Capítulo 21:"Respire, continue respirando."

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De todos os lugares, a sala de treinamento, como eu havia imaginado.

A luz natural passava pelo vidro das janelas iluminando a sala e equipamentos de musculatura ao redor, assim como o homem alto, musculoso e repleto de tatuagens de costas, que socava um saco de areia como se fosse o seu pior inimigo.

1... 2... 3 socos, e ele desviava. 4... 5, um chute na lateral do objeto inanimado.

O saco de areia era arremessado com toda força para trás e voltava ainda mais furioso de encontro ao punho do maknae.

— O pobre saco não te causou nenhum mal — falei, encostada na porta.

Não era como se ele não tivesse sentido minha presença ali antes.

Jungkook permaneceu em silêncio.

1...2... 3 socos, desvio. 4... 5, chute.

— Mas você vai causar um belo estrago nas mãos de milhares de wons, se continuar treinando sem luvas.

Nem uma palavra. Ok.

A passos lentos, me aproximei.

— Quer dizer que o Jimin está fazendo dietas...

O soco foi mais forte, até mesmo balançando o suporte de ferro, fazendo as correntes tilintar com o atrito uma na outra.

Eu começava a sentir pena do saco de boxe.

— Não quero falar sobre isso — murmurou, voltando a socar o objeto.

— Que pena que você me conhece então — Me aproximo ainda mais e puxou a alavanca do suporte, fazendo o saco cair no chão com um estrondo e Jungkook suspira, ainda de costas e mãos presas em punhos — porque vamos falar desse assunto.

Qualquer um acharia que neste momento, Jungkook teria um acesso de raiva e gritaria comigo por estar sendo intrusiva, e até me expulsaria da sala. Ele tem esse direito, e se ele me mandasse partir, eu não o contrariaria.

Mas eu conheço esse coelho gigante.

Quando seu corpo, muito maior do que o meu, se virou, lá estava o estrago: as lágrimas que antes não havia derramado na frente de Jimin, inundaram seu rosto.

O rubor de quem estava explodindo por dentro tomou a coloração de seu rosto e os ombros tremeram quando o primeiro soluço ecoou de sua garganta.

Às vezes, o mundo está tão preocupado em continuar visualizando apenas o astro famoso que esboça uma perfeição invejável, sempre é bem sucedido em qualquer coisa que faça e alcança patamares altos, que esqueciam de um pequeno — grande — detalhe: Jeon Jungkook é humano.

Naquele instante, ele não era o maknae mundialmente conhecido do grupo BTS. Era apenas um homem.

Um humano que se culpa quando não consegue se dar cem por cento, que se preocupa com seus hyungs mais do que consigo mesmo, e que prioriza os outros acima de sua própria vontade. Um homem com o coração puro e sensível que não se importa em chorar na frente dos outros se sentisse vontade, que não tinha vergonha em demonstrar afeto em público e se agarrar às pessoas que amava como um bebe coala.

Porque há algo que nem toda maquiagem, sucesso e roupas de luxo conseguiam modificar, sua essência sempre teria esse ar gracioso e genuíno. E esse era o motivo do meu comportamento consigo ser diferente do que com os outros. Eu não o tratava como uma criança, ele já havia deixado de ser uma há muito tempo e se tornou um adulto excepcional mesmo com todas as dificuldades de sua adolescência sendo um idol. Mas o Jeon Jungkook sensível ainda morava dentro de si, e eu o protegeria contra o mundo que se negava a manter essa essência intacta.

Broken SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora