31. Mensagens

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Chego no Brasil extremamente chateada. A falta de tato dele com os meus sentimentos me magoa profundamente. Principalmente pelo fato do Antônio parecer um adolescente as vezes, enquanto espera que todas as suas vontades sejam atendidas.

Assim que tiro o celular do modo avião, milhares de mensagens acendem na tela.

Guardo o aparelho e pego Beatriz no colo, são muitas malas e bolsas e eu passo um sufoco até chegar em casa.

Estamos esgotadas, e depois de um longo banho de banheira, eu e minha filha caímos em um sono profundo até que ouço batidas na porta.

À contragosto me levanto e vou até lá, para minha surpresa, encontro Roberta ali.

- Oi - retribuo o seu abraço caloroso.

- Oi, desculpa vir sem avisar.

- Não tem problema. Entre.

- Você já deve até saber por que estou aqui.

- Eu não... - e então ele me vem a cabeça.

- Ele ficou preocupado já que você não responde as mensagens nem atende as ligações.

- Desculpa, eu apenas cheguei cansada demais. Acordamos 05h, pegar um voô com muitas malas e uma Beatriz eufórica também foi complicado.

- Eu imagino. Está tudo bem?

Conto pra ela tudo que aconteceu, e tento explicar ambos os lados.

- Eu apenas queria esperar um pouco mais..

- Você não está errada Amanda. Não se sinta assim por isso. O Antônio precisa parar de ser tão mimado, as coisas sempre precisam ser do jeito dele. Ele tem um coração de ouro, mas é um cabeça dura.

- Não quero que vocês fiquem chateados com ele por minha causa.

- Imagina Amanda, você é nossa família, e se estivesse errada eu não teria problema em te falar.

- Obrigada. Quer jantar?, vou pedir agora alguma coisa. Não comi nada hoje.

- Claro. Eu queria conversar com você sobre uma outra coisa.

Nos sentamos no sofá enquanto eu faço nossos pedidos. Quando termino me viro pra ela.

- Pronto, sou toda ouvidos.

- Eu e duas amigas estamos abrindo uma loja de lingeries. Estamos buscando algumas peças mais elegantes e sofisticadas. Eu gostaria de saber se você aceitaria ser a nossa garota propaganda.

Dou um gritinho de felicidade, e comemoro feliz suas conquistas.

- É claro que eu aceito Roberta, você nem precisa me pedir.

- O cache só não é o mesmo que você está acostumada...

- Quem disse que eu vou cobrar cachê Roberta?, se eu trabalhasse de graça um ano pra você, eu ainda não seria capaz de pagar tudo que você e a sua família fazem por mim.

Ela me abraça, completamente emocionada.

- Obrigada linda, você sabe que pra mim você é quase uma irmã, eu te amo muito.

- Eu te amo tanto. Você, o Dindinho, as crianças, são todos especiais demais pra mim.

- Eu vou tentar montar o ensaio o mais sua cara possível. Sem muitas lingeries minúsculas demais.

- Ei, não precisa se preocupar com isso. Escolha as peças que quiser e eu vou fotografar com todas. Só me fale o dia e horário e eu estarei lá.

Jantamos em um clima agradável. Conversamos sobre muitas coisas, e depois que ela vai embora. Resolvo pegar meu celular e respondê-lo.

"Me perdoa pequena".

"Você chegou?".

"Amanda... por favor. me diga que está bem. Por favor pequena".

"Sei que você está chateada comigo. Eu mereço. Fui um idiota. Agi supermal e me sinto péssimo".

"Me desculpa querida. Sinto muito, muito, muito. Te amo".

"Não paro de pensar em você. diz que vai me perdoar. Te amo".

"Estou no CT, e não consigo me concentrar. Não paro de pensar em você. Te amo, agora e sempre".

"Que droga pequena. Pega esse telefone e me diga se está bem agora mesmo. Faz isso".

Sua irritação me faz rir. Problema dele!

"Me desculpa pela última mensagem pequena, não saber notícias suas me deixa maluco".

"O que preciso fazer pra você responder minhas mensagens?".

Antes que eu possa responder, Beatriz começa um choro estridente, corro até o berço e depois de checar fralda e tudo que me lembro, noto que ela está com febre.

- Papai... papai...

Não Deus. Não, por favor.

Pego o termômetro e sua temperatura está alta, 39,6°.

Lhe dou um banho morno, troco suas roupas e também as roupas de cama. Faço uma compressa de água fria em sua testa e pulsos, e quase três horas depois, não consigo fazer a temperatura abaixar.

- Papai... papai...

Sem ter mais o que fazer, ligo para o Antônio em chamada de vídeo, preciso que ela o veja e escute a sua voz.

- Oi pequena.

- Oi - falo com uma voz chorosa, segurando as lágrimas - a Beatriz ela...

- Ei meu amor. O que houve?

- Papai... papai... - Beatriz aponta para a tela e sorri.

- Ela está com muita febre. Já fiz de tudo pra abaixar e não consigo. Ela estava te chamando muito, então resolvi ligar pra ela te ver... - tento explicar, enquanto seguro o choro.

- Papai - Beatriz aponta para ele e bate palminhas.

- Oi meu amor. O papai está aqui. Você também já está com saudades?

Eles ficam nessa "conversa", pelo que parecem longos minutos. Até que ela boceja muito e eu resolvo desligar.

- Pequena. Você não vai mais falar comigo? - ele pergunta.

- Eu ia te responder quando ela começou a chorar. Depois que eu colocá-la pra dormir nos falamos ok?

- Tudo bem.

Me despeço e desligo. Enquanto levo Beatriz para o berço.

O que estão achando dessa história? Deixe um comentário sempre que possível. É muito importante e me incentiva a escrever cada vez mais para vocês. Até o próximo, beijos 💋





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