Capítulo 9

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Depois de um grande momento de reflexão, Juan olhou para o teto do quarto e decidiu que a melhor forma de resolver isso, era levar tudo na esportiva e pagar pelo menos uma pizza para Adan, por ser a pessoa que tem sido a mais afetada, e a mais inteligente, então ele pode ser o primeiro a suspeitar.

Ao sair da cama, Juan pegou sua toalha e foi direto para o banheiro do corredor, tentando se deixar um pouco mais apresentável. O banho foi curto, ele tentou demorar o mínimo de tempo possível se arrumando.

Quando desceu as escadas, Adan já estava se levantando da mesa com os seus cadernos na mão. Ele agarrou a garrafa térmica da mesa e se virou para Boris.

– Você quer uma carona?

– Sim, eu não queria ter que voltar de ônibus – respondeu Boris.

– Tudo bem, vamos – disse Adan, começando a andar.

– Adan! – chamou Juan, se aproximando rápido. – Você ainda quer sair para comer? Aqui perto tem uma pizzaria muito boa.

Adan parou por um minuto e olhou para o celular.

– Tudo bem, já estava com fome mesmo. Vamos, Boris?

– Sim – concordou Boris, confuso.

Os três saíram da casa da fraternidade e andaram a pé por um quarteirão até chegarem à pizzaria. Para a alegria de Boris, o local era quente e haviam várias mesas vagas, então eles não demoraram muito para serem atendidos.

Já era final de tarde quando fizeram o pedido e cada um pediu por um sabor diferente. Adan pediu por uma portuguesa, enquanto Juan escolheu uma simples de muçarela e Boris optou por uma de calabresa.

– Mas, sério, eu não sabia que você era tão inteligente – disse Boris no meio da conversa.

– Vocês têm que conversar com a Loren, ela é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Quando estávamos no sexto ano, ela corrigiu o professor, ele ficou tão chateado que mandou chamar os pais dela – disse Adan.

– Eu lembro! – gritou Boris, sorrindo. – Toda a escola ficou sabendo.

– Vocês estudaram juntos? – perguntou Juan.

As pizzas chegaram antes que Boris pudesse responder, mas Adan se adiantou ao loiro.

– Nós estudamos na escola perto do nosso condomínio, mas não éramos nem um pouco próximos. Eu tinha acabado de chegar e o meu inglês era horrível, as pessoas se afastavam de mim, com exceção da Loren.

– Sério? E de onde você veio? – perguntou Juan, curioso.

– Angola. Eu era muito novo e vim morar aqui com quase toda a minha família, mas é uma história muito longa.

– Se você quiser, pode falar à vontade, vai levar tempo até a gente terminar essas pizzas – disse Boris. Juan concordou com uma fatia na boca.

– Em primeiro lugar, nem era para eu vir para cá. O meu pai tinha morrido e minha mãe havia ficado muito abalada, então veio passar uma temporada com a minha tia. Ela só ficaria um mês, mas acabou conhecendo um cara que morava no mesmo condomínio que a minha tia, então eles começaram a namorar a distância mesmo. Depois de um tempo, decidiram casar, a Amara e eu viemos junto dela. Passamos a morar na minha casa atual, depois ela ficou grávida do meu irmão caçula.

– Eu não sabia que vocês tinham pais diferentes. São todos tão parecidos – disse Boris.

– Pois é, mas o pai do Jonathan é um idiota. Depois de um tempo, ele mudou de comportamento. Não gostava que a minha mãe saísse de casa, então enchia ela de um monte de coisas para que ficasse ocupada, até que ela acabou o expulsando e nós passamos a morar lá sozinhos. Depois de um tempo, minha mãe decidiu que queria voltar porque não conseguia se sentir bem aqui. Era um lugar estranho com memórias horríveis, ela queria se afastar do pai de Jonathan o máximo possível. A princípio, era para todos nós irmos, mas como ela não podia tirar Jonathan do país sem autorização e Amara e eu estávamos a estudar, acabou tendo que ir sozinha. Nós ficamos aqui com a minha tia, onde estamos até hoje.

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