Equipe de escavação

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Os dois se colocaram à caminho da caverna, que ficava a cinco minutos da base. Durante o caminho, Mariah revisou a planta da caverna, murmurando sozinha e fazendo anotações no celular, enquanto Deckard se manteve absorto em lembranças.

Ele se lembrava da faculdade, da formatura, a dificuldade em conseguir emprego em sua área e no convite da Discover, que mudou sua vida.

No primeiro momento, foi cético quanto à proposta, pois não era exatamente a maior empresa do setor; porém se consolidou ao longo dos anos e, graças a isso, Deckard colheu bons frutos dessa parceria. Foi o emprego dos seus sonhos e o que mudou sua vida, quando decidiu assinar o contrato, dez anos antes.

Ele mal poderia imaginar que mudaria novamente, no que ele pensava que seria a última escavação que participaria, antes de se aposentar da arqueologia e dar outro importante passo profissional.

- Chegamos - Deckard anunciou, assustando Mariah.

- Sim - Mariah finalmente tirou o rosto do computador e parou com os resmungos. Enquanto olhava pela janela, continuou: - E, para minha infelicidade, a chuva só piorou.

- Tenho um guarda-chuva grande no banco de trás. Pegue-o para mim, por favor.

- Aqui senhor - Mariah entregou o guarda-chuva.

- Tem uma capa de chuva atrás do meu banco, pode usar ela.

- Ah, obrigado senhor, vai me salvar.

Os dois desceram do carro em meio à chuva e foram em direção à guarita improvisada, que demarcava o perímetro e servia para manter possíveis curiosos fora.

- Bom dia, senhor Deckard - o guarda o cumprimentou com um aperto de mãos, assim que o viu.

- Bom dia, senhor Ramos, como está o trabalho hoje? - Deckard perguntou, estendendo a mão para responder ao aperto dele.

- O mesmo de sempre, doutor. O mesmo de sempre - disse, com seu costumeiro sorriso no rosto.

- Bom dia, senhora Mariah, vejo que conseguiu se esconder bem da chuva hoje.

- Bom dia, senhor Ramos. Foi graças ao senhor Deckard - Mariah respondeu, com um ar infeliz estampado em seu rosto.

- Bem, se nos der licença, senhor Ramos. Precisamos ir - Deckard disse ao guarda, seguindo em frente. - Quando eu terminar o trabalho, volto para tomar um café com você.

- Olha que eu vou cobrar, hein doutor - respondeu ele, liberando a passagem.

- Em todos esses anos, a coisa que mais me espanta em todas as escavações, definitivamente, é o bom humor dele - Mariah disse, com sua costumeira face emburrada, comum em dias de chuva. - Eu nunca vi esse homem sem um sorriso no rosto.

- Realmente, é de se admirar. Em todos esses anos, ele tem sido um bom amigo para todos os funcionários.

- Não me espanta que ele esteja à mais tempo que nós na empresa.

Finalmente chegaram à entrada da caverna, deixando o Sr. Ramos com seu inabalável bom humor e entrando na penumbra do local.

Depois de mais algumas centenas de metros, encontraram o responsável pelos auxiliares, examinando um mapa todo rabiscado.

- Senhor Deckard, não imaginei que o senhor estaria aqui tão cedo assim - disse o Sr. César, indo ao encontro dos dois.

- Bom dia, senhor César.

- Bom dia, senhor César - Mariah o cumprimentou também.

- Bom dia - respondeu ele, com um sorriso no rosto. - Isso sim que eu chamo de amor ao trabalho.

Deckard - Histórias de outro mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora