Câmara ritualística

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Conforme entraram no túnel, foram percebendo que ele tinha um leve declive e ia, aos poucos, se alargando. Já estavam se preparando para chegar em algum tipo de bolsão de ar; igual alguns que encontraram antes, em outras escavações, e seguiram em frente. Carl, que estava concentrado no caminho, parou bruscamente, fazendo com que Deckard quase colidisse com ele.

— Acho que encontraremos uma espécie de caverna um pouco mais aberta à frente — alertou Carl.

— O que te dá essa ideia? — quis saber Deckard.

— Aqui mais à frente, o chão está se tornando um pouco mais frio e estou sentindo uma leve brisa; sem contar que estou começando a ouvir um barulho que se assemelha à água pingando em algum espaço mais amplo — Carl respondeu, achando estranho esse fato.

— Bem, vamos em frente, pra descobrir — disse Deckard, que estava ficando ansioso para chegar ao fim do túnel.

Conforme avançavam, perceberam que o declive ia se intensificando um pouco mais e começaram a ficar preocupados. Não queriam correr o risco de cair de uma altura considerável em um ambiente desconhecido.

Carl, que seguia alguns centímetros mais à frente, chamou a atenção de Deckard, afastando ele de seus devaneios.

— Parece que mais à frente, poderemos parar de engatinhar nesse buraco, doutor — Carl disse, assim que percebeu que o túnel estava, aos poucos, se tornando mais amplo. — Parece que chegamos na tal caverna.

Quando chegaram ao fim do túnel, eles puderam se  levantar e limpar as roupas, enquanto preparavam os materiais para explorar. Revisaram tudo mais uma vez, para evitar o máximo de variáveis possíveis nessa exploração; afinal qualquer descuido em um ambiente desconhecido poderia custar as suas vidas.

Entraram no local que, diferente do que pensavam, não era um espaço aberto. Se assemelhava muito à uma pequena câmara ritualística. Parecia não superar os 20m² e não havia nenhum sinal de falha estrutural aparente.

— Vamos nos atentar primeiro ao chão, para ver a estabilidade e se não há nenhum inseto ou outro animal peçonhento — Foi a primeira observação de Carl, que já estava mais do que familiarizado com os possíveis riscos de um local mal iluminado, principalmente dentro de uma caverna.

— Realmente, teremos bastante tempo para explorar assim que decidirmos que é seguro — Deckard respondeu, concordando.

— A única coisa que me deixou confuso foi essa corrente de ar, que sugeria um ambiente aberto, em uma câmara fechada — Carl murmurou, enquanto examinava o chão, com as lanternas; em busca de algo que validasse essa ideia, sem sucesso.

— Talvez tenha alguma formação rochosa criando uma ilusão de lugar fechado, igual aconteceu com a entrada do túnel — Deckard relembrou.

— Bem lembrado doutor, bem lembrado.

Procuraram durante cerca de meia hora e não encontraram nada que pudesse representar algum perigo claro para eles. Com a falta de perigo, prosseguiram com a exploração.

A caverna era preenchida em parte por um altar, composto por três degraus esculpidos na formação rochosa, negra como a noite. E, no meio do degrau superior, estava um uma formação rochosa que se assemelhava muito à uma chama, como se o fogo tivesse sido petrificado sobre o altar. Em frente ao altar, haviam 6 pilares que subiam até o teto da caverna que não parecia estar acima dos 2,5m; divididos em duas fileiras bem alinhadas, com um espaçamento de cerca de um metro entre elas, criando o que parecia ser uma espécie de corredor.

Deckard decidiu dar uma olhada no altar mais de perto, pois havia despertado completamente sua atenção.

De repente, ouviu Carl, do outro lado da câmara dizer.

— Doutor, acho que seria bom buscar umas lâmpadas e materiais para mapearmos essa câmara — Carl sugeriu, depois de  perceberem o quanto seria difícil a exploração do local sem aquelas ferramentas.

— Traga também uma câmera e um laptop Carl, para podermos fazer isso mais fácil — pediu Deckard.

— O Sr. César não te contou, Doutor? — Carl perguntou para Deckard, com certo ar surpreso estampado no rosto.

— Contou? — Deckard questionou, deixando transparecer a dúvida em seu rosto.

— Nossos laptops e câmeras não funcionam aqui, doutor. Por isso, estamos usando o mapa — Carl respondeu prontamente e seguiu explicando: — Tentamos fotografar o túnel antes mas, sem sucesso. Vamos ter que fazer à moda antiga, tipo Indiana Jones — disse ele, deixando transparecer a diversão que acompanhava a ideia.

— Acredito que César deixou escapar esse detalhe — comentou Deckard, surpreso com a informação.

— Vou subir e buscar algumas coisas e já volto. O senhor vem comigo doutor? — Carl quis saber.

— Vou ficar e ver o que posso descobrir — Deckard já estava absorto na exploração e não iria esperar mais um minuto sequer para ver aquele local, nos mínimos detalhes.

— Tudo bem então. Volto em alguns minutos — Carl disse, já seguindo em direção ao túnel.

— Tudo bem! Verei o que essa câmara tem pra nós — Deckard respondeu, para si próprio, em voz alta.

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