Broken Secret

Capítulo 2: "Dança da Alma"

— Não acho que era necessário tudo isso, Namjoon — a voz de Yoongi ecoa por trás da porta — a garota não fez nada. Sabemos que Jungkook é expressivo demais para manter os limites entre trabalho e amizade, marcadas.

— Eu concordo, Leonie já é próxima aos garotos há anos e nunca abusou disso. Ao contrário, sempre são eles a se expressarem de forma mais íntima — Seokjin diz.

— Não posso correr o risco. — É a fala do líder. — Estamos crescendo, indo para o topo dessa indústria, e terá pessoas mal intencionadas o tempo todo entre nós. Não somos mais crianças, estou tentando nos proteger, tentem me entender.

Por um instante tudo fica silencioso lá dentro. Me levanto para sair dali e ir a um lugar onde possa respirar de verdade, porém, paro quando ouço a voz do primeiro amigo que pude confiar na minha vida. Nunca o vi falar de forma tão fria e sem o habitual carisma de sempre além dos desabafos de algumas noites em que o peguei na cobertura do dormitório, pensando sozinho.

— Tem razão, hyung, não somos crianças, nosso sucesso está se tornando cada vez maior. Eu te entendo — fala Hobi — mas peço que também entenda que não vou afastar uma das únicas pessoas que me ajudou quando essa mesma indústria me excluiu. Uma das únicas pessoas que posso afirmar ter um bom coração, pois, quando para todos eu não era mais que um membro apagado desse grupo, ela me viu desde o inicio do jeito que eu tanto queria que o Army me enxergasse. Jung Hoseok, J-hope, a esperança do BTS. Não me peça para abrir mão desse ombro amigo, pois talvez não existiria essa esperança se ela não estivesse ao meu lado.

Foi impossível não deixar lágrimas deslizarem pelo meu rosto e um soluço mudo dos meus lábios quando corri para fora dali. J-hope não fala de seus dias sombrios, nem mesmo com os membros que são quase sua família, e lá estava ele, se expondo para me defender, e eu não queria isso.

Estava ali para vê-los brilhar, ajudá-los a voar... não provocar uma briga.

(...)

Três dias já haviam se passado desde o ocorrido.

Três dias que pedi ao chefe da staff pela mudança de posto.

Agora eu participaria da equipe de Taehyung e daria suporte a de Namjoon, o que não deixou Jungkook feliz da última vez que ele tentou falar comigo.

O tratei com o respeito merecido e até mesmo tentei descontrair a situação com um sorriso amigável, ainda assim, o vinco entre suas sobrancelhas não se desfez. Jimin e Hobi entenderam o meu lado e respeitaram minha decisão.

Namjoon me surpreendeu ao me pedir desculpa se foi, de alguma forma, rude em suas palavras e até mesmo achou minha decisão de mudança prudente. Ótimo, sua aprovação é importante como sua funcionária.

— Taehyung-nim, precisamos ir, você tem uma entrevista às 13:00. — Havia quinze minutos que eu tentava tirá-lo da cama.

— São 06:32 da manhã, noona — sua voz gutural responde — me acordar essa hora é um crime gravíssimo nesse país.

Podem achar um exagero estar já começando com tantas horas de antecedência, mas se soubesse o quanto demora para arrumá-lo, teriam o acordado antes.

— Sr. Kim, só o seu cabelo irá levar metade deste tempo, precisamos ir — respondo, vendo que uma mensagem da líder staff de que estamos nos atrasando.

Há, ao menos, uma dúzia de pessoas na sala do dormitório só para atendê-lo. Isso sem contar aos outros garotos.

— Não me chame assim, eu sou o TaeTae, lembra? Não é só aquele trio que são seus amigos — fala, estreitando os olhos e levantando de entre os lençóis brancos — Por falar nisso, eu não entendi porque te colocaram comigo. Se compreendi bem, a intenção era te afastar daqueles que você tem mais proximidade, não? Eu deveria me sentir ofendido, Lêonie?