A voz profunda ficou fixada na mente de sua alteza, o leve eco ainda ecoava e era surpreendente. Em tantos anos, depois de se daparar com tantos sacerdotes, era a primeira vez que um deles possuía uma voz tão bela, capaz até de confundir o próprio eco. Sua alteza não compreendeu aquela suposta admiração... " suposta", apenas suposta. Bom, ao menos era o que ele acreditava que fosse, além do quê, depois de tantos anos sentindo total aversão por tudo que se referia ao sacerdócio, não poderia se permitir deixa-se iludir apenas por um belo tímbre. Oras, padres também podem ter belas vozes, entretanto, aquela era totalmente diferente, não era apenas bela, era intrigante, penetrante e outros tantos, que o principe não compreendia.
- Não é exorcista. - Pensou sua alteza voltando a si. - O que um padre não exorcista veio fazer aqui?
Padre Jeon continuou a fitar as pinturas das paredes em silêncio, a pergunta do príncipe era compreensível, era mais do quê normal que estranhasse um padre que não tinha formação de exorcista em sua frente, mas Jeon deveria ser bem perspicaz, sua alteza não confiava em padres e gostava de jogar, e isso padre Jeon pôde notar desda primeira vez em que o viu. Era audacioso e muito inteligente, mas o padre não temia e nem se incomodava com qualquer reação oposta de sua alteza sobre o sacerdócio, ele mesmo discordava de muitos princípios que não chegavam a condizer com a visão de Deus sobre o mundo. Não que se considerasse dono da absoluta verdade, mas também não se achava no direito de julgar ninguém.
O príncipe o observava atentamente e embora esse sacerdote lhe chamasse certa atenção, mesmo assim não conseguia e nem se sentia capaz de confiar. Depois de tantos anos sendo obrigado a se deparar com padres e mais padres totalmente arrogântes, Park não se sentia diferente em relação a esse.
- A pintura lhe chamou a atenção padre? Vai condena-la? - Perguntou sua alteza notando que o padre ainda observava as pinturas.
- A arte não deve ser condenada sua alteza. - Respondeu com a voz potênte.
A resposta sábia e sem crítica chamou a atenção do príncipe que resolveu se aproveitar da situação para testar mais ainda o padre santo.
- Aprecia a arte, padre?
- Sim.
- Interessante. Como vê a arte?
- Erudita.
Era de fato intrigante, jamais viu um padre gostar de arte e muito menos a considerar erudita. Geralmente os sacerdotes consideravam erudiçao a religiosidade e nada mais além disso. Logo para eles, nada era mais sábio do quê a religião, nem a arte, nem a literatura e nem mesmo o latim e sim somente a religião. No entando, só a religião aonde se predominava o cristianismo, para eles outras crenças eram satãnicas, mas será que padre Jeon considerava isso também? O príncipe estava extremamente curioso em relação a esse sacerdote, mas aos poucos iria desvendar sua verdadeira realidade, mas havia outra realidade? Ao que parece sua alteza duvida da integridade do padre.
- Não considera a arte erótica como desprevizel, padre?
- Não se deve depreciar qualquer arte, sua alteza.
- Nem mesmo a nudez? - Perguntou tentando atingi-lo.
- A nudez lhe é estranha?
A pergunta do padre o pegou de supresa, esparava outra reação.
- É claro que não!
- E então porque vossa alteza me fez essa pergunta?
- Quis saber sua visão.
- Minha visão? Sobre algo tão natural?!
- Lhe é natural? - Perguntou surpreso.
- Sim, não achas?
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O padre - Jikook
Hayran Kurgu𝐕ivendo por anos em um mosteiro, Jeon vive com a duvida persistente sobre sua santidade. Recebe então a missão de mudar sua alteza o príncipe, a quem chamavam de "Demônio". O padre se depara não somente com um "Diabo" com os mesmos ideais que os s...