Magia.

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Deckard se virou de sobressalto para ela, se encontrando com um sorriso que insinuava que ela já sabia de antemão o que ele estava disposto a tratar como um segredo.

— Outro mundo? Que ideia absurda, haha — disse, forçando um sorriso sem graça. — Como poderia ser esse o caso?

— Talvez você até pudesse manter isso escondido de outras pessoas, Deckard — Ela lhe disse com um tom sério. — Mas, você não é o primeiro que eu encontro de outro mundo, sabia?

— Sério? — ele ficou surpreso, já pensando onde ele poderia encontrar outra pessoa como ele ou quem sabe, descobrir um meio de voltar.

— Ah, sim. Eu tive um mestre há algum tempo atrás que era como você — ela o olhou com um ar que demonstrava certa superioridade, como se houvesse algo que ela soubesse e ele nem imaginasse. — Mas, sabe como eu descobri sobre você?

— Como? Alguma magia? — ele perguntou, muito interessado.

— Me siga, que eu te conto — disse ela, já saindo do cômodo.

Ele se levantou sem perder tempo e seguiu ela, apressado.

— Ao que parece, você já teve algum contato com magia, depois que chegou aqui — Diane o olhou de canto de olho, indagando como seus olhos penetrantes.

— Na verdade, não — ele respondeu, acelerando o passo, para alcançar ela.

Apesar da casa dela não ser tão grande, ela andava com certas velocidade.

— Sério? — ela perguntou, o olhando, demonstrando toda sua surpresa. — Veio de um mundo que também tem magia?

— Quem me dera. Minha vida teria sido bem mais fácil. De onde vim não existia nada tão incrível assim.

— Você tem uma aceitação muito boa, para alguém da sua idade que foi jogado em outro mundo. Parece se adaptar bem às situações — ele respondeu, demonstrando que estava cada vez mais surpresa com ele.

— Minha falecida mãe costumava dizer que "se chorar resolvesse problemas, as coisas seriam bem mais fáceis" — Deckard disse, se recordando de uma frase que marcou sua infância. — E minha vida sempre mostrou isso. Chorar nunca me levou a alcançar nada. Tudo que conquistei foi em meio a muitas dificuldades e muita persistência.

— Meus sentimentos por sua mãe — ela colocou a mão sobre seu ombro, demonstrando solidariedade. — Mas, me parece que sua mãe era bem sábia.

Por um momento, Deckard começou a pensar em seus falecidos pais, pensando como seriam as coisas caso eles ainda estivessem vivos quando ele foi jogado nesse outro mundo.

— Por qui — Diane lhe mostrou uma porta, no fim do corredor, e abriu ela, indicando para que ele entrasse. O que ele fez prontamente.

Assim que entrou, ele viu um cômodo não muito maior do que o anterior, onde estavam.

No lado direito, havia uma estante com alguns livros de aparência surrada, como se tivessem sido relidos milhares de vezes, enquanto do lado esquerdo havia uma mesa, com algumas folhas em branco, alguns lápis e um papel colado na parede, completamente preenchido com símbolos estranhos, sobrescritos.

— O que estamos procurando aqui? — ele perguntou, enquanto abria espaço para ela entrar no pequeno quarto abarrotado de livros e anotações.

Diane pegou um livro na parte de cima da estante e colocou sobre a mesa, aberto em uma página com desenhos que lembravam tatuagens tribais.

Est Ignis — enquanto falava, Diane apontava a mão em direção às velas apagadas, que estavam sobre a mesa.

Assim que disse as palavras, a vela se acendeu e iluminou a penumbra do local. Chamando completamente a atenção de Deckard.

— Magia? Fácil assim? — Deckard deixou escapar, surpreso.

— Fácil assim — Diane o olhou, assim que ele falou. — Por que você não tenta?

Ele olhou para ela, desconfiado. Ela o olhava, lhe encorajando a tentar. Pela maneira que ela disse e por conta de seu olhar, ele realmente achou que seria algo fácil.

— Por que não? — disse, dando de ombros.

Ele respirou fundo, olhou para uma vela apagada no canto oposto do quarto.

Est Ignis.

Diane o olhou surpresa, ao ver Deckard pronunciando as palavras do feitiço corretamente. Depois, olhou para a vela, para constatar que a mesma continuava apagada.

— Não ache que magia é brincadeira Deckard, mesmo as menores coisas levam tempos para serem apreendidas — Diane lhe disse, com um ar sério. Sem deixar espaço para brincadeiras.

Deckard pode realmente sentir o peso daquelas palavras ditas por ela. Foi o suficiente para fazer ele relembrar que não estava mais em seu próprio mundo, onde ele já estava acostumado às leis da física e ao conhecimento comum a todos.

Ele quase havia se esquecido que nada nos últimos dias se prendia ao que ele teve como senso comum durante toda a sua vida.

Ele ficou parado, absorvendo aquela lição, enquanto pensava o que mais poderia aprender e o quão diferente esse novo mundo poderia ser.

Um mundo novo, com novos conhecimentos, novas descobertas e um novo entendimento do que era senso comum estava aguardando para ser desbravado por ele.

Ele não sabia ainda, mas aquela seria a primeira lição que aprenderia com ela. A primeira de muitas.

Deckard - Histórias de outro mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora