Capítulo 14: Homem Aranha

89 10 22
                                    

– Uma pipoca grande, por favor – Vitor pede.
Ele pega o balde de pipoca e paga. Ele está ansioso. Já faz uma semana que ele e Arthur voltaram da viagem. Desde então eles têm conversado por mensagem, porque a família de Arthur resolveu ir até o Rio de Janeiro visitar um parente doente. Ele chega hoje. Porém, não é só por isso que está animado. O nervosismo só aumenta e o frio na barriga cresce. Hoje ele e Arthur vão contar para Clara.

Depois de poucos minutos esperando, Arthur chega. Ele está vestindo um casaco rosa que é quase sua marca registrada. Por baixo, uma blusa branca com a estampa do Bob Esponja, típico de Arthur. Sua calça preta apertada valoriza sua bunda. Vitor também está vestindo uma calça preta apertada, com uma blusa cinza coberta por um casaco grosso, já que no cinema o ar condicionado fica sempre numa baixa temperatura. Os dois são quase do mesmo tamanho, porém Vitor insiste em se abaixar todas as vezes que abraça Arthur, talvez seja um pretexto para deixar a coisa mais fofa. Arthur logo sorri quando vê Vitor. Ele caminha com um sorriso estampado de orelha a orelha, até chegar em Vitor e abraçá-lo.
– Que saudade de você.
– Eu também estava. Nossa, você tá cheiroso – Vitor atesta.
– Você também tá, amor.
– Amor? – Vitor se surpreende com o modo carinhoso.
– É. Amor. O que tem? Você é meu namorado, quer que eu te chame de quê? Balde?
Vitor ri da piada boba de Arthur. Eles entram, ele compra seu ingresso e esperam por Clara.

Clara é uma garota muito baixa, pouco mais de 1,50m. Ela caminha quase desfilando, com um cropped de manga comprida e uma saia bem curta. Seu cabelo na altura do cotovelo está simetricamente repartido.
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaa – ela grita euforicamente quando vê Arthur e Vitor. Já faz algum tempo que ela não os vê por conta das férias, então a saudade está consideravelmente grande.
Eles se abraçam. Hoje é o último dia das férias e para fechar com chave de ouro, nada melhor que ver Homem Aranha. Eles entram na sessão.

Eles pouco prestam atenção no filme, o que é uma pena, considerando que Miles Morales é o melhor dos Homens Aranha. Põem a fofoca em dia, conversam sobre novidades. Depois de um bom tempo enrolando, Arthur toma iniciativa.
– Clara.... A gente precisa te contar uma coisa – ele diz num tom de voz mais firme.
– Nossa, que suspense. O que foi?
– É que... – Vitor tenta, mas não consegue contar.
– Eu e Vitor estamos namorando – Arthur conta, sorrindo para Vitor.
Clara solta uma gargalhada tão alta que faz todas as pessoas na sala de cinema olharem eles. Uma gargalhada genuína e peculiar. Clara ri estranho. Depois que ela vê que o tom deles não mudou e que agora eles já estão de mãos dadas, ela percebe.
– Gente, pera, isso é verdade mesmo??? – Ela pergunta de forma muito surpresa.
Arthur e Vitor se beijam.
– Convincente? – Arthur pergunta.
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa – Clara solta um grito eufórico de alegria, abraçando os dois em seguida – Meu deus, e isso já faz quanto tempo? Como foi? Por que não me contaram? Não acredito que eu não fiquei sabendo do primeiro beijo!
Gwen Stacy e Miles Morales provavelmente ficaram chateados com o total descaso dos três pelo filme, porque depois da notícia eles nem sequer olharam para a tela, de tanta euforia que estavam em contar todos os detalhes. Várias pessoas fizeram o clássico "shiu", mas não foi suficiente para calá-los. Aquela noite foi basicamente toda para contar a história.

Eles saem da sessão e começam a caminhar para casa. Vitor marcou com o pai dele logo na bifurcação da rua que leva à casa dele. Eles vai juntos até lá, onde Vitor vai esperar o pai. Antes de irem embora, Arthur e Vitor pedem Clara:
– Não queremos que ninguém saiba agora, por motivos de... Bom, você sabe os motivos, por isso só contamos pra você – Vitor fala.
– Então, segredo, por favor, hein – Arthur implora.
– Lógico, gente – ela os abraça – Até amanhã, vou deixar vocês aí pra conversarem mais um pouco, usando bastante a língua – ela vai embora.
Arthur e Vitor riem.
– Vem, vamos fazer o que ela falou – Arthur passa os braços por trás de Vitor e o puxa para perto.
Eles se beijam.
– Te amo – Vitor fala.
– Eu também te amo.

Alguns metros a frente, um carro buzina para eles. Vitor não pode acreditar nisso. O pai dele estava ali o tempo todo vendo eles se beijarem. Ele põe a cabeça para o lado de fora do carro.
– Entrem aqui, meninos.

Até o Próximo Anoitecer - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora