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Hoje a polícia ligou falando de um corpo de uma mulher, que foi encontrado próximo á praia de Cabo Frio. Porém o corpo já estava em um estado avançado de decomposição e seria quase impossível fazer um exame de DNA ou uma autópsia para saber se era a Carol mesmo.

Isso me deixou muito abalada, só de pensar que podia ser o corpo dela me deixava enojada. Então, preferi pensar que não era ela e que o seu corpo não iria aparecer e pronto.

— Heyy! - Malu chamou minha atenção aparecendo no meu campo de visão.

— Já ouviu falar na frase. ''bater na porta''? - perguntei cínica.

— Sim, mas eu adoro encher o seu saco! - sorriu. - Vai sair com a gente hoje?

— Eu não sei Malu, não estou no clima... - falei desanimada.

— Já percebeu que nunca está no clima?

— E você já percebeu que eu só não quero sair? - observei a mesma sentar na minha em minha frente.

— É por causa do corpo?

— Eu não quero falar sobre isso, Malu. Eu estou bem e não quero ficar remoendo essa dor.

— Eu sei, e não faz bem pra ninguém falar sobre isso. - suspirou e pensou um pouco antes de começar a falar novamente. - A Dani, não queria te contar mas eu não acho isso certo.

— Contar o que? - perguntei em entender.

— A polícia conseguiu recolher a arcada dentária do corpo e levaram para o laboratório pra fazer o exame de DNA.

Eu não sei se estava pronta para receber essa notícia. Na verdade eu tinha certeza de que eu não estava pronta.

— E se for ela? - perguntei aflita. - E se for a Carol, Malu? O que iremos fazer?

— Então aí, podemos dizer adeus de verdade. Vamos poder libertar-la de todo o sofrimento que sentiu e que nós sentimos, ela vai ter a paz que necessita.

Uma lágrima única molhou sua bochecha, mas ela faz questão de secar rapidamente.

— Eu vou sair com vocês. - arranquei um olhar animado dela. - Vamos dançar, beber e se divertir.

— Ótimo! Ótimo! - levantou animada. - Iremos passar para te pegar ás nove.

[...]

Admito que me fez bem sair com os meus amigos. Estávamos nos divertindo muito e eu conseguia distrair minha mente.

Vanessa também veio e trouxe o namorado, ele é um cara legal, fico feliz que ela esteja bem e com alguém que gosta dela de verdade.

Eu estava sentada na mesa, observando todos dançarem. Também estou responsável pelos celulares das meninas.

Tomei um gole da cerveja relaxando um pouco, observei um celular vibrar em cima da mesa e peguei vendo que era de Vanessa.

O exame deu positivo

Era o único pedaço da mensagem que eu conseguia ler, tentei abrir para ver o resto mas infelizmente o celular tem senha.

Eu não sou otária, sei muito bem qual exame deu positivo. Eles conseguiram confirmar que era Carol.

E só de pensar em seu corpo, sinto meus olhos de encherem no mesmo instante.

Eu sabia que era ela...

— Vem dançar, só falta você.

Malu falou se sentindo do meu lado, não respondi e no mesmo instante que olhou pra mim percebeu que havia algo de errado.

— O que aconteceu? - perguntou preocupada.

— O exame deu positivo, é o corpo da Carol. - falei chorando. - Malu, é ela!

— Meu Deus!

Nossos amigos se aproximaram percebendo minha movimentação.

— O que aconteceu? - Dani perguntou.

— O corpo é da Carolyna... - Malu responde colocando as mãos sob o rosto em seguida.

— Como assim? O resultado do exame só vai sair amanhã! - Daniela parecia confusa com toda a situação.

— Priscila, quem te disse isso? - foi a vez de Vanessa questionar.

Peguei o seu celular e entreguei pra ela, a mesma observou tudo atentamente. Ela esboça um sorriso espontâneo e sorri aliviada.

— Priscila, primeiro que você não deveria pegar no meu celular. Segundo, nem tudo é o que parece, o assunto não era sobre a Carol. E terceiro, não que seja da sua conta, mas o exame é de gravidez de uma amiga minha. Deu positivo, ela vai ser mamãe!  - disse animada.

Querendo ou não, saber disso gerou um alívio em meu corpo. Eu nunca estive tão aliviada em estar errada, mas isso também não tirava a minha ansiedade para que o resultado do exame saísse logo.

Eu precisava saber.

Eu necessito da verdade.

— Me desculpe gente, é que esse assunto mexeu comigo. Eu acho melhor ir embora, estraguei a noite de vocês!

Me levantei da cadeira e me despedi de todos.

— Priscila! - Vanessa me chama e eu a olho, a mesma me envolveu em um abraço forte e eu fiz questão de retribuir.

— A Carolyna te ama, não se esqueça disso! - sussurrou em meu ouvido. - Ela está cuidando de você, de onde quer que esteja.

Sorri em agradecimento e saí do bar em que estávamos. Adentrei em meu carro, e comecei a dirigir até então para o meu apartamento, mas resolvi mudar a rota.

Estacionei o carro sentindo o cheiro da maresia invadir minhas narinas, respirei fundo e saí do carro indo para a praia á minha frente.

Me sentei na areia e peguei minha carteira retirando a foto dela.

Tão linda.

Eu me lembro exatamente desse dia, o dia em que após um almoço descontraído, Carol insistiu em parar na praia.

FLASHBACK ON:

— Tem como parar de me olhar assim? - ela perguntou envergonhada.

— Desculpa. - eu ri sem graça.

— É muito bom estar com você Priscila, sua companhia me faz esquecer do merda que é a minha vida. - voltou a observar o mar.

— Porque se casou com João?

— Na época eu queria sair de casa logo, casei mais por liberdade, sabe? E você?

— Eu era apaixonada por Vanessa.

— Era? - desviou o olhar para me encarar.

— Sim. Era.

— E quando você percebeu que não estava mais apaixonada por ela? - apoiou o rosto sobre os joelhos me encarando.

— Quando eu te conheci. - falei de uma vez vendo a mesma me encarar surpresa. - Eu gosto de estar com você, Carol.

— Eu também gosto de estar com você, Priscila!

FLASHBACK OFF:

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Boa noite minhas vidas!

Traição - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora