Capítulo 54.

1.5K 174 23
                                    

Priscila não sabia exatamente o que havia dado nela, entretanto, ver Carolyna sofrer nunca seria algo que ela fosse ver sem tentar fazer algo para ajudar.

Era quase como se o estado de alerta que ela havia adotado nos últimos anos na cadeia se despertasse instantaneamente naquela situação.

Ela estava quase arrependida de estar ali parada atrás da cama de Danda.

A mulher não dormia, estava fitando a parede exatamente como quando Carolyna havia entrado no quarto e, Priscila só não desistiu porque precisava ao menos tentar.

- Uh... Com licença... - Usou seu tom mais doce, fazendo a mulher suspirar.

- Eu estou cheia de remédio. - A voz saiu mole, a língua ligeiramente dormente. - Não preciso de mais, por enquanto. - Falou sem emoção na voz.

Priscila mordeu o lábio inferior e se atreveu a dar a volta na cama, ficando de frente para a mulher, que ergueu demoradamente os cílios, levando os olhos de encontro aos verdes.

- Eu não, uh... Não trabalho aqui. - Explicou, ganhando a atenção da mulher ali sentada. - Eu vim conversar com você, mas você parece cansada. Por que não dorme um pouco? - Sugeriu, vendo a mulher negar levemente.

- Eu tentei, mas eu não consigo. - Ela disse baixo, vendo Priscila suspirar.

- Problemas com os sonhos? - Priscila indagou e a mulher negou com a cabeça, sentindo os olhos pesados.

- Eu juro que eu queria dormir. - Explicou. - Qualquer coisa é melhor que minha realidade. - Disse, passando a mão pelo rosto. - Eu não sinto a minha língua direito. - Disse rindo tristemente.

Priscila mordeu o lábio inferior e se aproximou
alguns passos.

- Posso, uh, te tocar? - Perguntou mansamente. - Sabe, para te ajudar a deitar. Sentada fica mais difícil do sono vir e acredito que você precise dormir, ao menos um pouquinho.

Os olhos castanhos da mulher analisaram Priscila, assentindo mansamente antes de sentir a garota lhe acomodar sob as cobertas e se sentar ao seu lado.

- Você veio para tirar a dor? - A mulher perguntou e Priscila franziu o cenho.

Ela sabia que dizer coisas sem sentido às vezes era efeito da forte dosagem.

Um riso amargurado saiu fraco por entre os lábios da mulher antes de suspirar.

- Me sinto tão mole que não consigo nem fazer o que eu queria.

- E o que você queria fazer? - Priscila perguntou, iniciando uma leve carícia no dorso da mão da mais velha.

- Chorar. - A mulher sussurrou, fitando Priscila com os olhos quase fechados.

- É inevitável não sentir dor, só não é justo que você se culpe, uh? - Priscila falou calmamente. - Que tal descansar? - Mudou de assunto, vendo a mulher assentir.

- Só um pouquinho. - Danda murmurou, fechando os olhos.

- Eu vou deixar você dormir tranquila, assim que acordar eu volto. - O aperto em sua mão a fez parar e voltar a fitar a mulher.

- Fique. - Foi tudo o que ela disse e, mesmo a mulher já estando de olhos fechados, Priscila respondeu baixinho.

- Eu não vou sair daqui então.

[...]

O barulho dos pássaros fez Priscila arregalar os olhos rapidamente, percebendo que ainda estava ao lado da cama da mãe de Carolyna.

Seu olhar foi de encontro ao da mulher e a viu encarando-a.

- Quem é você? - A voz saiu confusa, baixa e ainda arrastada.

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora