Capítulo 12: Eu Te Amo

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– Onde a gente tá indo? – Vitor pergunta.
– Você sabe onde a gente tá indo – Arthur afirma, sorrindo para Vitor.
Eles andam, chegam ao alto do morro. O morro deles. A vista surreal que eles amam, de onde podem ver tudo, todos os lugares que já foram, a casa, o rio.
– O que a gente tá fazendo aqui?
Arthur sorri. Ele ajoelha. O vento bagunça o cabelo dele, deixando-o alvoroçado.
– Vitor Almeida, você aceita dormir de conchinha comigo pro resto das nossas vidas?
Vitor ri.
– Para de ser bobo.
– É sério – Arthur fala com felicidade.
Vitor percebe que é verdade.
– Você aceita namorar comigo? – Arthur diz, o cabelo em seu rosto, o vento sussurrando em seus ouvidos sem parar.
Vitor puxa a mão de Arthur, o levantando.
– É claro que eu aceito.
Eles se beijam.

Da janela dos fundos da casa, dona Graça observa os dois no alto do morro. Ela sempre soube, sempre esteve ouvindo. Era ela quem mantinha seu Carlos fora de casa o máximo de tempo, para dar privacidade aos dois garotos. Ela sabia que seu neto estava feliz com Arthur, respeitava isso, mas sabia que mais ninguém da família iria. Amava Vitor do jeito que ele era e isso não mudaria por nada. Conhecia bem seus filhos para saber que nunca o respeitariam. Desde sempre dona Graça guarda um segredo, um segredo de seu passado, agora ela pode guardar esse também. Ela está imensamente contente pelo neto. Ela sorri olhando para os dois e logo sai da janela.

Arthur e Vitor deitam no chão, subindo um no outro e se beijando. O beijo agora é diferente, tem outro sentimento. Agora é sério, é compromissado. Os dois se amam. O sol ilumina seus rostos, esquenta seus corpos. O vento carrega o cheiro de amor para todo canto. Seus pulmões se enchem com o mais puro ar que já respiraram. Seus batimentos se sincronizam conforme suas línguas trocam saliva. Seus paus endurecem, mas agora não é hora disso, o romance toma conta deles. Eles sabem que esse foi o maior passo amoroso de suas vidas. A partir de agora estão juntos. Vitor está radiante, mas preocupado em como vão esconder. Arthur está tomado por alívio em estar se permitindo, ele só quer ficar com Vitor e só, não liga para o que vão pensar dele, já não é mais assim. Seus pais ficarão decepcionados, mas se eles o amam vão entender. Vitor quer gritar para o mundo, mas o mundo ainda não está preparado para amor.

 Vitor quer gritar para o mundo, mas o mundo ainda não está preparado para amor

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Eles ficam muito tempo lá em cima. Apreciando. Curtindo. Vivenciando. Ah, o amor.
– Sabe, eu tô aqui pensando em como a Clara vai reagir.
Arthur ri.
– Ela vai surtar – ele fala.
– Ela nunca esperaria por uma dessas – Vitor diz.
Eles sabem que a amiga é a pessoa em quem eles podem mais confiar.
– Quando vamos contar para ela?
– Logo, quanto mais rápido, melhor. Se demorarmos muito ela vai ficar chateada.

O sol está começando a descer no céu

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O sol está começando a descer no céu.
– Vamos para casa?
– Vamos. A gente joga alguma coisa, algo que seus avós também saibam jogar.
– Nada, então – Vitor diz, tirando gargalhadas deles.
Eles abrem a porta.
– Oi, meninos – dona Graça cumprimenta – Parecem tão felizes, o que foi? Algo especial? – Ela sorri.
Vitor sorri para ela.
– Nada demais, vó.
– A gente tava rindo de uma coisa que lembramos.
– Olha, não sei o que era, mas me contagiou, hein. Vou até fazer um bolo para comemoramos.
– Comemorarmos o quê, vó?
Arthur olha para Vitor.
– Oras, como comemorar o que? Comemorar a FELICIDADE! – dona Graça exclama.
– Ai, ai, dona Graça, só a senhora mesmo – Vitor a abraça.

Depois do jantar, eles comem o bolo feito por ela. Os dois assistem um pouco da novela com seu Carlos e ela, tentando aproveitar ao máximo a última noite ali. Assim que os créditos da novela sobem, eles começam a jogar Uno. Seu Carlos demora a entender o funcionamento das cartas, mas logo se torna um grande jogador. Ele vence três partidas seguidas, frustrando Vitor, que é muito competitivo.
– Olha, agora eu vou dormir. Já estamos há quase uma hora jogando, amanhã eu levanto cedo – seu Carlos diz – Boa noite, viu?
– Boa noite – todos dizem.
– Acho que também já vou indo, meninos – dona Graça os deixa a sós.
– Vamos?
– Vamos – Vitor se levanta.
Eles escovam os dentes no banheiro. Fazem xixi com a porta aberta, pela primeira vez, dando um passo em sua intimidade. Logo vão para a cama.

– Eu queria guardar esses dias num álbum de fotos e nunca mais esquecer nenhum detalhe – Arthur fala.
Vitor não responde.
– Vitor? – Arthur o chama.
Ele olha para o namorado, percebendo que ele já dormiu. Arthur dá um beijo em sua testa e o cobre direito.
– Eu te amo – Arthur diz baixinho.
Ele se deita olhando para o teto. A memória dos dois juntos no morro vem a sua cabeça. Ele dorme com as mãos atrás da cabeça, pensando que agora ele tem um namorado. Agora ele tem alguém que o ame. Ele tem alguém para amar.

 Ele tem alguém para amar

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Até o Próximo Anoitecer - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora