Um novo dia começou. O galo canta e agora Arthur já está mais acostumado. Vitor levanta eufórico, hoje eles vão à cachoeira. Fica bem depois de onde é o curral da família, então eles vão sair cedo para aproveitarem e voltarem ainda antes do almoço. Vitor gosta da ideia de ficar longe com Arthur, os dois sozinhos. Arthur, incrivelmente, também está ansioso com a ideia. Talvez ele esteja sentindo algo pelo melhor amigo. Porém, nenhum dos dois fala isso com o outro. Eles tomam café, trocam de roupa e saem.
Eles jogam o jogo da memória mental no caminho, com palavras aleatórias que surgem na mente. Logo passam pelo curral. Em seguida, por uma ponte. Sobem uma pequena ladeira, andam mais um pouco e chegam a um lugar sereno, tranquilo, com árvores à beira do riacho, pássaros cantando. Mais para baixo há uma queda d'água e um grande poço, raso, seguido de outra queda com um poço fundo, depois a água escorre pelas pedras e cai num outro poço formando a continuidade do riacho. É uma cachoeira grande. Vitor pega um galho e joga na água, fazendo com que os cachorros pulem.
– Vamos lá, vamos para o sol – Vitor diz, se referindo ao poço raso onde não há árvores em volta e o sol esquenta a água.
Eles vão até lá. Vitor tira sua blusa e a coloca em cima da pedra.
– Calma, você já vai pular assim? Do nada? – Arthur pergunta, rindo de nervoso porque a água parece congelante.
– Quando mais enrolarmos, mais tempo perdemos.
Vitor pula, se molhando por completo. Gotas d'água respingam em Arthur, fazendo-o se arrepiar de frio.
– Vem logo, a água tá frio mas você se acostuma.
Arthur tira a camisa. Vitor volta a pensar no amigo de forma sexual. Arthur também está pensando assim. Ele pula na água. Depois, treme. Está gelada, mas mesmo assim Vitor mergulha. Ele nada um pouco até convencer a si próprio que está tão gelada que nem ele consegue ficar ali. Quando ele cogita sair da água para se esquentar, percebe que Arthur até já saiu. Ele ri.Os dois sentam na pedra para se esquentar com o sol.
– Amigo, tá muito frio – Arthur diz, batendo o queixo.
– Eu sei, mas a gente já vai se esquentar – Vitor se aproxima de Arthur.
Arthur vê oportunidade para ficarem próximos. Ele também se aproxima e agora os dois estão encostados. Mas Vitor está tremendo.
– Nossa, isso tudo é frio? – Arthur pergunta.
– Eu mergulhei, bobão. Meu cérebro deve estar que nem o congelador de casa.
– Calma – Arthur fala, passando seu braço por trás das costas de Vitor.
Vitor fica levemente excitado com aquilo. Arthur já está excitado.
Vitor sente vontade de contar para Arthur o que sente. Quer falar e, se o amigo ficar bravo, triste ou decepcionado, ele vai entender. Toma coragem. Dá um suspiro, sentindo o cheiro de eucalipto que circunda a cachoeira. Só há o barulho da água caindo, Arthur está em silêncio, também pensando se fala algo sobre o que sentiu. Vitor se decide: vai falar.– Olha, Arthur, eu preciso te falar uma coisa – Vitor diz, dando uma pausa para que a coragem volte – Na verdade, eu nem sei como falar, mas eu tenho que falar. Eu sei que você pode ficar chateado ou bravo, sei lá, mas eu... eu gos– antes que Vitor termine de falar, Arthur percebe do que se trata e põe o dedo em sua boca em sinal de silêncio.
Arthur transfere sua mão das costas de Vitor para sua cabeça.
– Vitor, eu também.
Arthur traz o rosto de Vitor para perto e eles se beijam. Vitor sente a língua de Arthur dentro de sua boca. Seu pau está duro como a pedra onde eles se beijam. Arthur deita Vitor, ficando levemente por cima dele. Arthur sente seu pau latejar de tanto tesão. Os dois aproveitam o momento. Vitor está realizado. Eles se beijam por um longo tempo. Arthur ama sentir Vitor tão perto, seus rostos colados.Vitor afasta Arthur por um momento.
– Eu não imaginava que você...
– Eu também não imaginava. Mas aqui tô eu, caidinho por você – fala Arthur.
Vitor levanta, puxa Arthur pelo braço e o leva até a queda d'água da cachoeira. Eles voltam a se beijar. Vitor acha a pegada de Arthur incrível. Os dois aproveitam o calor de seus corpos. A água fria já não é mais problema. Os dois sentem o pau um do outro duro, mas nenhum dos dois os toca, eles se mantém no momento mágico de seu primeiro beijo ali. Um momento mágico e inesquecível.
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Até o Próximo Anoitecer - Romance Gay
RomanceVitor é apaixonado pelo melhor amigo, Arthur, mas não sabe como contar isso a ele, nem sequer sabe se quer contar. Então, durante as férias, ele tem uma brilhante ideia: chamar Arthur para uma viagem de uma semana numa área isolada de campo. Juntos...