A Beatriz não queria desgrudar do Antônio. Eu tentei de todas as formas pegá-la para que ele pudesse comer, mas quando ela ameaçou abrir um enorme berreiro, ele sorriu e se sentou com ela em seu colo.
- Me desculpa, mesmo. Eu não sei o que aconteceu. Ela não é nem de chorar.
- Está tudo bem Amanda. Eu estou feliz que ela realmente gostou de mim.
- É fácil gostar de você, principalmente quando você não está sendo um babaca.
Ele abre um enorme sorriso.
- Hmmm, então quer dizer que você ainda gosta de mim.
- Eu não disse isso.
O garçom chega com a sopa da Bia, e eu tento novamente pegá-la do colo dele, mas ela se desvencilha e vira o rosto.
- Você se importa se eu der a comida com ela sentada em seu colo?
- Você sabe que não.
Pego uma toalhinha, e coloco em seu ombro, não quero sujá-lo. Então começo a dar para ela, que aceita prontamente.
- Ela gosta mesmo de sopa - ele comenta, quando o prato já está quase vazio.
- Ela come bem, e a alimentação dela é muito saudável. Você precisa ver essa pequena com umas mini cenourinhas. É festa na certa.
- Não acredito.
- Pois acredite, ela come tão bem que até a minha alimentação mudou depois dela. Depois dos filhos a nossa vida é completamente diferente Antônio, hoje eu me cuido muito mais, apenas pensando nela.
- Eu posso ver - olho em seus olhos, e vejo um lampejo de emoção passando por ali - estão todos nos olhando.
Espero alguns segundos, e discretamente olho ao redor, percebendo que todos os olhos estão grudados na gente. E ninguém faz a pequena menção de disfarçar.
- Ao que tudo indica, nós somos um evento - brinco.
- É o que parece - ele ri, completamente divertido.
Meu celular toca, o pego sobre a mesa e vejo a tela, é a mãe dele.
- Oi minha linda, feliz aniversário.
- Oi Dona Wilma, muito obrigada. Estou feliz que tenha ligado, mas triste por que a senhora não apareceu.
- Eu gostaria de ter ido, cheguei hoje no Rio, mas estou sentindo muitas dores nas pernas, não sei o que pode ser.
- A senhora já procurou um hospital?
- Ainda não, mas farei isso logo.
- Quais os sintomas?
- Estou sentindo um pouco de rigidez e tem um caroço um pouco avermelhado próximo a panturrilha.
Me assusto um pouco, mas não quero me precipitar.
- Que tal se eu a acompanhar até a clínica de um amigo meu? Ele é médico especialista nessa área e pode atender a senhora.
- Eu adoraria meu bem, é uma oportunidade de te abraçar e te entregar seu presente, e quem sabe conhecer a Beatriz.
- Nós vamos adora dona Wilma. Se a senhora estiver livre pode ser no horário do almoço.
- Então eu aceito meu amor. Curta muito o seu dia, desejo que ele seja muito especial. Te amo muito e quero te ver sempre bem.
- Eu te amo. Muito. Obrigada por tudo sempre. Nos vemos depois.
Quando eu desligo, o Antônio está com os olhos fixos em mim, cheios de lágrimas não derramadas.
- Eu amo ver você junto da minha família.
- Eu os amo. São a minha família também Antônio. Eles sempre me acolheram e me fizeram sentir assim.
Termino a sopa e tento pegar a Bia.
- Não - ela brinca, escondendo o rosto no peito dele.
- Filha. Vem na mamãe, olha, o titio precisa conversar com outras pessoas também.
- Não. Não.
- Seja razoável meu amor. Vamos brincar.
- "Bincar", "titio".
- Não Beatriz, com a mamãe.
- Não. Não.
Bufo já chateada. Como isso foi acontecer?, apenas duas horas com ele e já não quer soltar.
- Você é alguma espécie de hipnotizador de crianças?, se for me fala logo porque eu não estou achando graça - falo brincando, mas levemente derrotada. Não quero incomodá-lo, quero que ele se divirta como os demais convidados que estão dançando ou cantando no karaokê.
- É tão difícil assim a ideia da sua filha gostar de mim?
Eu o olho, procurando em seu semblante algum indício de que sua fala foi brincadeira.
- Não é isso Antônio. Só quero que você se divirta como os outros convidados. A Beatriz é responsabilidade minha, e já tomamos muito o seu tempo hoje.
- Amanda, apenas relaxe. Curta seu dia com seus amigos e família. Eu estou mais do que bem junto da Bia. Não é titio? - ele pergunta olhando para ela.
- Titio - ela repete.
- Tem certeza?
- Absoluta. Pode ir, quando ela te chamar, eu vou até você.
- Tudo bem. Obrigada - eu me levanto dali, porque realmente já passamos tempo demais juntos, e eu começo a questionar a minha sanidade.
Ando até a Pamela.
- Você é uma safada Amanda Alice.
- O que?
- Você não tirou os olhos dele por nenhum segundo.
- Amiga...
- Te peguei. Eu estou brincando, mas você se entrega muito.
Acompanho sua gargalhada. Filha da puta.
Danço a noite inteira no pump it up, largo os saltos de lado e me divirto. Já estou completamente suada quando volto até eles.
Antônio está sentado com Beatriz dormindo em seu colo, e minha mãe ao seu lado. Então a ouço dizer.
- Eu quero te pedir desculpas pelas palavras duras que te falei naquele dia. Mas meu coração de mãe estava muito ferido Antônio.
- Tudo bem dona Regiane, eu entendo a senhora, qualquer pessoa no seu lugar faria o mesmo por um filho. E eu estava errado. Totalmente errado. Eu apenas não queria ter ouvido a parte que a senhora mandou eu nunca mais chegar perto dela. Eu deveria ter procurado por ela. Eu a amava e ainda amo muito. Mas hoje eu vou aceitar qualquer mínimo contato que ela queira ter comigo, eu sei que eu parti o coração da sua filha e não me orgulho nem um pouco disso.
- Sabe Antônio, eu acredito muito em Deus, e mesmo nas adversidades, eu consigo enxergar o lado bom das coisas. Eu sempre achei que o amor de vocês dois era tão grande que mesmo que um grande desastre acontecesse, vocês dariam um jeito de estarem juntos.
- Me desculpe por decepcioná-la dona Regiane.
- Antônio. Eu nunca estive enganada, basta ver vocês dois juntos. Só falta vocês mesmos perceberem.
Resolvo interromper a conversa.
- Está na hora de levar essa princesa para casa. Obrigada por hoje Antônio. Eu me diverti muito, mesmo que às suas custas.
Dez comentários e eu volto hoje, e já adianto que o capítulo é o casamento da Lari e do Fred 🤭. Me falem o que estão achando dessa história. Estou indo com calma por que já percebi que vocês gostam de histórias com muitos capítulos né?. Já já tô de volta. 💋
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DocShoe - Agora e sempre
Hayran Kurgu16 de janeiro de 2022, marcava o dia em que Amanda e Antônio se conheceram. Como grandes e melhores amigos, essa data sempre representava algo especial, até que um dia deixou de ser. Uma história de amor, que nos faz recordar que belos dias merecem...