Capítulo 7

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Tons de vermelho e azul. Vozes ao fundo. Dor. Muita dor. Era tudo o que meu cérebro conseguia processar. Alguém gritava meu nome, algumas luzes pipocavam de algum lugar.

- Abra os olhos a voz de Lucy ecoava em meus ouvidos. - Abra os olhos, Lauren. Eu não estou pedindo, estou mandando você mantenha esses olhos abertos.

- Afastem os jornalistas - ordenou Troy aos berros. - Isolem a rua, ninguém entra e ninguém sai do prédio. Chamem a pericia, quero um relatório detalhado do que houve nesta noite.

A porta da ambulancia se fechou e tudo ficou mais calmo, exceto pela balançar do automóvel. Estávamos correndo a toda velocidade para o hospital mais próximo. Esse era o procedimento correto, não era? Ou eu tinha morrido e estavam me levando para o necrotério? Meu Deus, será que Lucy se lembraria de mandar me cremar? Ela estava cansada de saber do meu medo de ficar presa em um caixão, de decretarem minha morte por engano e me colocarem a sete palmos abaixo da terra. Senti afagarem meu rosto carinhosamente, e eu tentei sorrir. Até isso doía. Tentava me lembrar do que exatamente tinha acontecido. Meu apartamento revirado, minhas armas não estavam mais lá. A Camila apareceu... Camila! Onde diabos estava aquela idiota? Será que eu tinha mesmo morrido e estava indo para o além? Se ela conseguiu sobreviver, então estaria na Terra. Mas o que Lucy estava fazendo ali, mandando-me ficar de olhos abertos? Ela não podia estar morta. Será que era castigo (ou presente?) divino eu ter um anjo da guarda igualzinha a minha melhor amiga?

- Ela está bem, Lauren - respondeu o anjo com a voz de Lucy. - Não se preocupe, ela já foi atendida. Vamos cuidar de você agora, vai ficar tudo bem.
A ambulância parou. Tudo o que eu sentia agora era o balançar da maca. Abri os olhos ligeiramente. As paredes brancas se moviam em uma velocidade assustadora, especialmente para um cérebro confuso. Vi um anjo com a cara da policial vestir um jaleco branco, touca e máscara. Ah, em outro plano ela era médica? Curandeira? A minha melhor amiga já tinha tirado algumas balas das minhas pernas, mas nunca fizera nada mais complicado do que isso.

Tentei me virar. Por que me colocaram de bruços na maca? A dor voltou a invadir meu cérebro e me deixou desorientada. Opa, mocinha senti as mãos do anjo curandeira me segurar. - Nada de se levantar. Pode ficar quietinha ai. Franzi a testa e olhei ao redor. Eu não estava morta coisa nenhuma, estava numa sala de cirurgia.

- Lucy? - sussurrei, e ela sorriu em resposta. Um pensamento aterrorizante me ocorreu. Puxei minha amiga pelo jaleco, e ela se abaixou. - Eu não levei um tiro na bunda, né? Pelo amor de Deus, diz pra mim que eu não vou ter que passar por esse mico de operarem minhas nádegas.

Ela riu.

- Não, Laur, você levou um tiro na cintura, não foi na bunda. Os médicos vão te dar um remédio e você vai dormir um pouco. Depois eles vão tirar essa bala, e tudo vai ficar bem.

Respirei aliviada e concordei com a cabeça. Senti meu corpo amolecer. Tentei falar, mas minha boca não emitiu som. Decidi então me entregar ao sono mais profundo que havia tido nos últimos meses. E pelo menos esse, sem a presença de Camila em meus sonhos.

- Mas ela está dormindo há 25 horas.

- Isso é normal, Camila. Deixe a garota descansar.

- Eu não devia ter concordado com aquele plano besta. Olha só onde ela está agora. E a culpa é toda minha.

- Ela é treinada para isso, sabia o que estava fazendo. Pare de agir feito uma criança.

Tentei diversas vezes afastar aquelas vozes de minha mente. Queria mandar as duas calarem a boca. A dor em meu corpo havia diminuído. Eu estava deitada de lado com apoio em minhas costas que me impedia de virar de barriga para cima. Involuntariamente, passei a mão por meu rosto. A dor voltou.

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