Tigre Sanguinário.

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Foi estranho para Deckard, ter um pesadelo depois de tanto tempo, afinal ele estava sempre cansado demais para se importar com sonhos.

Mas esse lhe pareceu inevitável. Ele estava em meio à toda aquela tempestade outra vez, mas ao invés de ouvir apenas os sons do ambiente e da tempestade, ele ouvia algo mais.

— D… Dout…. — Deckard foi surpreendido, ao ser chamado por um título que já não lhe servia de nada.

Começou a olhar em volta e percebeu que não estava no lago, mas estava na caverna. Aquela mesma que deu início a tudo. Mas ela não estava mais como antes.

A caverna era um amontoado de escombros e Mariah o chamava do túnel, ele podia reconhecer a voz e o desespero nela, maior do que o de costume.

— Calma Sr. Mariah, por favor mantenha a calma — César pedia, enquanto sua voz carregava preocupação.

— CHEGUEI, SENHOR CÉSAR — Deckard pôde ouvir Carl gritando.

Parecia surreal que o túnel estivesse intacto, considerando o estado da caverna. Mas, estava e também havia um pequeno espaço sem escombros.
Carl andou até lá com cuidado, experiente que era, até que parou e virou a luz da lanterna em direção à Deckard. Seus olhos se arregalaram e ele derrubou a lanterna, enquanto o encarava, preso em meio ao metal e a tempestade violenta.

— Eu já vou, Doutor — Apesar de estar bem perto agora, Deckard quase não o ouvia.

— Não venha Carl — Ele tentou falar e mandar Carl se afastar, mas ele continuou em frente até chegar perto de Deckard.

Assim que Carl se aproximou dele, a tempestade cresceu, os relâmpagos aumentaram e um novo relâmpago caiu dos céus e os dois foram eletrocutados.
Enquanto o sonho escurecia, Deckard pôde ouvir os gritos de Carl, enquanto ele era eletrocutado até a morte.

Deckard acordou de sobressalto, assustado outra vez. Fazia um tempo que não acordava dessa maneira.

— E eu achando que essa fase já havia passado — reclamou, enquanto se pegava pensando em seus antigos companheiros de trabalho e o que havia acontecido com todos, como estariam.

— Bem, por mais que eu me preocupe, não posso fazer muito estando aqui — constatou, se sentindo triste por isso.

Ele olhou para a janela e percebeu que já devia ser cerca de 5h da manhã, pois ainda nem haviam indícios dos primeiros raios de sol.

— Nem mesmo o horário mudou — reparou, ainda incomodado com o pesadelo.

Levantou e arrumou as coisas da cama. Não podia responder à gentileza de Diane deixando uma bagunça para trás.
Apesar da curiosidade, ele conseguiu conter a vontade de olhar em volta no quarto e tentar descobrir algo sobre ela. Seguiu em direção à sala e se deparou com ela colocando uma panela no fogo.

— Dormiu bem? — Diane perguntou antes mesmo dele se aproximar e sem mesmo o olhar.

— Não sei como você consegue fazer isso. Mas, sim. Apenas tive um pesadelo idiota.

Ele realmente não ssabia quão bons eram os sentidos dela ou o quanto ela havia lutado em sua vida, pois ela era capaz de ouvir até o menor dos sussurros no vento.

— Não é minha culpa o fato de você ser silencioso como um terremoto.

Ela lhe deu um sorriso por cima do ombro, enquanto mexia na panela sem parar.

— Sente-se, hoje teremos um caldo no café, afinal está um pouco mais frio.

Deckard não demorou a se sentar e logo começaram a conversar sobre a nova rotina de treinamento.

Deckard - Histórias de outro mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora