28. Despedida

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Já estou há dezesseis dias em Miami, e minha passagem de volta está marcada pra daqui a dois dias. Os amigos do Antônio montaram uma comemoração de despedida, e estou terminando de me arrumar quando ele entra no quarto com uma Beatriz feliz em seu colo.

- Papai... papai - a pequena fala com as mãos em seu rosto, e meu coração gela. Observo sua reação pelo espelho e vejo que ele abre um enorme sorriso.

Me viro para eles. Sei que explicar para Beatriz é em vão e ela não vai entender nada do que eu falar.

- Filha...

Antes que eu termine de falar ele me interrompe.

- Eu gosto de que ela me chame assim..., mas eu sei que você não gosta, então tudo bem...

- Não é isso Antônio. Agora está tudo bem, mas e se você sair das nossas vidas, como ela vai ficar?, como vamos ficar?

- Você parece que está apenas esperando que tudo dê errado - ele fala chateado, e eu percebo que é verdade. Desde o primeiro momento, é como se eu estivesse aguardando a hora que qualquer coisa ruim vá nos separar.

- Me desculpa - vou até eles e os abraço - eu não me importo que ela te chame assim, e fico muito feliz dela ter você.

- Eu a amo tanto, sinto como se ela fosse minha sabe?. Não consigo explicar a conexão que temos, e a vontade de protegê-la.

- Ela te ama muito também. E tenho certeza que se ela pudesse, te falaria isso todos os dias, assim como eu.

Quando chegamos na casa do Marcus, sou recebida com muito carinho por todos. Logo de cara me dou muito bem com Anna e engatamos uma conversa super legal.

- Não sei como você aguenta esse cara Amanda - Júnior fala enquanto vem caminhando com os outros rapazes, e se senta na espreguiçadeira da esposa.

Antônio se senta ao meu lado e me puxa em um abraço.

- Masoquismo puro - respondo e todos riem, inclusive Antônio.

- E você, quando vem morar em Miami de vez? - Marcus pergunta.

- Ainda é muito cedo. E não tive nenhum convite - brinco.

Antônio ao meu lado trava como um estátua e de soslaio, vejo seus olhos de gaviões presos em mim como se tivessem muito a dizer.

- Como se precisasse de convite. O cara fala de você vinte e quatro horas por dia. Se estamos falando de comida, "ah a Amandinha", se estamos no treino "a Amanda". Nós ouvimos mais seu nome do que qualquer outra palavra da boca dele.

Sorrio, porque sei que é verdade. Lhe dou um beijo.

- Quando você voltar, vou te levar pra conhecer todas as minhas amiga, você vai amar, todas tem a mesma energia. Nós temos um grupo, e saímos pelo menos duas vezes no mês para beber, dançar e curtir um pouco.

Júnior torce a cara, acho graça. E Antônio ao meu lado, falta bufar.

- Ainda bem que dá próxima vez sou eu quem vou - meu namorado sussurra e eu lhe dou uma olhada de repreensão.

- Eu vou ficar muito feliz Anna. Meu jeito de dançar não é lá dos melhores, mas quem liga?

- Porque você não viu as minhas amigas ainda Amanda, sério, você vai desejar tê-las conhecido antes. Vamos pra piscina?

- Vamos, eu vou apenas dar uma olhada na Beatriz - me levanto e na mesma hora Antônio me agarra pela cintura.

- Me fala que você colocou um maiô por baixo dessa roupa, por favor amor.

- Não posso falar, por que seria mentira.

Ele rola os olhos. E os amigos dele começam a gargalhar.

- Eu quero ver quando a mulher de vocês dois entrarem na piscina, se vai ter tanta graça - ele fala, apontando para os outros caras que estão sentados do outro lado. Quando Júnior vê a esposa entrando com um biquini minúsculo na piscina, se levanta e saí correndo, tropeçando e batendo o joelho no meio do caminho.

- Vocês não pensam. Quem vai olhar pra mulher de vocês, vocês são lutadores. Olha o tamanho desses braços - falo divertida e entro, preciso verificar Beatriz.

Minha filha está acordada, então coloco uma fralda para piscina sobre a sua descartável e saio com ela em meus braços.

Me sento ao lado de Antônio para que ele a segure enquanto retiro minha saia e camiseta. Seu olhar me diz o quanto desaprova meu biquini, mas ele que lide com seus ciúmes. Pego Beatriz e entro na água, que está em uma temperatura ótima.

- Você já tem data para voltar? - Anna quer saber.

- Acho que em quarenta dias. O Antônio está indo em duas semanas, deve ficar por uns dez dias, e logo em seguida é a minha vez de voltar.

- E você está bem com tudo isso?

- Não é fácil, na verdade nenhum pouco. Principalmente quando você começa a namorar e dorme com a pessoa todos os dias. Mas vamos fazer dar certo.

- Quando eu conheci o Júnior, eu o via apenas seis vezes no ano, e foi assim por um bom tempo. Eu apenas vim morar aqui quando nos casamos.

- Eu não sei como vai ser. A minha única certeza é que estamos em uma fase muito gostosa, onde tudo é novidade, e a vontade de estarmos juntas é maior do que qualquer distância.

- Sim. Mas agora que ele te pediu em noivado, é uma questão de tempo até vocês se casarem e você vir morar aqui.

Demoro a processar suas palavras, pensando se eu realmente entendi direito.

- Noivado?, não, ele me pediu em namoro...

- Ele ainda não pediu?, porra, eu e minha língua grande.

O que estão achando?, comentem muito. Todos temos uma amiga linguaruda como a Anna não é? Hahaha. estou de volta. Beijos 💋

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