DocShoe - Agora e sempre

3. Escolhas

Hoje completavam exatos duzentos dias que eu estava morando na Austrália.

Nesse tempo, o meu período sabático por aqui se etornou definitivo, o Antônio se casou e nunca mais nos falamos, a Lari e o Fred noivaram, a Bruna fez uma turnê internacional e eu arrumei um novo emprego.

Estou sentada no refeitório do hospital, durante meu horário de almoço conversando com Vini.

- E como foi o procedimento?.

- Tudo correu bem. Estou confiante que dessa vez tudo vai dar certo - explico, já que nas duas tentativas anteriores, não obtive sucesso.

- Vai dar amiga. Estou ansioso para ser padrinho do seu bebê.

Aperto a sua mão, grata por ele ter me dado tanto apoio nesses ultimos sete meses.

- Ele vai amar esse padrinho amoroso e babão que você vai ser, da mesma forma que você é meu melhor amigo e porto seguro aqui. Não sei o que eu faria sem você.

- Sorte a sua que você nunca vai precisar saber linda.

Três semanas depois recebo a confirmação da gravidez e oito meses e meio depois, no dia 16 de março de 2027, a Beatriz nasce, pequenininha, pesando 2,765kgs e medindo 42cm.

Ela tem cabelos e olhos negros, a boca desenhadinha e a pele levemente bronzeada.

Faço uma chamada de vídeo para que meus amigos e família a conheçam, e absolutamente todos ficam emocionados ao vê-la.

Quando ligo para a Lari e o Fredinho, meus amigos babam muito sobre a minha princesa.

- Ela é tão perfeita amiga.

- Ele já sabe? - pergunta o Fred receoso.

- Nunca mais nos falamos Fred, e eu prefiro assim. Algumas coisas apenas não fazem mais sentido.

- Amiga, mas agora que ele...

- Lari, não, por favor. Eu não quero saber.

- Tudo bem. Eu só quero que você me prometa que estará aqui no meu casamento. Você sabe que será uma das madrinhas.

- Eu prometo, eu amo vocês e não perderia esse momento por nada.

- Vamos enviar o convite com a data certinha, mas é daqui a um ano exatamente, tempo mais que suficiente pra você se programar e não inventar nenhuma desculpa.

- Sim senhora. Conhecendo vocês, vai ser o evento do ano não é mesmo?

- Com toda certeza. Você ainda duvida Amandinha?

- Vindo de vocês?, eu não esperava menos.

Pouco mais de onze meses depois, embarco com a Bia rumo ao Brasil. Tá na hora de voltar e casar meus grandes amigos.

Assim que chego, desembarco na Bahia, meus pais estão ansiosos para conhecer minha filha e eu estou morrendo de saudades.

- Ela é tão linda Amanda.

- Ela é perfeita mamãe. Agora eu consigo entender tudo que a senhora me falava antes sobre amor de mãe. Não há absolutamente nada no mundo que eu não faria por ela.

Minha família paparica a Bia por cinco dias, até que o dia do casamento está chegando e preciso voar até o Rio de Janeiro.

Estou organizando suas roupinhas na cômoda do meu apartamento quando meu celular toca, vejo o número da Roberta na tela.

- Eu sei que você está no Rio de Janeiro e quero te ver. Estamos todos morrendo de saudades.

- Eu também estou. Mas você sabe que...

- Amanda, respeitamos sua vontade durante todo esse tempo. Não será diferente agora, apenas fale onde é mais confortável para você e nós iremos.

- Que tal na sua casa?, eu gostaria muito de recebê-la aqui, mas passei dois anos e meio fora e as coisas estão fora do lugar.

- Por mim é perfeito. Que dia você está livre?

- Hoje à noite?

- Te esperamos às 19h. Não esqueça, acima de tudo nós te amamos.

- Eu amo vocês Roberta. Muito obrigada por tudo. Vocês são incríveis comigo.

Às 19h10 toco o interfone, e a Maricota é quem atende, autorizando a minha subida.

Assim que a porta do elevador se abre ainda no térreo, estão lá dentro Maricota, Roberta e Matheus, todos com um enorme sorriso no rosto.

- Titia que saudades de você - ela me abraça de lado, já que na frente tenho uma bebê que está levemente adormecida.

- Eu senti tanta saudades de vocês- meus olhos estão marejados - vocês nem imaginam o quanto.

- Eu imagino, posso mensurar pelo tanto que sentimos também - Roberta fala, enquanto me abraça e acaricia levemente a cabecinha da Beatriz.

- E você Crocs, não sentiu falta da titia Amanda?

Ele abre um enorme sorriso e balança a cabeça confirmando. Continua tímido como sempre.

Entramos no apartamento, e logo a Beatriz acorda, fazendo a alegria de todos que estão loucos para beijá-la, abraçá-la e brincar com ela.

Me sento no sofá quando Dindinho chega.

- Amanda. Que saudades de você - me abraça apertado e beija a minha testa - como estão as coisas?

- Agora que eu tenho a Beatriz, todos os problemas parecem pequenos. Acho que vocês conseguem me entender.

- Com certeza. Esses pequenos ressignificam tanto a nossa vida, que não há nada que nao faríamos por eles - ele responde enquanto se senta no tapete e começa a fazer gracinhas para a Beatriz que ri e responde tudo no seu usual tatibitate.

Estou sentada no tapete brincando com as crianças e Roberta, quando a campainha toca.

- Deve ser o delivery que pedimos. Mário, você pode atender querido? - Roberta fala um pouco mais alto, e Dindinho vem correndo da cozinha.

Ele abre a porta às pressas, e para minha completa surpresa, quem eu encontro bem ali, com os olhos fixos em mim, dois anos e meio depois, é o Antônio.

Comentem muito o que estão achando. Que eu prometo soltar o quarto ainda hoje. Beijos 😘