Vitor está tremendo. Sente seu coração palpitar forte. Arthur olha para o namorado, paralisado. Eles lentamente caminham até o carro, receosos.
- Vamos, entrem logo, já está tarde - diz o pai de Vitor.
Vitor entra no banco do carona e Arthur vai atrás. Eles não entendem porque o pai de Vitor não falou nada, estão confusos.
- Arthur, vai para casa mesmo, né? - ele pergunta.
- Vo-vou - Arthur responde.
O pai de Vitor encaminha o carro para a casa de Arthur. Vitor está suando, suas mãos estão geladas. Ele sabe que o pai viu tudo. Ele sabe que uma hora ele vai brigar com ele. Tem medo do que o pai pode fazer quando estiverem a sós, então toma coragem, puxa fôlego e começa a falar.
- Pai - ele solta, com uma longa pausa para continuar falando - o que você viu lá atrás - ele é interrompido.
- Eu sei o que eu vi lá atrás. Tá tudo bem, filho.
"O quê?! Como assim está tudo bem? Quem é esse, é mesmo meu pai?", Vitor pensa.
- Ham? - Vitor pergunta, não entendendo o que o pai está falando.
- Eu e sua avó conversamos, filho. Eu sei que eu não sou o melhor pai do mundo e que eu posso já ter te magoado muito com o que eu falei no passado, quando eu não sabia sobre você, mas eu te amo, é isso que importa.Um longo silêncio se instala. Vitor analisa tudo, sua cabeça está explodindo. Arthur permanece imóvel no banco de trás.
- Eu sei que eu sou burro nesse assunto - ele volta a falar -, mas eu estou disposto a aprender. Eu te respeito, Vitor, quero que saiba disso.
Vitor começa a chorar, um alívio enorme toma conta dele. Não sabe como isso é possível, mas de alguma forma aconteceu.
- Eu te amo, pai - ele diz, enquanto lágrimas escorrem por suas bochechas.
Vitor debruça a cabeça no ombro do pai, em prantos. Arthur sorri no banco de trás. Ele está feliz por Vitor, feliz pelo que aconteceu, mas sabe que isso nunca acontecerá com ele. Nunca vai passar por isso e sabe que seus pais jamais o aceitariam.
- Arthur, quero te falar que você é o melhor genro que eu poderia ter.
Arthur se alegra brevemente, agradecendo. Há duas semanas, o pai de Vitor nunca imaginou que estaria dizendo aquilo, ali dentro do carro, para o filho e o namorado dele, mas está dizendo. Ainda é difícil para ele, mas ele lida bem com a situação porque ama o filho e está disposto a tudo por ele. Ele deixa Arthur em casa, que se despede de Vitor apenas com um "eu te amo", porque Vitor ainda está muito emotivo. Aquela noite foi uma das melhores da vida de Vitor, ele dormiu tranquilo e feliz.Arthur acorda. Ele não quer acreditar que tem que voltar para a escola. Revira na cama. Senta, como se estivesse esperando o corpo fazer download da alma. Depois de algum tempo, levanta para se arrumar. Enquanto isso, Vitor já está quase pronto. Está ansioso para voltar para a escola. Ele está namorando, ninguém sabe, porém ele está namorando, tudo deve ser diferente, ele pensa.
- Bom diaaa - Clara fala, com uma animação que Vitor nunca a viu ter de manhã.
- Tá tudo bem? Que estranho de ver assim tão feliz 7 da manhã.
- É que eu tô alegre por - ela dá uma pausa para olhar ao redor e se certificar que não há ninguém por perto - você e o Arthur.
- Eu preciso te contar uma coisa. Na verdade, a coisa mais louca que já me aconteceu depois, lógico, de ter virado namorado do meu melhor amigo que achava que era hétero. Meu pai e minha mãe sabem sobre eu e Arthur.
Vitor conta tudo para Clara, até que o sinal bate. Arthur chega um pouco atrasado na aula, cumprimentando Clara e Vitor de forma distante. Mas isso mudou.
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Até o Próximo Anoitecer - Romance Gay
RomanceVitor é apaixonado pelo melhor amigo, Arthur, mas não sabe como contar isso a ele, nem sequer sabe se quer contar. Então, durante as férias, ele tem uma brilhante ideia: chamar Arthur para uma viagem de uma semana numa área isolada de campo. Juntos...