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Alguns dias depois

POV Priscila Caliari

Vanessa conseguiu me convencer a ir ver a minha mãe. E era exatamente isso que eu estava indo fazer neste momento.

Esses dias que se passaram tem sido tranquilos pra mim. A empresa está indo bem, e como esperado, eu tenho recebido pedidos de outros países interessados em minha marca. O que me deixava extremamente feliz.

Mas algo vem me incomodando, me deixando angustiada.

Ultimamente eu tenho notado que Carolyna não estava muito bem. Todas as vezes em que nos encontramos nos últimos dias, percebi a sua região abaixo dos olhos inchadas.

Eu não sei se aconteceu algo grave com alguém de sua família, ou se ela estava passando por algo.

E querendo ou não, eu me importava com ela.

Ela nunca queria me contar, em todas as vezes que eu perguntei ela mudava de assunto e isso me deixava preocupada, pois eu realmente queria saber como ela estava.

Carolyna era muito transparente, e isso me fazia reparar na mesma cada vez mais.

— Você está distante. - Vanessa chamou minha atenção. - Aconteceu algo?

Eu a olhei rápido e voltei a prestar atenção na estrada.

— Não, está tudo bem. - respondo dando um sorriso. - Mas e você, está bem?

— Sim. - ela sorriu sem mostrar os dentes. - Na verdade, eu estava pensando, você iria se incomodar se eu passasse uns dias com a minha mãe? Ela sente a minha falta.

Observei seu semblante por alguns estantes, seu pedido era estranho mas é a mãe dela. Eu não posso impedir de vê-la.

— Não, é claro que não. - falei. - Pode ir.

— Obrigada. - uniu nossas mãos.

[...]

Minha mãe estava diferente. Como de costume, ela não tinha sugerido nada na minha vida, não havia mandado em mim, ela estava mais alegre e até brincalhona.

Tem homem nesse meio, e disso eu tenho certeza.

Minha mãe não conheceu ninguém após a morte do meu pai, e isso fez com que ela focasse ao extremo na minha vida já que ela não tinha com o que se preocupar mais.

Desci do carro e sigo para o elevador, Carol já devia estar me esperando. Eu não a vejo fazem três dias, não queremos que as pessoas suspeitam e por isso estamos evitando a frequência.

As portas do elevador se abriram e eu saí logo em seguida, caminhei em passos largos até o meu apartamento e abri a porta com a chave.

Estava tudo muito calmo, a ser não pelo som que o chuveiro transmitia.
Tirei meu salto alto e abri os primeiros botões da minha camisa enquanto vou até o banheiro.

Abri a porta e pude ter a visão de Carolyna. Sua silhueta estava completamente visível através do blindex transparente do banheiro, encosto na soleira da porta e fico observando-a.

Como pode ser tão linda?

Carol passa a mão pelo seu braço e algo me chama atenção. Era uma marca roxa, quase verde que parecia ter vindo de uma pancada.

— Lyna.. - ela se virou me olhando, e me deu um sorriso.

— Hey, eu não tinha te visto. - fechou o registro do chuveiro.

Ela abre o box e saiu vestindo seu roupão. Me aproximei até a mesma, que recuou dando um passo pra trás.

— Como foi seu dia? - tentou disfarçar.

— Um pouco corrido. - cruzei os braços. - E o seu?

— Normal. Eu não tinha muita coisa pra fazer. - assenti.

Me aproximei dela olhando-a intensamente. Seus olhos estavam sem vida, não havia o mesmo brilho de sempre.

Eu estava prestes a fazer algo, algo que era apenas para comprovar um pensamento que estava passando pela minha cabeça.

Segurei seus braços com cuidado trazendo seu corpo pra mim. Ela fechou os olhos fazendo uma careta, que logo tentou disfarçar me beijando.

O que estava acontecendo com ela?

Separei nossos lábios olhando em seus olhos, a mesma estava com eles fechados.

— Será que não podemos fazer nada hoje? - perguntou. - Apenas ficar deitadas.

— Claro. - sorri surpresa com o seu pedido. - Vem!

Guiei ela até o quarto onde deitamos na cama, iniciei um carinho delicado em seus cabelos ainda molhados.

Pude perceber que seus olhos estavam fechados e sua respiração fraca.

Eu não quero criar conclusões precipitadas em minha cabeça, mas a vendo assim, tão frágil me faz pensar em grandes besteiras.

Estamos nos envolvendo em uma situação perigosa. Não deveríamos nos meter um na vida do outro, mas eu não posso deixar de observar que tem algo errado acontecendo.

— O que aconteceu? - perguntei de uma vez. - Você está com uma marca roxa no braço.

— Não foi nada. - respirou fundo. - Eu estava fazendo alguns exercícios em casa e caí de mal jeito.

— Carol, eu não sou otária.

— Priscila, para com isso. Eu já disse que não foi nada, eu apenas caí. - respondeu irritada. - Quer saber, é melhor eu ir embora.

Disse saindo dos meus braços e começando a pegar suas roupas.

— Porque estava tomando banho? - perguntei achando estanho. - Carol...

— PARA! - gritou me assustando. - Você não é nada minha e eu não tenho que te dar satisfações da minha vida.

Eu não queria que essas palavras me afetasse, mas infelizmente, aquilo me acertou em cheio.

Passei as mãos pelos meus cabelos fazendo um coque desajeitado, me sentei na cama e observei ela vestir as suas roupas.

E consegui notar mais uma mancha na sua cintura mas preferi ficar calada. 

Eu não sou nada dela, não tenho que me meter.

— Se você sair daqui... - falei atraindo sua atenção. - Tudo isso que nós temos vai acabar!

Ela me olha com os olhos lacrimejados.

— Lyna, por favor, me fale o que está acontecendo. - supliquei. - Me deixe te ajudar.

Ela parece pensar em algo, suas pupilas dilataram freneticamente e sua respiração começa a acelerar.

— Eu já disse. - falou com a voz trêmula. - Você não é nada minha!

Traição - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora