Vitor é apaixonado pelo melhor amigo, Arthur, mas não sabe como contar isso a ele, nem sequer sabe se quer contar. Então, durante as férias, ele tem uma brilhante ideia: chamar Arthur para uma viagem de uma semana numa área isolada de campo. Juntos...
Vitor está no banho. Faz apenas alguns minutos que ele e Arthur voltaram da igreja e ele pensa em como aquilo foi bom. Ah, a sensação da penetração... A água escorre por seu corpo e ele se imagina com Arthur. Logo seu pensamento se desvia. Ele amou tudo aquilo, ama Arthur, mas talvez a experiência dos dois esteja indo longe até demais, porque eles não poderão continuá-la depois.
Existem um milhão de empecilhos entre eles e esses empecilhos tem nome e sobrenome: são as famílias deles. Vitor bem sabe que Arthur está vivendo tudo isso pela primeira vez, mas que só está acontecendo porque ele está longe da família religiosa conservadora dele. E Vitor está quase que na mesma situação, por mais que esteja na casa dos avós, sabe que quando voltar para a cidade, as coisas com Arthur vão ser diferentes. Eles não vão mais ficar juntos. Arthur vai se lembrar que existem meninas lá, já já tudo entre eles será só uma lembrança. Ele sai do banho.
– Nós precisamos conversar – Vitor diz, com a voz imponente, assim que entra no quarto. – O que foi? – Arthur pergunta, preocupado. Vitor se senta na cama. – Arthur, isso entre a gente... – Ele suspira melancolicamente – Isso entre a gente não pode continuar. – Quê?! Por que!? – Arthur está confuso. – Nós já fomos longe demais. Você sabe que quando voltarmos pra casa não vai mais existir nada. Eu sei que não dá pra existir nada. Se continuarmos fazendo isso aqui – ele aponta para os dois –, eu vou me magoar. Arthur fica num breve silêncio, analisando a situação. – Cara, eu gosto de você. Só que não é gostar simplesmente, eu amo você. Eu demorei pra entender o que era isso, pra mim era só amizade, uma amizade forte, mas agora eu consigo ver que não é. Parece que quanto mais tempo eu passo com você, mais tempo eu quero continuar – Arthur diz, suavemente alto.
Vitor fecha os olhos, expressando uma mágoa com a situação. – Ei, eu não tô falando pra gente acabar com isso. Eu nunca cogitei isso. Eu sei que vai ser difícil pra nós dois lidar com tudo, mas se a gente conseguir guardar isso entre a gente por mais alguns meses até fazermos 18 anos, nós vamos conseguir ficar juntos. Eu só preciso de tempo pra organizar tudo e sair de casa – Arthur explica. – Arthur, vamos ficar calculando o quanto podemos ficar juntos, calcular tudo que fazemos pra não ficar claro para os outros o que está acontecendo. Isso vai ser torturante. Nós vamos ter que esconder um relacionamento de todos, enquanto nossos pais ficam em cima da gente pressionando o tempo inteiro. Vai ser difícil demais, eu não sei se – Vitor é interrompido. Arthur o beija.
– Eu te amo. Vamos, por favor? Vitor está indeciso. – Eu não sei. Tem muitas coisas. Tem nossos amigos. – Contamos pra eles – Arthur fala, surpreendendo Vitor. – Eu achei que você quisesse esconder que você – Vitor é novamente interrompido. – Não, não quero. Vitor o abraça. – Vamos ver um filme pra relaxar um pouco? – Vamos. Você sabe que nós só temos mais dois dias aqui, né? Amanhã já é a última noite – Vitor fala. – Eu sei. Eles ligam o filme. Na cama, os dois lentamente dormem um ao lado do outro.
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