Capítulo 8

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Assim que saiu do ônibus, Boris sentiu um alívio tremendo por finalmente poder respirar sem ter que sentir o cheiro de alguém que estava entrando em seu espaço pessoal.

Era domingo, e apesar de não estar cheio de pessoas ansiosas cheirando a café que iriam para o trabalho, o ônibus estava lotado, diferente do dia anterior, quando ele havia ido ao cinema junto dos amigos. Por mais atraente que a ideia fosse, Boris já havia combinado com Mirka de passarem a tarde tentando aperfeiçoar o exercício que Ren Hui passou e que eles falharam em executar.

A caminhada do ponto de ônibus até a fraternidade dos rapazes foi agradável. O ar estava frio e a jaqueta de Boris era fina, deixando a sua pele respirar por debaixo da roupa. Ao chegar no local, ele bateu na porta, que logo foi aberta por Juan. O mais alto sorriu, permitindo que Boris entrasse e silenciosamente fechando a porta atrás de si.

– Bom dia, Boris.

– Boa tarde, Juan – respondeu Boris, olhando as horas no celular. – O Mirka...?

– Está no quarto dele – disse Juan, antes de outra batida na porta ser ouvida.

– Obrigado, vou para lá – disse Boris, se afastando em direção a escada.

Assim que Juan abriu a porta, viu Adan do lado de fora com uma garrafa térmica em uma mão e dois cadernos cheios de papéis na outra.

– Bom dia – disse Adan com a voz arranhada.

– Bom dia... Boa tarde, na verdade – respondeu.

– O Jun-Seo? – perguntou Adan, entrando.

– Ele está na mesa de jantar, estudando.

– Obrigado – disse Adan, desaparecendo pelo corredor.

Juan fecha a porta e sobe as escadas, voltando para o seu quarto. Ele consegue ouvir Boris e Mirka se movimentando no quarto ao lado, então coloca os tampões e se volta para a tela do computador, vasculhando sites de consultórios de psiquiatras diferentes, lendo a aba de especialidades dos profissionais. Com raiva, acabou fechando o portátil, por ter procurado por sete sites diferentes, mas não ter encontrado nenhum com a especialidade que ele precisava. O dono da pele azeitonada decidiu parar e se deitar na cama, olhando para o teto. Ao retirar os tampões, ele ouviu um grito.

Juan levantou e se aproximou da parede, tentando ouvir se Mirka e Boris ainda estavam treinando, mas o quarto estava em silêncio. A voz que antes parecia ter gritado, havia desaparecido.

Juan saiu do quarto, desceu as escadas e foi até a sala de jantar, onde Jun-Seo estava estudando. Sentados na mesa se encontravam: Mirka, Mathews e Boris, enquanto Adan estava em pé, com um caderno em uma mão e uma folha em outra.

Quando largou o que segurava, o caderno bateu com força contra o piso, enquanto a folha esvoaçava até finalmente pousar devagar no chão. Juan se sentou à uma cadeira de distância de Jun-Seo e observou em silêncio.

– Por que o caderno chegou no chão antes da folha? – perguntou Adan, olhando para o Jun-Seo.

– Por causa da gravidade. A força da gravidade puxa os corpos para a terra – respondeu Jun-seo.

– Mas por que o caderno caiu antes? – reiterou Adan.

– Porque a massa do caderno é maior – respondeu Jun-Seo, enquanto todos os outros olhavam sem dizer uma palavra.

– Mentira! – disse Adan, se abaixando para pegar os objetos novamente.

Ele amassou o papel até formar uma bola deformada e voltou a soltá-lo junto do caderno, ambos ao mesmo tempo. Dessa vez, os dois atingiram o chão simultaneamente.

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