Espinhos

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Ainda não sentia-se capaz de andar e tão pouco de pensar, apenas sabia que precisava, e mais que precisar, devia rumar a floresta e tentar atinar o que aconteceu. Não obstante, não pensou que sentiria tantas dificuldades para se locomover, assim que colocou seus pés no chão, sentiu as pernas trêmulas, achou de fato que não conseguiria, o norvosismo ainda perpetuava em seu corpo. Pensou que deveria deixar para o dia seguinte, mas sabia que não deveria tardar tanto. Sentia e sabia perfeitamente que todos os seus segredos estavam próximos a despencarem. Não achou que levaria todo aquele silêncio para o resto da vida, sempre soube que haveria um momento em que o baú seria aberto, rezava apenas para que nada acontecesse a eles. Tomou a breve resolução em não prosseguir, debilitada como se encontrava, seria quase impossível rumar a floresta, contudo, cada segundo era uma preciosidade e princípalmente pelas situações atuais. Não perderia tempo, ergueu-se novamente e com dificuldade alcançou a porta, encontraria em si a menor força possível.

Após passar pela porta de seu quarto, Eva passava pelo corredor e descia as escadas, orava para não encontrar ninguém e após uma boa revisão em ambos os lados, se deu conta que poderia descer os últimos degraus. Desceu então esses e pensou que não teria qualquer empecilho, entretanto, viu o conde se aproximar e rapidamente escondeu-se debaixo da escadaria. Esperou até que esse subisse todos os degraus, assim que sumido no corredor, sentiu-se segura para continuar com seu plano. Saiu debaixo da escadaria e correu para a porta, porém, antes que abrir, ouviu:

- Eva!

- Shi!

- Aonde vai? - Perguntou a serva em sussuros.

- Preciso sair.

- Mas, você não deve.

- Lea, por favor, não diga nada.

- E se a condessa descobrir?

- Não vai! Volte logo.

- Não sei, Eva! - Disse preocupada.

- Fique em silêncio, volto logo.

Lea ainda estava apreensiva, não sabia se prometeria calar ou não. Eva ainda não se encontrava bem e sabia que a condessa ficaria extremamente preocupada, ainda não conseguindo prometer respirou fundo.

- Eu volto logo.

- Tudo bem, eu não digo nada.

- Obrigada.

Eva achou que já estava livre para sair, porém, mudou de idéia assim que ouviu a voz grave:

- Aonde vai, Eva?

Virou-se e viu o conde na escada ao encará-la sério.

- Preciso sair, milorde.

- Parece mais que está fugindo.

- Eu não podia dizer nada, senhor.

- Não permito sua saída.

- Senhor, eu preciso ir.

- Aonde deseja ir tão aflita?

- Preciso ver meu tio..

- Ele precisa de algo? -Posso providênciar um cavaleiro.

- Não senhor, eu prefiro fazer isso pessoalmente.

O conde via no semblante da moça a clara preocupação e angústia. Pensou por vezes de estaria esse tio sofrendo de alguma molestia, pois, Eva sempre saía para vê-lo. Obviamente, a jovem ainda não se encontrava em nenhuma condição, mas estava determinada e o conde não achou bom martiriza-la.

- Bom, já que precisa tanto ver seu tio, eu a acompanho.

- Não precisa, senhor.

- Bem, ou você vêm comigo ou não vai a lugar algum.

O padre - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora