9. O fim

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Antônio - Janeiro de 2024

Saio da reunião e corro para o meu apartamento. Demoro apenas o tempo de um banho, antes de sair correndo do prédio e parar em uma floricultura no meio do caminho.

Escolho um enorme buquê de rosas coloridas e ando em passos apressados até o apartamento dela.

Cumprimento o porteiro e entro no elevador com um sorriso de cinquenta dentes. Tiro a caixinha do bolso, e confiro o lindo anel que comprei mais cedo, antes de guardá-lo novamente.

Repasso na minha mente várias vezes a noite anterior e penso no quanto eu a quero. Mais de nós dois. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Eu quero pouco e quero mais. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero aquele olhar que não cansa.

Desço do elevador e uso minha cópia da chave para entrar no seu apartamento. Antes que eu a chame, ouço vozes vindas do quarto e ando até lá, parando abruptamente no meio do corredor quando escuto Amanda falar.

- Mas agora eu estou com medo.

- Porque amiga? - Lari pergunta.

- Eu tenho medo de perder tudo isso que nós dois temos sabe. É tudo muito especial pra mim - ela faz uma longa pausa - Como eu vou encará-lo sabendo que não nos amamos da mesma forma e que a noite não representou a mesma coisa para nós dois, vai ser muito difícil olhar pra ele e continuar sendo sua amiga Lari.

- Amiga, acho que você está se precipitando...

- Eu tenho medo de perder nossa amizade Lari. Por causa de uma noite que não significou nada, apenas sexo.

Apenas sexo. Apenas sexo. Apenas sexo.

Não consigo mais ouvir, as palavras martelam na minha mente, e tentando evitar mais sofrimento, antes de ser visto ali, dou meia volta e vou embora.

Largo o buquê de flores em uma lata de lixo e volto derrotado para o meu apartamento.

Tento entender mas não consigo. Ela parecia tão entregue ontem, havia tanto amor no seu olhar...

Eu a amava tanto, e já não era segredo pra ninguém. Meus amigos não me davam paz. A minha mãe me mandava edit vinte e quatro horas por dia. A Maricota só falava o quanto a tia Amanda era linda, inteligente e especial. E o Dindinho, bom, o Dindinho e minha cunhada me falavam o tempo inteiro que ela era a mulher da minha vida e que se eu não lutasse por ela eu me arrependeria muito depois.

E agora eu me encontrava aqui, a beira de um precipício, em uma crise de pânico fodida, e amando loucamente e perdidamente uma mulher que me via apenas como amigo.

Rapidamente o meu corpo parece querer colapsar. Meus batimentos cardíacos se aceleram. O suor se torna excessivo. Começo a tremer. Sinto falta de ar. A náusea vem e vai. Meu peito doi e quando sinto que eu vou desmaiar me deito na cama.

E dói, dói como nunca. E só agora eu consigo entender o que as pessoas dizem quando falam que "só o amor é capaz de machucar tanto".

Me encolho na cama em posição fetal, e fico assim por pelo menos duas horas até que meu celular toca.

- Antônio? - Caldi pergunta.

- Oi.

- Temos boas notícias. Um enorme patrocinador de suplementos me enviou uma proposta, é realmente muito boa, será que você consegue passar no meu escritório para avaliarmos o contrato?

- Quão boa? - pergunto.

- Um milhão e meio de dólares, já descontados todos os impostos.

- Eu aceito. Apenas analise o contrato e me envie para assinatura.

- Tudo bem. Só temos um problema.

- Qual?

- Você precisa embarcar amanhã para Miami.

Penso nos últimos acontecimentos e na dor que tudo isso está me causando.

- Tudo bem. Pode agendar, me avise o itinerário e estarei no aeroporto na hora marcada.

- Ok. Antônio está tudo bem?

- Não Caldi, mas vai ficar. Nos falamos depois.

Já são quase nove horas da noite quando chego ao apartamento dela. Resolvendo impor um pouco de distância, esqueço que tenho uma cópia das suas chaves e toco a campainha.

Um minuto depois ela atende, usando um robe de seda, com os cabelos escovados e uma leve maquiagem nos olhos.

- Oi. Você demorou.

- Estava em reunião até agora - minto, enquanto ando até o sofá e dou uma batidinha no espaço ao meu lado, pedindo que ela se sente.

Ela se senta ao meu lado, e me surpreendendo, vira de lado e se deita, apoiando a cabeça no lugar colo.

Levo a mão até os seus cabelos e acaricio suavemente. Penso em quantas vezes eu desejei que esse momento acontecesse, mas que fosse mais.

Penso em todo futuro que um dia eu imaginei que teríamos. Penso nos beijos que eu quis dar. Penso nas curvas do seu corpo que me deixam louco. Penso até nos filhos que nos meus sonhos, eram tão lindos quanto ela.

Balanço a cabeça tentando dispersar esses pensamentos que não são bem vindos.

Ela nota que estou estranho e se senta.

- Antônio, será que nós podemos conversar?, preciso te contar uma coisa.

Meu coração aperta. Tenho muito medo das palavras que ouvirei em seguida.

- Claro. Eu também preciso te contar uma coisa.

Ela abre um sorriso.

- Ótimo. Você primeiro - pede.

Reúno até a última gota de coragem presente em meu corpo antes de falar.

- Estou voltando para Miami. Amanhã.

- Co...como? Mas... Antônio, eu achei...

- Eu preciso ir. Já fiquei aqui mais do que deveria. Não dá mais pra adiar - tum tum, tum tum, tum tum, consigo ouvir as batidas frenéticas do meu coração.

- Certo, eu hmmm, vou precisar sair agora. Você pode trancar a porta quando sair? - ela fala se levantando - boa viagem amanhã, se precisar de companhia para te deixar no aeroporto me avisa.

Ela me dá um abraço rápido. Mas querendo guardar pra sempre esse momento, a aperto contra meu peito, inspiro o cheiro do seu shampoo que eu amo e beijo demoradamente sua testa.

- O Caldi vai me encontrar lá, não precisa - sei que aceitar a carona dela, tornaria tudo ainda mais difícil- eu estou indo, mas estarei sempre a um telefonema de distância Amandinha.

Ela me solta e vai caminhando pelo corredor.

- Eu também - fala baixinho antes de entrar no quarto e fechar a porta.

Aiii, eu queria chorar e matar o Antônio ao mesmo tempo enquanto escrevo, e vocês?. O que estão achando dessa história?. Tentando escrever rápido pra atualizar vocês aqui. Em breve estou de volta, beijos 💋

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