Capítulo 37.

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- Priscila, você sabe que eu não sei lutar de verdade, não é? - Malu sussurrou conforme se aproximavam das garotas da mini arquibancada.

- Não iremos lutar, Malu, é só para fazer igual sempre e, bem, seu porte ajuda. - Ela disse rindo, adotando a expressão séria e impassível assim que parou de frente para as garotas, fazendo até mesmo Malu se surpreender com tamanha mudança de humor em tão poucos segundos.

- Algum problema? - Valentina perguntou e Priscila umedeceu os lábios.

- Eu realmente não ligo para que merda de lugar vocês estão sentando, já que ainda sou eu que mando nessa merda, mas conheço vocês o suficiente para saber que querem falar comigo. - Ela disse solenemente. - Para terem vindo até aqui deve ser algo importante.

A loira maior ajeitou o cabelo e se levantou, ficando cara a cara com Priscila, porém mais alta, afinal estava em cima da arquibancada.

- Você manteve uma riquinha em segredo. - A garota disse cruzando os braços. - Sabe bem o quanto adoramos assustar uma.

- Ela está comigo. - Priscila disse calmamente, como se aquela conversa fosse extremamente entediante.

- Foda-se! A gente sempre faz as ricas nos
conseguir algum dinheiro e alguns cigarros.

- Vou repetir: Carolyna está comigo. - Priscila disse entredentes, sentindo a paciência começar a se esvair de seus poros.

- Você ficou frouxa com ela aqui, as pessoas já não te olham com tanto medo, já que vive sorrindo para todos os lados. - A mulher disse e Malu empurrou o ombro da mesma assim que ela se aproximou demais de Priscila.

- Sem tocar. - Malu disse apenas duas palavras com a cara fechada, mas foi piamente respeitada quando a garota assentiu, voltando a fitar Priscila.

- Carolyna está para sair, não vai dar tempo de conseguir nada para ninguém, então acho bom deixarem ela em paz. - Priscila alertou.

- O que ela te conseguiu? - Valentina, que ainda estava sentada, perguntou.

- Alguns bons orgasmos. Sabe como é, não é? Não precisei forçá-la a nada, então saiu tudo mais gostoso assim, reciprocidade é uma delícia, você deveria tentar experimentar. - Priscila falou em tom zombeteiro, fazendo Valentina bufar em tamanha raiva.

- Você a manteve para si, então terá que nos pagar tudo o que ela poderia ter nos dados. - A loira disse, ganhando a atenção de Priscila para si.

Uma risada fria escapuliu de seus lábios.

- Você está brincando, não é? Porque se não estiver, preciso informar que está começando a tirar a minha paciência. - Ela disse e a loira suspirou, umedecendo os lábios.

- Vanessa tinha o nosso respeito e só estamos quietas porque ela pediu que obedecessemos a nova líder, mas você é fraca, não serve para esse cargo.

- Fraca? - Priscila perguntou indignada.

Ela sabia que era só estalar os dedos e quase todas as detentas estariam ali dispostas a lutarem por ela, porém ela não queria briga.

- Olha só, queremos alguns cigarros e você deveria nos ajudar. - A loira rebateu e Priscila assentiu após alguns segundos de silêncio, sabendo que realmente a líder dali ajudava as outras acima de tudo.

- Vou conseguir os cigarros, mas se alguém encostar um mero fio de cabelo em Carolyna ou simplesmente falar com ela sobre isso eu juro que...

- Ninguém encostara na galinha dos ovos de ouro. - A loira disse e Priscila suspirou, súbitamente se acalmando.

- Acho muito bom. - Ela disse e as outras duas levantaram.

- Desculpe ter sentado aqui. Estávamos apenas irritadas e viemos prontas para uma briga. - A loira disse, estendendo a mão para Priscila.

- Seria interessante ver vocês perdendo isso. - Priscila disse friamente, esnobando a mão da
garota. - Agora saiam da minha frente, vou atrás dos cigarros.

- Obrigada. - A loira disse, se afastando delas no momento seguinte com suas companheiras.

- Você acha que Carolyna dará dinheiro para os cigarros? - Malu perguntou assim que as garotas se afastaram o suficiente e Priscila mordeu o lábio inferior, olhando com um olhar culpado para a morena.

- Não pedirei nada a ela.

- Priscila! - Maria Luisa disse incrédula. - Não acredito. - Falou, passando uma das mãos no rosto. - Como vai conseguir cigarro para tudo isso de detentas? - A mais alta comprimiu os lábios e Malu negou com a cabeça. - Não. Não... nem pense nisso!

- Eu não tenho outra opção, Malu! - Priscila disse e a morena começou a caminhar irritada para longe de Priscila. - Hey! Espere...

A maior gritou, vendo Malu parar bruscamente e se virar para ela com o olhar enfurecido.

- Você poderia não dar a porcaria dos cigarros para elas. - Malu disse e Priscila negou.

- Eu não permitirei que toquem em Carolyna. - Priscila avisou. - Não posso deixar que a machuquem. Não posso e não irei!

- Ou seja, não será a madrinha do meu casamento. - Ela disse irritada.

- Tenta me entender... - Priscila pediu cautelosamente. - Tem apenas alguns dias para ela sair e...

- E nada! Diz para ela que você precisa desse dinheiro e tenho certeza de que ela te ajudará com esses malditos cigarros. - Malu disse irritada e Priscila negou freneticamente.

- Não vou fazer isso. - Priscila rebateu.

- Céus, Priscila! Ela é podre de rica e pode resolver isso. - Malu disse. - Ela pode resolver isso e também pode resolver...

- Não! - Priscila rebateu. - Ela pensou que eu fosse uma interesseira algum tempo atrás, não quero que esse pensamento volte a surgir em sua mente. Eu não me importo com o dinheiro dela, só quero o seu bem.

- E quanto ao seu bem?

- Não vou ficar aqui discutindo isso. - Priscila resmungou e Malu riu com frieza.

- Eu amo você como uma irmã e Daniela muito mais, mas não posso ficar parada aqui vendo você se ferrar por ser orgulhosa.

- O que vai fazer? - Priscila perguntou temerosa.

- Vou dizer a ela sobre a merda dos cigarros e que ela não precisa esperar trezentos anos para que você saia.

- Não se atreva! - Priscila gritou ao ver Malu correr em direção à sua cela.

- Onde está Carolyna, Yasmin? - Malu perguntou assim que invadiu o local e Priscila segurou seu braço, a olhando com uma súplica silenciosa para não contar nada.

- Uh, não sei. Uma policial a chamou há alguns minutos e ela foi, ainda não voltou. - Yasmin disse, se levantando da cama. - Posso ir?

- Pode. Está tudo bem, não se preocupe.  - Priscila informou e Yasmin sorriu aliviada, pedindo licença antes de sair dali.

- Não me olhe assim. - Malu disse de braços cruzados ao ver Priscila voltar a lhe fitar com
súplica. - Eu direi tudo a ela, não esconderei mais nada.

- Por fav...

- Temos quase todo o dinheiro para você sair dessa merda. - Malu a cortou. - Não vou deixar que faça uma merda dessas agora que Daniela já juntou quase todo o dinheiro para a sua fiança. - Protestou. - Ela não vem trabalhando quase o período dobrado para pagar sua fiança para você fazer isso. Não mesmo.

- Mas Malu...

- Quero você como madrinha do meu casamento em alguns meses, não permitirei que estrague o meu momento.

E dito isso Priscila se calou, aceitando Malu esperar Carolyna.

Esperou minuto...

Esperou horas...

Esperou e esperou...

Mas ela não voltou.

Que o drama comece...

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora