Capítulo 6.

2.1K 237 132
                                    

Maratona.
  1/5
🥀

Carolyna teve o resto do dia tranquilo na medida do possível, tomou seu banho sem ninguém incomodar, sequer viu Caliari naquele horário e as outras detentas tampouco incomodaram, porém, seu medo ainda se baseava em Valentina.

Ela sairia em poucos minutos da detenção e iria para a cela delas.

Carolyna se desencostou da cama e se levantou quando viu que seria revistada.

Tudo ocorreu bem e o horário chegou.

O mesmo sorriso prepotente da noite anterior brincava nos lábios da outra garota.

- Sentiu minha falta? - Ela perguntou, se aproximando.

- Por favor, me deixe em paz. Eu não te fiz nada. - Carolyna disse, um pouco mais temerosa do que gostaria.

Estava cansada de lutar, no entanto, sabia que ainda tinha muito mais pela frente.

- Sabe que ficar em um quarto escuro por vinte e quatro horas não me agradou muito? - A mulher disse, vendo Carolyna se levantar e ir para o canto da parede.

- Eu não quis...

- Chega de conversa. - A garota disse, puxando Carolyna pela cintura com força.

A menor tentou se soltar, mas a garota imobilizou suas mãos e pressionou sua pélvis contra a menor, não deixando-a ser capaz de chutá-la.

- Sua pele é muito macia. - A garota murmurou, distribuindo beijos por seu pescoço.

- Priscila não gostaria disso. - Carolyna disse, fechando os olhos fortemente e, como num passe de mágica, a garota se afastou, a olhando confusa.

- O que ela tem a ver com isso? - Valentina perguntou e Carolyna respirou fundo.

Teria que dizer aquelas palavras em voz alta, seria estranho, primeiro porque teria que fazer parecer ser verdade, segundo porque não sabia até onde a outra sustentaria aquela mentira.

- Bem, ela me escolheu para, huh, ser a mulher, você sabe, dela. - Carolyna disse bastante hesitante, experimentando o sabor estranho daquelas palavras em sua boca e Valentina estreitou os olhos.

- Desde quando?

- Esta tarde. - Disse firmemente e a outra passou a mão na nuca, parecendo um pouco desnorteada.

- Acha que tenho medo dela? - Valentina perguntou e Carolyna negou rapidamente.

- Eu só, bem, estou te avisando. - Carolyna disse, vendo Valentina a olhar ainda cética.

- Amanhã falarei com ela, mas se isso for uma mentira, espero que saiba que não serei carinhosa na noite de amanhã.

Carolyna assentiu e suspirou aliviada quando a outra subiu no beliche e se calou.

Deus que tivesse misericórdia dela, se descobrissem a mentira ela estaria em maus lençois.

[...]

O corpo magro corria desesperado para a cantina no dia seguinte, procurando pelos olhos castanhos.

Assim que encontrou, foi em direção à Priscila, se sentando na sua mesa sem pedir autorização.

- Você disse para eu dizer aquela merda, então por favor, não volte atrás em sua palavra, caso contrário eu estarei bem, bem, bem fodida. - Carolyna disse eufórica.

- Quem te mandou sentar? - Priscila perguntou rudemente.

- Eu só... Só precisava falar com você antes da, huh, Valentina. - Carolyna disse fitando suas mãos.

- Já falou. - Priscila disse friamente e Carolyna suspirou, assentindo e se levantando.

- Desculpe, eu não quis te atrapalhar. - Ela pediu cabisbaixa.

- Esteja na minha cela no mesmo horário de ontem e deixe os outros saberem disso. Vá sorrindo. - Caliari disse seriamente e Carolyna assentiu, indo para a fila.

- Hey, não teve problemas ontem à noite? - A voz de Yasmin soou preocupada assim que parou atrás dela na fila.

- Não. - Carolyna disse, vendo Valentina surgir na porta da cantina.

Carolyna viu o exato momento onde ela marchou em direção à mesa de Priscila e se debruçou sobre ela, apoiando as duas mãos na mesa.

Aparentemente aquela era a nova atração do lugar, porque Carolyna viu todos os pares de olhos voltados para as duas.

Priscila a olhou friamente antes de dizer algo que Carolyna não pôde ouvir devido à distância.

Valentina pareceu irritada e Priscila disse mais alguma coisa, fazendo Valentina dar um soco na mesa.

Priscila se levantou e deu a volta na mesa, ficando cara a cara com Campbell.

Ela disse algo com o músculo do maxilar enrijecido e Valentina bufou antes de abaixar os olhos, assentir e ir a passos duros até a fila, ou seja, bem atrás de Yasmin.

Carolyna viu Priscila se aproximar dela e então sorrir.

Caramba!

Era a primeira vez que via seu sorriso.

A menor não se atreveu a olhar para Yasmin, afinal Valentina estava bem atrás dela e não sabia o que ela tinha conversado com Priscila.

A surpresa de Carolyna aconteceu quando sentiu um braço delicadamente se enlaçar em sua cintura antes de colar seus corpos.

Era Priscila.

Carolyna prendeu a respiração ao se atrever a olhar para cima.

Os olhos castanhos fixados nos olhos de jabuticaba e um sorriso lindo brincando em seus lábios.

- Nos vemos mais tarde? - A voz rouca e sexy fez Carolyna engolir em seco e assentir, totalmente paralisada ante àquela visão.

Priscila se inclinou e deixou sua boca a centímetros de distância da de Carolyna, fazendo seus narizes se tocarem e seus olhos mergulharem um no outro.

A menor podia jurar que sentiu seu corpo tremer e seu coração disparar em seu peito.

- Então eu te espero na minha cela. - Priscila disse ligeiramente mais baixo, apertando um pouco mais Carolyna contra seu corpo antes de se inclinar um pouco mais e relar seus lábios suavemente sobre os de Carolyna, em um selinho demorado.

A maior se afastou e Carolyna sentiu seu corpo inteiro tremer; ela ainda era capaz de sentir a chama que se acendeu em seu interior graças ao calor dos lábios macios de Priscila.

- Menina, o que foi isso? - A pergunta de Yasmin trouxe Carolyna de volta.

- Eu não sei. - Carolyna disse levemente desnorteada, se virando e olhando para Yasmin com a expressão paralisada.

- Como não sabe? - Ela perguntou contusa.

- Meio que desde ontem nós... Estamos juntas. - Carolyna falou, olhando para a figura de Priscila, que se afastava enquanto olhares se abaixavam para não cruzar com o dela.

- Ela escolheu você? - Yasmin perguntou retoricamente. - Uau, parabéns. Você é a primeira garota que ela arruma aqui dentro. Ela sempre renegou todas e eu só não achava que ela fosse heterossexual por causa do meu gaydar.

- Salada? - A mulher na frente delas perguntou e Carolyna assentiu.

- Espere! Você é tipo minha patroa agora? Porque se é a mulher da Caliari e tudo o que ela pede todas fazem, farão isso para você também. - Yasmin deduziu. - Oh céus, eu devo te chamar de senhorita?

- Você deveria calar a boca e irmos comer. - Carolyna disse rindo, mas viu Yasmin assentir freneticamente antes de fazer o que ela pediu.

Apesar da conversa que engatou com Yasmin após isso, a única coisa que sua mente conseguia pensar era:

O que Priscila queria com ela mais tarde?

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora