LEÔNIE VENTURI
(Uma hora antes)
Estávamos na porta do orfanato, Taehyung entretido em uma despedida calorosa com a senhora Min, quando meu celular passou a vibrar repetidas vezes ao receber uma ligação. Eu a rejeitaria sem pensar duas vezes, se não fosse o nome no identificador:
Matthew Mancini
Foi difícil ignorar a pontada de tristeza em meu peito ao lembrar da discussão que tivemos em nossa última ligação, mas esse não era o momento para pensar nisso. Depois, com certeza depois eu lidaria com isso.
Agora tínhamos outro assunto a resolver.
Designei uma missão para meu primo, e se ele está me ligando agora, definitivamente é porque tem respostas.
Pedi licença, deixando o Kim e a diretora sozinhos, me afastando o máximo para que não me ouvissem, depois de entregar um olhar repleto de significados para a mais velha. Sabia que a senhora Min faria um bom trabalho em dar alguns conselhos para ele, não era atoa que sempre foi boa em fazer as pessoas terem consciência de si mesmas.
Um dom que eu amava e odiava nela.
Andei pelo gramado até chegar debaixo de uma árvore, levando o telefone ao ouvido sem pressa, ao mesmo tempo que erguia a outra para sentir a espessura áspera e sólida do tronco, já demonstrando sinais que estava ali há muitos anos.
— Tell me, Matthew.
— Vou te dizer uma coisa, há muitas mensagens de ódio, se eu não tivesse visto diversas mensagens positivas também, diria que esse garoto nem tem fãs — iniciou, enquanto eu claramente conseguia ouvir o som de batidas nas teclas de um teclado no fundo — esses haters que estão mandando mensagens atualmente fazem parte de um grupo intitulado "Purple you Bangtan". O grupo tem 52 integrantes, está ativo desde 2016 e, devo dizer, que encontrei coisas bastante ofensivas dessa época, não só direcionado ao Sr. Good boy aí, como a vários outros dos seus amigos.
2016, um dos anos mais difíceis para o BTS. Quase nos perdemos no meio do caminho. Uma fase que as armys tiveram que usar todas as suas armas, e os meninos toda a sua coragem para permanecerem firmes diante aos ataques que pareciam vir de todas as direções.
Deixei que as informações fossem se instalando na minha mente, assim como um sentimento enraivecido, queimava como brasa furiosa, agitando minhas veias. Passei os dedos nas fendas laterais da árvore, vendo as formigas fazendo seu caminho para cima dos galhos até as folhas verdes.
— Então você conseguiu acesso às contas dos usuários? — arrisquei, em tom baixo.
— Sim, e descobri que cada usuário é de um estado ou país diferente, a maioria da Ásia e aqui mesmo da América. É tipo uma regra do grupo, não podem ser do mesmo estado. Como se estivessem criando um tipo de Conselho de representantes maluco. A maioria quem enviara as mensagens fora por uma conta secundária, estavam se escondendo como ratos em um beco sujo.
— Mas esqueceram que em lugares assim, sempre há um gato por perto.
Peguei uma folha seca caída no chão, quase sem cor e frágil, analisando-a cirurgicamente, vendo o ramo acinzentado, gravando as ondulações e a sensação que causava entre meus dedos.
Sempre tive esse mecanismo de distração quando estava com raiva, alguns se entregam à emoção e explodem, colocando tudo que querem e não gostaram de colocar para fora. Eu costumo observar coisas aleatórias para me disfocar da bomba-relógio que é este sentimento. Ao menos, tento.
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Broken Secret
Fanfiction"Segredos... até onde eles são prejudiciais para nossos passos? Eu só soube quando cheguei ao limite. Quando as consequencias, enfim, me encontraram." Há mais de quatro anos, Leônie Bianchi Venturi, uma garota de dupla nacionalidade, aos 24 anos - f...