X. Dríades

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Uma tremedeira muito forte se apossou do corpo de Thalassa desde a pedra de entrada para os famosos Vales Gregos até o que Baco sinalizou ser a divisa entre os Vales e a capital olimpiana, duas horas mais tarde.

O clima no carro havia mudado depois que adentraram os Vales. A leveza da conversa se tornou um silêncio denso. Kyen estava tão mudo que a deushiana pensou que Baco tinha feito sua língua desaparecer.

Não se permitia lembrar de casa, de onde viera, o que deixara. Não olhe para trás. Passou a se concentrar no que acontecia naquele mundo estranho de mente aberta, como Devore disse para que fizesse. E ao seu redor...

Oke a aguardava, o pensamento ressoava de forma pesada em sua mente. E ela precisava descobrir qual era o jogo da titânide e como poderia tirar vantagem disso. Não conseguiria ficar quieta de qualquer forma, então precisaria fazer algo por si mesma.

Talvez tivesse criado uma expectativa fantasiosa do que a aguardava, já que todos citavam tanto esses tais Vales, mas enquanto olhava ao redor pelas janelas via apenas uma floresta densa com uma variedade incomum de árvores. Literalmente, nada mágico.

Baco dirigiu por mais alguns minutos, onde Thalassa pôde ver pássaros voando e uma raposa passando de um lado da estrada para o outro, e então parou em uma pequena clareira no meio do nada. O carro — ainda mais bonito por fora — foi deixado em um pequeno espaço sem árvores que provavelmente servia de estacionamento, dado aos outros veículos parados ali.

Com uma única placa fincada no chão, ao lado de uma estradinha mal visível que entrava diretamente na floresta. O único som que podiam ouvir era o do vento balançando as folhas das árvores, quase como uma melodia intrigante. Ninguém além deles pareciam respirar num raio de dois quilômetros.

As mãos da deushiana começaram a formigar e ela as esfregou, sem entender o que estava acontecendo... aquilo era animação correndo por suas veias e fazendo o estômago embrulhar?

Descanso e deleite aos pecadores que a mim recorrem — Thalassa recitou as letras queimadas na chapa de madeira, lendo facilmente a língua deushiana que ela nunca estudou mas aparentemente era fluente. — O que isso quer dizer? — perguntou, como forma de se distrair, de não reparar na energia cativante que a chamava.

— Quer dizer que a Senhora dos Mares reside tragicamente perto do meu Templo e que estou cansado de suas perguntas — Baco retrucou, ríspido. — Vamos.

A cordialidade havia acabado, aparentemente.

Babaca!

Ele passou pela placa e, sem olhar para trás, murmurou em sua mente: sujo, prazer mal lavado.

Thalassa bufou e criou o máximo de distância possível entre os dois.

— Por que não fazemos o resto do caminho de carro? — Perguntou, baixo, para ninguém em particular.

— Esse é o único caminho para alcançar a alta clareira do Templo de Dioniso e, infelizmente para os não habituados a se exercitar, é uma caminhada de uma hora que deve ser feita a pé, como prova de boa vontade de qualquer visitante que deseja chegar até lá — Koan explicou, com uma mochila estranha de pano nas costas, sempre de prontidão para ajudar. — Nem mesmo o próprio Dioniso escapa dessa regra.

Novamente Thalassa viu Baco e o fauno andarem na frente dela, falando baixo sobre algum assunto que ela tentou ouvir, mas os murmúrios foram abafados pela curiosidade de Aidan.

— O que acontece se alguém pegar uma moto, por exemplo, e resolver encurtar a viagem?

Koan aparentemente gostava de responder perguntas, pois sorriu ao dizer:

Thalassa - Quase SubmersaOnde histórias criam vida. Descubra agora