Meu apartamento ficava a meia hora da delegacia. Quando o trânsito estava tranquilo, é claro. Estacionei o carro na garagem do prédio e me arrastei até o elevador. Eu havia herdado o imóvel dos meus pais e, com a ajuda de Lucy e Ally, reformara-o por completo. Não que eu quisesse destruir todas as lembranças, de forma alguma. Apenas achei que seria mais fácil seguir minha vida sem o quarto deles exatamente como haviam deixado. Abri a porta e fui recepcionada uma montanha de pelos. Léo não gostava muito de passar as noites sozinho e, considerando que eram 3h30, ele estava bastante insatisfeito com a situação. Ele me cheirou de cima a baixo, sem abanar o rabo.
- Eu estava trabalhando! - defendi-me de seu olhar gélido. - Foi uma emergência, não tive outra opção.
Fui para o meu quarto, sendo seguida de perto por ele. Sentei em minha cama e logo senti o colchão afundar ao meu lado. Seu focinho chegou aos meus ombros. Léo bufou, e eu revirei os olhos.
Foi só uma massagem - respondi, tirando os sapatos. - Ele estava sendo gentil. Não seja rabugento, você nem tem idade bancar meu pai.
Meu cachorro não tinha a menor simpatia por minha melhor amiga, essa era a verdade. Ele era um animal extremamente inteligente e sentia um ciúme meio bizarro de Lucy. Emburrava toda vez que ela aparecia em meu apartamento e me ignorava por dois ou três dias depois da visita. Mas, ainda assim, era uma criatura adorável e minha maior paixão. Tinha sido presente de minha vizinha, dona Helena. Ela dizia que eu passava muito tempo sozinha e que um animal de estimação poderia me incentivar até mesmo a querer ter filhos. Sendo muito sincera, ela era meio esquisita. Uma senhora rechonchuda com olhos expressivos e um sorriso doce. Seus cabelos curtos e loiros estavam sempre bem penteados, e suas bochechas eram rosadas. Mas meu radar de desconfiança ficava agitado cada vez que ela aparecia.
Quero dizer, por que diabos uma completa estranha se interessaria tanto por minha vida a ponto de me dar um cachorro para incentivar meu instinto materno? Tentei descobrir algo sobre seu passado. Ela era viúva, tinha uma filha que morava na Inglaterra e quase nunca se viam. Só isso. Não consegui encontrar registros sobre seu marido e o que ele fizera da vida. Lucy dizia que ela apenas me dava o carinho que gostaria de dar à própria filha, mas, por causa da distância, não podia. Lucy achava-a uma graça e aceitava de bom grado os quitutes que dona Helena preparava. Ela, por sua vez, não se cansava de dizer como ficava feliz em ver meus amigos em meu apartamento e adorava comentar como eu corria de forma graciosa com Léo todas as manhãs. Dona Helena me observava pela varanda, já que o prédio ficava em frente a um imenso parque municipal. E, bem, lógico que eu saía para correr com meu cachorro todas as manhãs. Ele era um animal de grande porte e precisava se exercitar. Sua pelagem era lisa e tricolor, sendo a maior parte preta, com o peito e uma parte do focinho branco, e as patas eram marrons. Um legítimo Bernese Mountain Dog, que vivia abanando sua calda peluda para todo mundo que ele julgasse ser uma boa pessoa.Eu me senti confusa por algum tempo. Nunca tinha tido um bichinho de estimação. Com o passar das semanas, Léo e eu ficamos cada vez mais próximos. Talvez porque só tínhamos um ao outro. Ele fora separado de seus pais, assim como eu havia sido, então ou nos uníamos, ou morreríamos sozinhos. Era engraçado como eu franzia o nariz para as pessoas que conversavam com seus cães como se fossem seres humanos, mas é fato que você acaba criando uma linguagem com essas criaturas adoráveis. Acho que funciona como as mães e seus bebés. Elas sempre sabem o que fazer e o que eles dizem, mesmo que o resto do mundo entenda apenas coisas como "bá-bá-bá".
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TO MY IDOL, with love
FanfictionKarla Camila Cabello é uma jovem atriz queridinha de todas as meninas do país. Sua vida parecia perfeita, até que, misteriosamente, suas namoradas começaram a ser assassinadas. A experiente investigadora de polícia Lauren Michelle Jauregui, que já s...