo-a fechar os olhos para manter o autocontrole.

- Obrigada por hoje. - Carolyna disse, deslumbrada conforme sentia a pele macia sob seu toque.

- De nada. - Priscila respondeu, controlando novamente sua respiração ao sentir os lábios de Carolyna tocarem sua nuca vagarosamente. - Para, Carolyna... - Priscila pediu com fraqueza na voz.

- Eu senti mesmo a sua falta... - Carolyna falou e Priscila se esquivou dela, vestindo a camisa as pressas sem sutiã mesmo.

- Você já disse isso. - Priscila falou ao se virar de frente para Carolyna e a menor se aproximou, porém Priscila se levantou.

- Eu sei que você também se sente atraída por mim, então para que ficar fugindo? - Carolyna perguntou e Priscila se encostou na parede.

- Não estou fugindo, mas uma policial meio que nos proibiu de qualquer coisas de dia, não estou afim de problemas. - Priscila falou e Carolyna assentiu, se levantando para ficar de frente para ela.

- Nos proibiu de transarmos, não de nós beijarmos. - Carolyna falou e Priscila riu.

- Eu devo beijar muito bem mesmo, para você
estar desesperada assim. - Priscila falou sorrindo prepotente e Carolyna franziu os olhos.

- Idiota. - Resmungou, - Não quero mais também, fique aí com seu egocentrismo e narcisismo. - Carolyna reclamou.

No entanto, quando estava prestes a sair da cela, sentiu a mão de Priscila tocar seu pulso, puxando-a para seus braços.

- Ah, não minta! - Priscila falou, colando ainda mais os corpos. - Você e eu sabemos que você quer sim. - Seus lábios roçaram nos de Carolyna antes da menor suspirar.

- E você e eu também sabemos que você também quer. - Carolyna falou sorrindo de forma contida. - Então que tal você só me beijar e ambas calarmos a boca?

- Certo. - Priscila falou, rindo baixinho antes de se inclinar ligeiramente e beijar Carolyna.

O toque singelo fez ambas suspirarem e então a menor se aconchegou mais nos braços de Priscila, deixando sua língua deslizar pela da outra garota

- Hmm... - Carolyna murmurou antes de depositar um selinho em Priscila. - Que beijo gostoso. - Falou sorrindo contra seus lábios e Priscila riu, corando levemente.

- Sabe que às vezes eu gostaria de te falar as coisas? - Priscila comentou, levando uma mão até as mechas de Carolyna, colocando-as atrás da orelha da menor. - Não tem nada demais em te falar, mas...

- Então me fala. - Carolyna pediu e Priscila riu

- Eu não queria te contar para não quebrar a barreira entre nós, mas parece que você se infiltrou, hm? - Priscila disse rindo e Carolyna assentiu.

- Sim. - Carolyna disse e Priscila umedeceu os
lábios. - Por favor, me conta algo... Sou muito
curiosa. - A maior riu e assentiu.

- Bem, eu posso te contar da primeira vez que te vi, que tal? - Sugeriu e Carolyna balançou a cabeça positivamente de uma maneira frenética. - Se eu te disser que não foi nesse estado você acredita? - Priscila perguntou e Carolyna assentiu.

- Eu viajava bastante alguns anos atrás, então não seria difícil. - Carolyna disse, deitando sua cabeça no ombro de Priscila.

- Foi na praia. - Priscila disse olhando para um ponto distante, como se puxasse de sua memória uma antiga lembrança. - E você estava tão maravilhosa.

- Quem te vê com aquela cara emburrada lá fora jamais acreditaria em você me dizendo coisas assim. - Carolyna falou rindo e Priscila suspirou.

- Vai me deixar contar ou não? - Priscila  perguntou e Carolyna assentiu.

- Desculpe. - Carolyna se retratou. - É que estou feliz.

Priscila arqueou uma sobrancelha e a fitou nos olhos.

- Eu imagino, conversar com sua...

- Não é só por isso. - Carolyna disse. - Você voltou a falar comigo e eu não sabia o quanto você poderia fazer falta. - Explicou. - Eu gosto de ficar assim com você, Priscila.

- Eu também gosto. - Priscila confessou, vendo Carolyna envolver os dois braços em torno de seu pescoço.

- Agora conta... - Carolyna pediu e Priscila riu,
assentindo.

- Sem interrupções? - Priscila indagou, sentindo Carolyna fitar seus lábios antes de dar-lhe um beijo casto.

- Pronto, agora sim, sem interrupções. - Carolyna  disse e Priscila assentiu.

Não faria mal contar aquilo à Carolyna, até porque não tinha nada a ver com o que ela deveria manter segredo, porém ela sabia que aos poucos Carolyna ia desvendando ela.

Precisava tomar cuidado, porque algo que aconteceu alguns anos atrás para seu benefício poderia acarretar em grandes problemas se descobrissem.

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora