Surpresas.

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Depois de mais algum tempo procurando materiais pelo pequeno quarto, Diane voltou sua atenção para Deckard, com o que parecia uma moeda de ouro em suas mãos.

— O que é isso em sua mão? — ele perguntou, curioso. — O que exatamente estamos fazendo aqui?

— Sente-se próximo à luz — ela lhe indicou um banco, enquanto se aproximava dele. — E tire sua camiseta. Vou te mostrar a maneira que eu descobri seu segredo.

Curioso à respeito do que ela lhe disse, ele não demorou a se sentar e tirar a camiseta. Apesar de se sentir envergonhado com a situação, a curiosidade dele era ainda maior.

— Depois que Argenti te atacou e eu te encontrei, percebi que você havia se ferido e cuidei de seus machucados - ela lhe disse, enquanto começava a desenrolar a atadura que estava em seu peito. — E, enquanto cuidava de você, descobri seu segredo.

Sem entender do que ela estava lhe falando, ele decidiu olhar para baixo. Mas, apesar de procurar, não encontrou nada que estivesse fora do normal.

— Do que exatamente você está falando? — Deckard já estava ficando cada vez mais confuso.

— Se acalme, logo você verá. Antes disso, preciso retirar um feitiço que coloquei em você — Diane se aproximou dele com a moeda em mãos, que tinha um tamanho considerável, superando o tamanho das moedas com as quais ele estava acostumado.

Ela colocou a moeda nas mãos dele e puxou um frasco com algum líquido escuro, com uma fragrância floral.

Sem muita demora, ela se inclinou e começou a desenhar no peitoral de Deckard algo semelhante aos rabiscos presente nas folhas e, mais uma vez, ele se viu encarando inscrições em latim.

Curioso com o procedimento e com o fato de reconhecer a escrita, ele tratou logo de perguntar:

— O que exatamente está escrevendo aí? — enquanto falava, Deckard apontava para as inscrições. — E como é possível que a linguagem desse mundo seja tão semelhante à uma língua morta?

— O que é uma língua morta? — ele pôde ver a confusão no olhar de Diane, que parou de escrever por um momento. — E quanto a isso, estou tirando um feitiço de ocultação que coloquei em você. Espere mais um momento.

— Feitiço de ocultação? Para ocultar o que exatamente?

Apesar de ouvir a pergunta dele, ela o ignorou completamente e continuou seu trabalho com a tinta.

— Uma língua morta é o que o nome sugere. Uma língua que foi esquecida com o tempo e não tem mais falantes o suficiente para mantê-la em uso. Em meu mundo, esse idioma se chama latim e já caiu em desuso há séculos — ele explicou, vendo que ela não responderia a pergunta que ele havia feito.

— Interessante, nunca havia escutado sobre isso. Aqui, nós usamos esse idioma por todo o Continente Principale, diferente dos outros três continentes. Chamamos esse idioma de Uno.

— Que interessante. Aqui neste mundo há apenas quatro continentes. No meu mundo, temos sete continentes.

— Me parece ser um mundo bem vasto. Terminei a inscrição para a magia — Diane colocou o frasco com tinta de lado e colocou a moeda de ouro na altura do estômago dele. — Bem, vamos lá.

Ela sentou em outro banco ao seu lado e colocou a mão sobre a moeda.

— Como se trata de uma magia que exige bastante das minhas capacidades, vou usar um cântico para facilitar — assim que lhe explicou, ela fechou os olhos e se concentrou.

Me verum adducere Abscondita est ad lucem deducere Ostende quid secreto Frange occultationem sciam verum — enquanto ela recitava o cântico, até mesmo ele podia sentir o poder que aquelas palavras carregavam.

Deckard - Histórias de outro mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora