34. Cuidado

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Dois dias depois eu e Beatriz estamos de volta em casa, sob o olhar atento de Antônio, que parece preocupado demais com tudo. Tento fazê-lo voltar para Miami, mas ele é irredutível.

Descanso o dia inteiro, e a tarde a família do Antônio aparece cheia de mimos e uma tonelada de comida. Como são lindos.

Tranquilizo meus pais e o Antônio lhes garanta que estamos bem. Apesar do susto inicial, saber que estou sendo cuidada acalma o coração deles.

Roberta dá várias instruções para o Antônio sobre as refeições que trouxe, ele apenas concorda com um gesto de cabeça, apesar de eu saber que ele não está registrando nada.

Nessa noite, quando ficamos sozinhos em casa, ele se dedica a cuidar de nós.  Observa atentamente todos os remédios que eu e Beatriz precisamos tomar e se encarrega de tudo. 

Fico admirada em como ele é paciente  e cuidadoso comigo, mas principalmente com Beatriz. Não menciona nossa briga, e eu fico grata por isso.

Na hora de dormir, me deito e rapidamente pego no sono. Acordo no meio da madrugada e não vejo Antônio na cama. Com dificuldade me levanto, e o encontro dormindo no sofá.

- Antônio - o chamo baixinho, passando a mão levemente pelo seu braço.

- Oi - ele sussurra ainda de olhos fechados.

- Vamos deitar, você está todo torto aí, vai acabar dolorido amanhã.

- Não, eu não quero invadir seu espaço Amanda.

- Anda Antônio. Minha perna já está doendo aqui em pé.

Ele se levanta em um pulo, como se a menção sobre eu estar sentindo dor o alarmasse.

- Você não deveria estar em pé, eu te pedi pra me chamar sempre que fosse se levantar. Você machucou o quadril - ele reclama, enquanto me pega no colo e sai caminhando comigo nos braços para o quarto.

Gentilmente me deposita sobre a cama, e depois, se deitando o mais distante possível de mim, se cobre.

- Descansa pequena, eu vou cuidar de tudo.

Fico de molho por três semanas, e Antônio e toda sua família se revezam nos cuidados. Ele sai apenas para o treino, e quando volta, de encarrega de tudo.

Não menciona mais o tempo que pedi, me trata com carinho e respeito, mas não avança o sinal uma única vez.

Estou quase implorando para que me toque, que me beije, mas ele apenas parece determinado em me ver recuperada.

Quando vou na consulta de retorno, ele me acompanha e escuta atentamente tudo que o médico me diz. Sou oficialmente liberada para reformar minha vida e minhas atividades.

Assim que chegamos em casa, ele se senta no tapete e brinca por horas com uma Beatriz sorridente, até que a pequena se cansa e ele a coloca para dormir.

Estou sentada na cama, verificando algumas coisas no notebook, quando ele bate na porta e pede licença para entrar.

- Claro, fique à vontade.

Ele me olha e parece deslocado, sem saber o que dizer.

- Bom, já que você não precisa mais de mim, eu estou voltando para Miami.

O olho, e fico triste pela nossa situação.

- Quando?

- Não sei, vou comprar a passagem agora. Só queria te avisar mesmo.

- Ótimo, é melhor assim.

Ele se vira e sai do quarto, de cabeça baixa e com lágrimas nos olhos.

Mas, com todo o meu orgulho, não vou atrás dele, me deito na cama e Antônio não me procura de novo, e isso me desanima completamente.

Sei que tenho sido dura com ele, e que finamente consegui o que eu queria, um tempo. Deitada nas cobertas felpudas, fico olhando para a porta, na esperança que ele entre, enquanto me dou conta que estou deixando um grande amor escorrer por entre meus dedos.

Acabo adormecendo, e quando acordo na manhã seguinte, não encontro Antônio pela casa. Vejo no quarto da Bia, suas malas prontas e sei que é um sinal que sua passagem já está comprada e seu embarque próximo.

De volta ao quarto, ando até à mesinha de cabeceira, abro uma gaveta e encontro vários brinquedos sexuais que usamos em várias ocasiões, sorrio.

Na gaveta de baixo, vejo várias de nossas fotos e algumas lembranças que ganhamos de fãs e são tão significativas pra nós dois. Fecho a gaveta. Deixo os objetos ali dentro. Meus olhos estão cheios d'água. Fico só olhando tudo por muito tempo, e quando me viro, vejo Antônio na soleira da porta, me observando.

Está lindo com sua calça jeans de cintura baixa e uma blusa preta. Está meio abatido. Preocupado. Mas imagino que estou igual. Não sei há quanto tempo está ali, mas noto que seus olhos estão marejados.

- Podemos conversar por um momento? - ele pergunta. Engulo o choro engasgado na minha garganta e concordo.

Ele anda até o outro lado do quarto. Cada um está de um lado da cama. Nossa cama. Onde nos amamos e fomos tão felizes.

- Eu... estou indo embora em algumas horas - me olha com um olhar completamente derrotado - me desculpa se te chateei de alguma forma Amanda, eu... apenas achei que  era o momento certo. Nunca quis invadir o seu espaço ou desrespeitar as suas vontades. Não me arrependo de ter vindo, mesmo um dia após você pedir um tempo, por que eu não me perdoaria se não estivesse aqui. Mas agora eu estou voltando pra casa e você não vai precisar me encontrar, ou ter qualquer contato comigo a menos que você queira.

Minha cabeça não para, fica remoendo tudo. Sei que ele está certo, e que está tentando consertar as coisas entre nós, mas agora sou eu que não facilito sua vida.

Nos olhamos, e quando não estou mais aguentando, saio do quarto sem me despedir, o deixando ali. Não consigo, as palavras não saem da minha boca. Vou para o quarto de Beatriz e me tranco, e só então me permito desabafar com um monte de lágrimas.

Oi, final de semana é muito difícil atualizar, que trabalho muito, na semana sempre estou por aqui, postando o máximo que consigo. Comentem e deixem sugestões, em breve estarei de volta. Beijos ❤️


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