Deckard - Histórias de outro mundo

Titus.

Depois do susto que deram no pobre homem, o ajudaram a se levantar e a se recompor.

Se apresentaram para ele e ele lhes disse que seu nome era Titus.

Quando disseram que estavam à caminho da vila, ele se ofereceu para os acompanhar. Ele disse que era de lá.

Fazia cerca de um ano que ele havia ido morar ali, vindo de um vilarejo formado apenas por agricultores, que forneciam alimentos para Léthê. Depois que se tornou pai, ele achou melhor mudar para Léthê e tentar a vida como caçador, pois as condições em sua antiga vila não era das melhores.

— Apesar disso, não é como se eu pudesse fazer muito. Não tenho treinamento de caça, não tenho conhecimentos profundos sobre a floresta e não tenho treinamento o suficiente para me lançar na dungeon.

Titus parecia bem incomodado por essa situação em que vivia, mas não tinha força e nem dinheiro para mudar de vida. Isso fez Deckard pensar no que Diane lhe dizia, sobre ser capaz de mudar seu destino com suas próprias mãos e fez ele perceber que ela havia lhe dado a oportunidade de sua vida.

Ela não havia apenas lhe dado um lar, como também lhe deu conhecimento e poder. Diane fez mais por ele em meses do que outras pessoas em uma vida toda.

— Não há uma academia ou algo do tipo em Léthê?

— A guilda de caçadores provia treinamento para os homens da vila que almejavam se tornarem caçadores. Mas, há algum tempo o mestre de armas pediu demissão e se mudou para a capital, para se juntar ao exército.

— No fim, todos querem ter uma vida melhor. Seja como for — foi o primeiro comentário de Diane, desde que Titus havia se juntado à eles.

— Me espanta ver uma mulher e um garoto andando sem a companhia de um guerreiro nessa floresta.

Quando ele disse isso, parecia que havia dado um soco em Diane. Se olhar matasse, o de Diane teria incinerado Titus naquele exato segundo.

— Nós sabemos nos cuidar, não se preocupe — Deckard respondeu, antes que Diane falasse algo. — E a propósito, não estamos sozinhos. Aqueles dois animais são nossos companheiros.

Por um momento, o medo pareceu cruzar o semblante de Titus.

— Eu sinto muito, não sabia que eles tinham donos. Fazia algum tempo que estava andando na floresta sem encontrar nada. E logo os primeiros animais que encontrei já haviam sido domesticados.

— Não se preocupe quanto à isso. Mesmo que quisesse muito, não seria capaz de caçá-los. Principalmente um caçador que não consegue perceber um lobo e um tigre a poucos metros de onde está.

Como se esperassem a deixa, Fang e Argenti saíram do meio dos arbustos, um de cada lado de Titus.

A dura verdade pareceu atingí-lo em cheio, quando os animais surgiram de repente. Se não fosse por Deckard e Diane segurando os animais, ele nem sequer estaria respirando agora.

— E acredite quando eu te digo, eles estão longe de serem o maior perigo para os desavisados — disse em tom de alerta.

Nesse momento, Diane soltou um pouco de sua mana. O suficiente para pressionar o pobre homem e fazer ele perceber que ela era o verdadeiro perigo para os desavisados.

Depois disso, seguiram em frente por algum tempo. Andaram até avistarem uma formação rochosa se destacando no meio da floresta. Decidiram acampar ali mesmo.

Com aquela enorme rocha às costas deles, não corriam riscos de serem cercados. Afinal, não haviam apenas animais e caçadores por aqui. Quanto mais se aproximavam de Léthê, mais Titus os alertava sobre o risco de encontrarem saqueadores.