Capítulo 3: Um Tempo Juntos

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"Vem, vem", Arthur chama os cachorros. Vitor pega uma pedra do fundo do rio e a joga novamente, fazendo um barulho que atrai os cachorros. Bob, Kiko e Capitão pulam no rio, nadando ao redor de Arthur e Vitor. Vitor mergulha, com o intuito de parar de pensar no corpo de Arthur, que está ali na sua frente, só de cueca. Ele emerge um pouco mais longe, levemente envergonhado. Seu pau está ficando cada vez mais duro, conforme seu coração bate e ele pensa em Arthur ali.
– Ó, vamos fazer uma competição de salto – fala Arthur.
– Ué, quem vão ser os jurados? – Vitor questiona.
– Os cachorros – Arthur diz, rindo.
Ele se levanta e sai em direção à margem para poder subir na árvore e saltar. Vitor observa a bunda de Arthur, que está completamente visível por conta de a cueca branca dele estar molhada. Arthur sobe no galho.
– Lá vou eu, hein.
Arthur salta, dando um mortal para trás.
– Muito bom – diz Vitor.
– Não, eu sei que foi uma merda – Arthur diz, caindo em risos depois – Vai lá, sua vez agora.
Vitor não sabe o que dizer.

– Eu nem sei saltar, vou ficar aqui mesmo – diz.
– Ah, para de ser careta, vem cá, eu mesmo te levo até lá – Arthur se aproxima, puxando Vitor pelo braço, que tenta se desvencilhar. Eles estão raso o suficiente para que a água esteja batendo levemente acima do short. Arthur puxa Vitor, mas os dois se desequilibram e Vitor cai em cima dele. Arthur consegue sentir o pau de Vitor duro.
– Entendeu agora por que eu não queria sair da água?
– Entendi – Arthur responde rindo, sem entender que a ereção era por sua causa.
Vitor volta a nadar. Eles passam pelo menos duas horas ali nadando e conversando. Naquele momento, Vitor esqueceu por um tempo sobre os sentimentos que tinha por Arthur e aproveitou o tempo com o melhor amigo. Eles falaram sobre as pressões que sentiam dos pais, a dificuldade da escola, sobre relacionamentos – momento em que Vitor aproveitou para questionar se Arthur não estava conversando com ninguém, o que foi confirmado. Eles nadaram até cansar, depois se vestiram e foram para casa.

– Demoraram – dona Graça afirma.
– Nadamos bastante – Vitor conta.
– Gostei bastante do rio – Arthur expressa.
– Que bom que se divertiram. Acredita que eu nadava lá quando eu era criança, imagina só quanto tempo faz – conta dona Graça, tirando boas gargalhadas de Arthur e Vitor.
– Vó, posso assar uma pizza pra gente?
– Pode sim, você trouxe?
– Sim, compramos várias e várias pizzas.
O telefone de Arthur toca.
– Vou lá atender – ele vai em direção ao quarto.

– Oi mãe. Tudo bem sim. Adorei aqui, é muito bonito. Tá bom. Pode deixar que vou. Ok. Sim, estou. Tá bem, beijo. Até amanhã, te amo – Arthur suspira, de certa forma aliviado.
– O que foi? – Vitor pergunta.
– Nada, era só pra saber se eu estava bem.
– Vamos lá arrumar algo pra comer.

Arthur disse não ser nada, mas era. Desde que os pais entraram na Igreja, estavam cobrando muito dele. Ele já não podia mais passar tanto tempo com Vitor, porque os pais implicavam com o "jeito" dele e, por mais que ele adorasse passar horas conversando com o melhor amigo, a distância entre eles podia acontecer. Felizmente, os pais de Arthur deixaram ele viajar com Vitor, assim ele pode aproveitar o tempo com ele. Mas ainda está preocupado, achou estranho que somente a mãe o ligou. Ele sabe que o pai é mais severo sobre isso. Cobrava masculinidade, cobrava namoradas, cobrava futebol e cobra certa distância entre Arthur e Vitor. Arthur ama Vitor e, por isso, tem medo que o pai mande-o se afastar do melhor amigo. Porém, agora ele não vai pensar nisso, quando voltar para a cidade ele resolve. Tudo que quer agora é passar um tempo com Vitor.

– O que você quer ver? – Vitor pergunta.
– Pode escolher, amigo – diz Arthur.
– Eu tava pensando de assistirmos aquela série sobre aquele desastre nuclear.
– ISSO! Eu amo esse tipo de série.
Vitor liga na série e senta na cama. Eles vêem a série comendo pizza, revestidos com suas cobertas. A noite no campo é fria, úmida, congelante.
– Nossa, eu tô cansado – Arthur conta.
– Sim, nadar cansa, ainda mais com correnteza. Vamos arrumar a cama para irmos dormir?
– Vamos.

Lençol, travesseiro, cobertor, fronha, edredom. Tudo pronto para o sono.
– Boa noite, amigo – Vitor diz.
– Boa noite, best.
Arthur vira para o lado e rapidamente dorme, cedido ao cansaço. Vitor fica minutos e minutos o observando enquanto dorme, pensando em tudo, pensando neles. Vitor só dorme de cueca, mas hoje não pode. Ele se sente levemente desconfortável com o short, mas acaba por dormir depois de um tempo. O primeiro dia da viagem dos dois foi cansativo, porém bom.

Até o Próximo Anoitecer - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora