8 - maratona

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POV Carolyna Borges

Entro no quarto e João vem logo em seguida. Eu estava muito chateada. Ele me enganou, disse que íamos jantar, ter uma noite incrível mas ao invés disso transformou nossa noite em um jantar de negócios.

Se eu soubesse teria ficado em casa.

— Porque mentiu pra mim? - pergunto virando para olhá-lo. E ele não parece entender, pois me olha confuso.

— Do que está falando? - perguntou apoiando as mãos na cintura.

— Você disse que ia me levar pra jantar, que íamos nos divertir e terminaríamos em casa. - suspirei tentando manter a calma. - Mas você fez tudo ao contrário João, você mentiu!

— Amor... - tentou falar.

— Amor uma porra! Você me usou de manhã, me fez acreditar que mudaria mas você botou tudo na primeira oportunidade. - senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Eu me odeio por ser tão difícil.

— O que você queria? Se aliviar pra enfrentar um dia estressante?  - perguntei puta.

— Você faz muito drama por uma coisa banal. Eu vou te recompensar. - falou tentando conter a paciência.

— Vai me recompensar como? Me dando dinheiro? Mandando eu ir comprar o que eu quiser? Isso não supre a falta que você faz.

— Carol...

— A gente casou, você me prometeu uma família, me fazer feliz. - falei exausta. - Mas você não é mais o homem com quem eu me casei!

Ele abaixa o olhar como sempre faz quando está escondendo algo. E eu percebo que ele faz isso toda vez que o assunto família é mencionado. 

— João, ainda dá tempo de salvar o nosso casamento...

— Eu não posso te dar filhos! - me interrompeu. - Eu sou estéril, Carolyna.

Não. Não. Não.

Aquilo não podia ser verdade!

Nós somos casados há quatro anos. QUATRO ANOS.
Ele me prometeu uma família e como pode mentir pra mim por todo esse tempo?

Somos um casal. Ele me ama e eu...

Não. Eu não o amo, se eu o amasse não teria traído mas isso não vem ao caso agora. Ele mentiu, me deixou iludir com a possibilidade de ter uma família. Um filho nosso.

Eu traí, mas eu também fui traída primeiro. Fui traída quando ele resolveu criar toda essa mentira.

— Quando pretendia me contar? - pergunto sentindo minha garganta fechar.

Meu coração estava apertado.

Tudo o que eu havia planejado para nós dois estava deixando de existir na minha cabeça.

— Ia deixar com que eu parece de tomar os meus remédios? Que eu começasse a montar o quarto de um bebê inexistente? Que eu começasse a achar que o problema era comigo?

Lágrimas grossas começam a escorrer pelo meu rosto. Meus olhos ardiam e minha cabeça parecia explodir.

— Eu ia te contar. - falou sentindo culpa. - Mas eu não sabia como.

— Você deve anos para contar. Nós dois namoramos, ficamos noivos, casamos. - tentei me controlar. - E você preferiu esconder isso de mim!

— Me perdoa! - tentou se aproximar.

— FICA LONGE DE MIM. - empurrei ele. - SEU FILHO DA PUTA!

— ME RESPEITA CAROLYNA! - ele gritou enquanto me puxava.

— ME SOLTA SEU CO-

— SEU O QUÊ? - ele me interrompeu mais uma vez. - Vai! Me insulta mais! - juntei toda a minha raiva e empurrei ele pra longe.

— Você não dorme comigo hoje. - abracei meu corpo. - Some da minha frente!

— Carol...

— SAAAAI! - gritei alto.

Ele assentiu e saiu batendo a porta.

Como ele pode fazer isso comigo? Ele sabia o quanto eu queria uma família, e eu sei que no começo eu me casei pela minha própria liberdade mas meu amor sempre foi verdadeiro.

Eu sonhava com o dia em que teríamos um filho, em que iríamos formar uma família.

Porque fazer isso comigo? Com o meu psicológico?

Passei as mãos por meus cabelos me sentindo transtornada. Eu me sinto incapacitada de levar esse casamento em diante.

Ele vai me pagar!

Me levanto do chão e vou até a minha bolsa, tirando o celular de dentro e o guardanapo com o número da pessoa que eu mesma havia negado horas atrás. Disquei o número e escutei chamar.

Respiro fundo tentando controlar os níveis elevados da minha emoção.

— Oi... - escutei a voz por trás da linha.

— Priscila.

— Anna Carolyna. - disse surpresa. - Pensei que tivesse jogado meu número no lixo.

— Eu posso surpreender as vezes! - falei com malícia.

— E porque me ligou?

— Você sabe o motivo. - entrei no seu jogo.

— Eu quero ouvir você falar.

— Eu quero que seja minha amante.

— Você não percebeu, não é?

— O quê, exatamente?

— Nós duas já somos amantes.

Traição - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora