35. A mídia

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Faziam exatos dezoito dias que eu havia retornado para Miami e me sentia péssimo. Fazia tudo sem muita vontade e não dormia bem à noite, mesmo medicado.

Estava respeitando o tempo da Amanda, e ao mesmo tempo ficando louco com isso, já que eu não sabia o porque dela estar me ignorando tanto, mesmo quando ela mesmo me ligava para ver a Beatriz nas chamadas de vídeo.

Era domingo e eu estava na casa do Júnior, comemorando o aniversário da sua esposa Anna. Virei a cabeça ao ouvir a voz de Marcus, ele veio por trás de mim e parou perto da espreguiçadeira.

- Vamos ali dentro comigo? Precisamos conversar - olho as dezenas de pessoas em volta e sei que o assunto é sério e requer privacidade. O acompanho, e vejo Júnior vindo logo atrás de mim, com a mandíbula apertada e rígida.

Em silêncio, segui os dois até a sala, sentindo a seriedade da situação no ar. Será que tinha acontecido alguma coisa com a Amanda ou Beatriz?. Senti o estômago embrulhar e a mente passar de um ponto a outro.

Percebi que havia deixado meu celular em cima da espreguiçadeira ao lado da garrafinha de água e do drink. Me xinguei mentalmente.

- O que está acontecendo? - perguntei.

- Tem um escândalo prestes a estourar na Internet - Marcus explicou.

O que significava que estava fora de controle. Ou prestes a ficar.

- Fala logo.

- Tem umas fotos ... - Marcus fala e olha pra Júnior em busca de ajuda.

- Do que? - estava tão nervoso que tive medo de vomitar.

- Agora a tarde, algumas fotos da Amanda em uma boate de São Paulo se espalharam pelas redes sociais.

Júnior falou de forma neutra, mas eu sabia que havia muita tensão em sua voz. Senti como se tivesse levado um soco no estômago. Eu precisava ver as fotos.

Andei com as pernas bambas e me sentei no sofá, esperando que Marcus debloqueasse o celular e me entregasse. Os dois se sentaram ao meu lado em silêncio me oferecendo apoio, enquanto o celular foi posto da minha mão.

Olhando para baixo, inspirei fundo. Focando meu olhar na Amanda, vestida inteiramente de preto. O cabelo escondia parcialmente seu rosto, mas era claramente ela.

Torci para que não fosse, tentando encontrar algo na foto que mostrasse que o homem ao seu lado, agarrando a sua cintura e com as mãos sobre os seus seios, fosse uma fraude, mas não era. Rolava as fotos para o lado e cada vez ia ficando pior.

Afastei o olhar das imagens, incapaz de suportar. O que vi me apavorou...

Um sofá em u. Cortinas escuras e meia dúzia de garrafas e copos de destilados sobre a mesa. Um camarote vip fechado. O decote v da sua blusa, fora do lugar, e um moreno alto parcialmente debruçado sobre ela e lhe beijando.

A foto saiu do foco à medida que eu tentava afastar as lágrimas, sentindo-as correr calorosamente pelo meu rosto. Desci a página, tirando a imagem da minha frente.

Então li meu nome e algumas especulações sobre o que eu deveria estar achando sobre a pulada de cerca da minha namorada.

Devolvi o celular respirando com dificuldade, Júnior se aproximou e me envolveu com o braço, me puxando para um abraço.

Anna entrou no mesmo instante me indicando que meu celular estava tocando, e me entregando ele.

Olhei o visor e era Amanda, resolvi aprender.

- Alô.

- Antônio...

Sentindo-me muito mal de repente, corri para o banheiro e deixei o celular cair próximo à porta, quase sem conseguir levantar o assento do vaso antes de despejar todo o conteúdo do meu estômago ali.

Dava pra ouvir os gritos de Amanda pelo aparelho no chão, estendi a mão para pegar o telefone, envolvi o com os dedos trêmulos e o levei até à orelha.

- Antônio, pelo amor de Deus. Atende o celular.

- Para de gritar. Eu estou te ouvindo - respondi calmo, com a cabeça latejando.

- Você está passando mal, droga - ela tapa o auto falante e grita algo com alguém do outro lado da linha - aconteceu antes deu ir pra Austrália. Eu nem sei porque isso está sendo veiculado apenas agora - ela falava rápido demais, respirando rápido demais.

- Amanda...

- Antônio, eu juro que as fotos não são de agora. Estamos dando um tempo mas eu nunca faria isso com você. Você sabe disso, sabe o que significa pra mim.

- Amanda, calma - meu coração disparado começou a desacelerar. Ela estava frenética, em pânico, era de partir o coração.

- Você tem que acreditar em mim Antônio, nunca...

- Eu acredito.

- trairia você... O quê?

- Acredito em você.

Sua respiração veio dura e tensa do outro lado da linha.

- Nossa. Obrigada. Eu entrei em pânico aqui quando vi. Eu... Eu te amo.

- Eu te amo pequena. Fiquei tão desesperado aqui...

- Desculpa, sinto muito que tenha visto isso. O Caldi já está cuidando de tudo, vamos descobrir porque essas fotos estão sendo vazadas apenas agora, e vamos fazer um pronunciamento também - ela suspira pesadamente - Odeio que você esteja aí e eu aqui.

- Eu também.

- Não vamos fazer isso de novo. E não só por isso, mas eu estou cansada de dar um tempo.

- Porra pequena, obrigado. Eu já estava ficando louco aqui.

Ela sorri.

- Obrigada pelo voto de confiança Antônio, agora eu... preciso ir, tenho um compromisso urgente, mais tarde te ligo. Beijos.

Quando eu desligo, Júnior e Marcus estão ao meu lado, fazendo inúmeras gracinhas sobre eu ter virado um frouxo quando o assunto é minha mulher.

Curtam e comentem muito. Amanhã estarei de volta. Beijos 💋








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