Capítulo 33.

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Assim que a policial soltou Carolyna no pátio ela nem olhou para direção nenhuma, simplesmente decidiu migrar para sua cela e se sentar em sua cama.

Ela queria pensar, precisava disso, por tal razão tirou os sapatos e se encostou no canto da cama, apoiando sua cabeça na parede e suas costas no beliche.

A garota puxou sua coberta e enfiou a mão embaixo do travesseiro, tirando uma foto de Priscila com ela de lá.

Ela abraçou as próprias pernas e suspirou tristemente, encarando a foto que Daniela havia lhe dado, que para a sua surpresa não havia sido a que elas olhavam para câmera, senão a que havia tirado instantaneamente, onde Priscila fitava bobamente o enorme sorriso que Carolyna tinha em seu rosto, tendo seus braços enlaçados ao redor da maior.

Pela forma como ela fitava Priscila, podia se dizer facilmente que estava apaixonada.

- E agora, meu amor? - Ela sussurrou, dando um beijo na foto antes de se deitar e fechar os olhos, enterrando a imagem em seu peito fortemente.

Ela estava aliviada porque sairia, entretanto, deixar Priscila não fazia seu coração ficar calmo, muito pelo contrário, ele estava quase sangrando.

Não se arrependia de ter se apaixonado por Priscila, porém as coisas se complicariam a partir do momento onde saísse dali.

Sem perceber um choro baixinho se fez presente por ela mesma.

Ela havia levado a coberta até sua cabeça e mal notou quanto tempo havia se passado daquela forma.

- Lyna? - A voz carregada de preocupação de Priscila soou no ambiente e Carolyna descobriu a cabeça rapidamente, se virando quase que instantaneamente para sua namorada.

- Amor... - Carolyna proferiu, estendendo os braços para ela em um convite silencioso para a maior se aconchegar em seu corpo.

Priscila sequer pensou, apenas migrou até a cama de Carolyna e se instalou em seu abraço.

- O que houve? - Priscila perguntou e Carolyna  negou com a cabeça, enterrando o rosto em seu pescoço antes de começar a chorar copiosamente.

- A minha... irmã... - Carolyna disse e parou, fazendo o desespero de Priscila aguçar.

- O que houve com ela? Ela está bem? - Indagou e Carolyna assentiu com a cabeça, respirando fundo para ver se conseguia parar de chorar.

- Ela pagou alguém para sumir com uma das provas da minha inocência. - Ela enfim disse. - E não duvido nada que... tenha ofertado uma boa dose de dinheiro ao meu antigo advogado para perder o caso.

Priscila se calou por algum tempo até processar a informação.

- Você, tem certeza? - Priscila perguntou e Carolyna assentiu, completamente devastada. - Céus, Carolyna, eu sinto muito. Como você soube?

- A minha advogada descobriu. - Ela falou, sentindo seu corpo se acalmar ao sentir a carícia mansa de Priscila em seus cabelos.

- As pessoas às vezes são filhas da puta no mundo, só basta descobrir o motivo. - Priscila falou e Carolyna ergueu o rosto, a fitando com os olhos vermelhos e o rosto umedecido.

Priscila não resistiu em levar uma mão até seu rosto e enxugar delicadamente a região antes de depositar um beijo na testa de Carolyna.

- Não gosto de te ver mal, isso me destrói. - Falou, fechando os olhos e engolindo pesadamente.

- Por favor... Por favor, diz que vai me deixar te visitar quando eu sair daqui. - Carolyna sussurrou em uma súplica desesperada. - Por favor, amor, por favor...

- Lyna, isso não é lugar para você. - Priscila disse com profundo pesar. - Eles vão ter que te ver nua.

- Não se eu vier com um advogado. - Carolyna disse prontamente e Priscila a fitou solenemente.

- Você está mesmo disposta a me visitar? - Priscila indagou e Carolyna assentiu, enfiando a foto embaixo do travesseiro novamente.

- Vai passar rapidinho, mas preciso continuar te vendo, eu não saberia lidar com tanta saudade. - A menor confessou e Priscila arqueou uma sobrancelha.

- Está dizendo que me esperaria? - Perguntou incrédula.

- Óbvio. - Carolyna replicou e Priscila não resistiu em abrir um lindo sorriso.

- Você jura que me esperaria? Lyna, você não precisa.

- Não fala mais uma palavra sequer. - Carolyna  pediu. - Eu... gosto mesmo de você, Priscila. - Ela disse com suavidade. - Eu sei que eu não preciso, que eu poderia seguir a minha vida lá fora como se nada tivesse acontecido, mas aconteceu e eu jamais
mudaria isso em minha vida. - Afirmou.- Você agora é parte da minha vida e, bem, é uma parte que eu não quero nunca abrir mão.

- Não me dê esperanças se não for verdade. - Priscila pediu com a voz embargada, fitando o colchão para Carolyna não ver o lampejo de vontade de chorar em seus olhos. - Ninguém nunca esteve lá por mim além de Daniela e Malu e eu não suportaria se... - Ela engoliu em seco e mordeu o lábio inferior. - Por favor, não me ilude se não for verdade.

Priscila sentiu o leve roçar do dedo indicador de Carolyna em seu queixo e ergueu a vista para fitá-la.

- Eu esperarei cada bendito segundo para termos uma vida lá fora. - Carolyna disse e Priscila comprimiu os lábios.

- Jura? - Priscila perguntou e Carolyna assentiu.

- Sim. Só preciso que me deixe te visitar... Eu morreria de saudades. - Carolyna pediu novamente e Priscila assentiu.

- Eu deixo. - Priscila falou finalmente. - Mas só se vier com um advogado, não quero que se submeta a ser analisada por aquelas policiais.

- Eu prometo. - Carolyna disse, se inclinando e dando um beijo em Priscila, calmo, macio e suave.

A maior riu entre o beijo e negou com a cabeça.

- Começamos essa conversa comigo sendo seu conforto. Olhe agora... - Ela disse rindo e Carolyna depositou mais um beijo casto em seus lábios.

- Isso é porque somos um casal fofo onde ambas se cuidam e é exatamente por isso que não deixaria de te ver nunca. - Ela falou e Priscila sorriu enlaçando um braço ao redor da menor.

- Bem, temos um pouco mais de três meses então para ficarmos juntinhas ainda, não é? - Priscila indagou e Carolyna mordeu seu lábio inferior, a olhando com temor.

- Uh, é isso que eu queria comentar com você. - Começou suspirando e por sua reação Priscila já
soube.

- Quando sai? - Perguntou.

- Em aproximadamente um mês, no máximo.

Priscila assentiu e levou uma mão até seu rosto.

- Finalmente, isso não é lugar para você. - Priscila disse docemente, apesar de já ser capaz de sentir a saudade em seu peito.

- Nem para você, Pri. - Carolyna afirmou e Priscila riu baixinho.

- Talvez, mas você não sabe o peso que tira das minhas costas indo embora. - Carolyna a fitou confusa e Priscila abriu a boca assustada. - Não, eu não quis dizer que você é um peso para mim, por favor, não me interprete mal. - Pediu rindo nervosamente.

- E então? - Carolyna Indagou.

- Eu vivo com medo de descobrirem algo sobre mim. - Priscila confessou. - E morro de desespero de te atacarem caso descubram, eu não me perdoaria nunca se algo te acontecesse. - Falou com um olhar aflito e Carolyna se ajeitou na cama.

- Não me assuste, Priscila, do que se trata?

Priscila suspirou e diante do olhar de Carolyna ela não teve como esconder.

Seus olhos foram para fora da cela para ver se ninguém passava e abaixou o tom de voz consideravelmente ao dizer:

- Eu não sou quem eu digo ser, Carolyna.

E lá vamos nós...

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora