Capítulo 2: O Aroma do Campo

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– Que bonito! – diz Arthur, apontando para a paisagem que ele e Vitor observam.
– É sim – Vitor diz, sua voz falha um pouco porque os buracos na estrada fazem eles chacoalharem muito em cima do baú da caminhonete – Você vai adorar conhecer tudo.
– Eu sei que vou. Se o caminho é bonito assim, imagino o lugar – diz.
– Estamos quase chegando – o pai de Vitor grita de dentro da caminhonete, tentando fazer sua voz chegar até eles sem ser levada pelo vento.
– Até o cheiro daqui é diferente – Arthur diz, com a voz agora mais alta, para que o pai de Vitor também consiga escutar o que ele falou.
Arthur se vira para a bela paisagem de planície à beira do rio. Vitor observa Arthur e dá um leve sorriso de canto de boca. Ele está ansioso para o tempo que vão passar juntos. Depois de um longo caminho, eles chegam ao sítio.

Arthur e Vitor são recepcionados pelos avós de Vitor, que prazerosamente se apresentam a Arthur, recepcionando-o

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Arthur e Vitor são recepcionados pelos avós de Vitor, que prazerosamente se apresentam a Arthur, recepcionando-o. A vó de Vitor, dona Graça, solta o famoso "fique à vontade", enquanto o avô, Carlos, diz que ele pode se sentir em casa. Depois de todo o processo de apresentação, Vitor leva Arthur para conhecer a casa. É uma grande casa, seus cinco enormes quartos garantem bastante privacidade para quem quiser visitar a residência. Porém, Vitor não quer privacidade, ele põe as coisas dele e de Arthur no mesmo quarto, onde há uma cama de casal, o mais isolado dos quartos. A casa é organizada em uma grande varanda, com redes e cadeiras de balanço, seguidos de uma grande cozinha, com uma área de serviço anexa e o banheiro. Logo depois, há um enorme corredor, onde ficam quatro quartos, incluindo o dos avós de Vitor, e uma última porta que leva à sala de televisão. Uma vasta sala cheia de quadros de pintura pendurados e detalhes bordados enfeitam as paredes, enquanto uma televisão de tamanho médio ocupa uma das outras paredes. A sala de televisão é seguida de uma sala de recepção, com três grandes sofás e uma mesa com diversos caça-palavras e um telefone fixo. Anexo a essa sala está o quarto onde Vitor deixou as coisas deles, o quarto mais distante de todos os outros quartos. É também o único quarto com televisão.

Arthur se impressiona com o tamanho da casa.
– É o tamanho de duas casas minhas somadas – ele diz.
Vitor ri, como quem não sabe o que dizer.
– E aí, o que você quer fazer? – Vitor pergunta.
– Você que sabe, o sítio é seu, né. Mas tem tanta coisa que eu acho que uma semana aqui ainda vai sobrar coisa para fazer.
– Vamos andar um pouco, eu te mostro os lugares, aqui tem muita coisa – Vitor disse, pensando em levar Arthur para o lugar mais longe dali e agarrá-lo, tirar sua roupa e fazer coisas que não consegue nem descrever. Mas vai se controlar, vai se controlar porque sabe que aquilo poderia estragar toda a amizade deles. Só que não consegue impedir de sentir o que sente por Arthur, toda vez que o olha sente uma vontade imensa de dizer que o ama. Mas sabe que tudo isso é bobagem, com certeza Arthur é hétero e a paixão que sente por ele uma hora vai acabar, ninguém precisa nem sequer saber que um dia aconteceu.

Vitor anda com Arthur pela estrada, mostrando os lugares próximos. Aponta para a enorme figueira de mais de 10 metros que enfeita todo o ambiente; aponta para o brejo que fica no terreno paralelo ao dos avós; aponta para o curso rochoso do rio; para o gado nos morros.
– Onde estamos indo? – Arthur pergunta.
– Quero te mostrar um lugar.
Vitor chama os cachorros, batendo palmas e assobiando. Eles observaram a estrada e vêem os três cachorros correndo em sua direção. Kiko, Capitão e Bob se aproximam balançando seus rabos peludos. Um deles pula em Arthur, que ri. Eles andam um pouco mais, até chegar num terreno com uma casa.
– Você vai entrar aí? E o dono?
– Relaxa, o dono abandou a casa há um tempo, ele é amigo do meu vô. Vamos lá, não tem problema – Vitor diz.
Arthur se abaixa, passando entre os arames da cerca. Ele acompanha Vitor, que desce um declive por um escada de terra, chegando ao rio. Arthur se fascina com a beleza de uma espécie de praia no rio, bancos de areia, uma pequena ilha bem no meio dele, a água amarelada. Há uma enorme árvore, uma ingazeira, tombada por cima do rio, formando uma espécie de ponte entre os dois lados da margem e fazendo uma grande sombra, que deixa o ambiente bem fresco.

– Vamos? – Vitor pergunta.
Arthur balança a cabeça concordando, exibindo um enorme sorriso de empolgação no rosto. Ele tira a camisa num movimento lento, o que atrai a atenção de Vitor. Vitor observa o corpo do amigo, segurando a vontade que o consome.
– Você vai entrar de short mesmo? – Arthur pergunta.
Vitor analisa a situação. Se ele disser que vai entrar de short, Arthur também entrará no rio de short. Porém, se ele disser que vai ficar de cueca, os dois ficarão se banhando sozinhos ali de cueca.
– Não! Eu vou ficar de cueca, né, não vou deixar o short molhar.
Vitor tira o short, revelando uma cueca vermelha chamativa. Arthur começa instantaneamente a abaixar o short, até perceber um detalhe.
– Acho que não vou poder ficar só de cueca, minha cueca é branca.
Vitor pensa num jeito de fazer com que ele fique de cueca, mas sem deixar claro suas intenções.
– Ah, qual o problema? Estamos só nós dois aqui – ele diz, usufruindo de toda a intimidade que eles têm por conta da longa amizade.
Arthur acaba concordando com o argumento e tira o short, ficando só de cueca. Vitor o observa discretamente: o braço forte e musculoso, fruto da musculação, a perna grossa e o abdômen levemente gordinho.

– Tá pronto? – Arthur pergunta.
– Ainda não – diz Vitor, subindo no galho da árvore e pulando de lá.
Arthur se diverte, chamando Vitor de maluco e pulando logo em seguida. Ali, sozinhos, os dois viveriam a primeira experiência estranha dessa viagem.

Até o Próximo Anoitecer - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora