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POV Priscila Caliari

Entro na delegacia pronta para depor. Eu tinha que contar as coisas que eu presenciei quando eu me encontrava escondido com a Carol, inclusive da vez em que eu flagrei ele a espancando.

Mas independente de tudo, eu queria mesmo era encontrar com o João. Aquele filho da puta vai ter que me ouvir, não importa se eu sou mulher, se ele pode ser mais forte que eu eu realmente não quero saber.

Meus punhos estão prontos pra ele.

Eu posso estar em êxtase de felicidade por saber que a Lyna está viva, mas nada vai tirar a vontade que eu tenho de matá-lo.

— Boa tarde. - falei atraindo atenção de um policial. - Eu vim depor contra João Medeiros.

— Boa tarde, vou avisar que chegou. - me sentei na cadeira que tinha ali para aguardar. Era tão estanho voltar aqui depois de tanto tempo.

— Sra. Caliari - delegado Marcos me chamou. - Estou pronto para você. 

Ele acena a cabeça para que eu siga o mesmo até a sala dele, assim que entramos ele aponta para que eu sente na cadeira a frente. 

— Então, preciso que diga novamente tudo o que você lembra de quando se relacionava com a vítima Anna Carolyna Borges. 

— Carolyna era muito alegre, cheia de vida e muito disposta. - respirei fundo.- Mas ao passar do tempo ela começou a ficar estranha, e eu mesmo percebendo não quis invadir o espaço dela, mesmo ficando cada vez mais preocupada. - Senti meu coração apertar só de lembrar. - Ela começou a aparecer com marcas roxas espalhadas pelo corpo, mas o ápice foi quando eu o vi espancando. Eu queria ter feito algo, e inclusive eu tentei, mas fui impedida pela secretária que chamou o segurança e eu não pude fazer nada. 

— Aqui no arquivo, constata que a vítima te ligou no dia do acidente, correto? 

— Sim, e até hoje eu me culpo por não ter atendido, porém eu estava ocupada e não vi o celular tocar. ~

— Sua ex-mulher ligou pra polícia? 

— Sim. 

— Ela sabia que você tinha uma relação extraconjugal? 

— Sim, conversamos na noite antes do acidente, onde eu descobri que assim como eu, Vanessa também tinha outra pessoa. Nosso término foi amigável, e somos grandes amigas agora. 

— Tudo isso será registrado novamente. O julgamento irá acontecer na sexta feira, a senhorita terá que comparecer. 

— Tudo bem, eu irei. Mais uma coisa, eu posso ver o João? - ele me olha surpreso. 

— Tem certeza?

— Sim!

Quando o delegado me levou até a sala de visitas, onde eu veria João, confesso ter ficado um pouco nervosa, não sei se vou aguentar ficar quieta. 

Aguardei sentada esperando que ela passasse pela porta, no exato momento ela é aberta e um policial segurava João pelos ombros. Me levantei encarando-o, ele se senta na cadeira de frente pra mesa e eu faço o mesmo. 

Agora estamos sozinhas.

— Eu pensei que não quisesse me ver. - disse surpreso com a minha visita. - Como você está Caliari, o luto ainda te assombra? 

Ah se esse filho da puta soubesse que essas palavras já não me afetam mais, ele ficaria com a língua enfiada no próprio rabo. 

— Você está meio acabado. - analisei o mesmo. - Como é ficar atrás das grades? 

— Te garanto que é melhor do que estar morto no fundo do mar. - debochou. 

Tentei me segurar para não voar em cima dele ali mesmo, naquele exato momento. 

— Sabe, eu achei que você fosse mais esperto, mas não... - neguei a cabeça.- Matou a mulher que amava, e não haja como se isso não doesse em você, porque eu sei que dói. Deve ser terrível viver com essa culpa. 

Era visível o quão incomodado ele estava ficando com o que eu estava falando, podia ver em seus olhos o quanto minhas palavras doíam nele. 

Foda-se! 

É pra doer. 

Eu quero que ela fique louca. 

— Sabe, ela era encantadora, carinhosa e divertida. Eu amava passar a tarde com ela, amando, dando carinho e valor. Tudo o que você, seu merda do caralho, nunca deu a ela! - me exaltei. -  Você teve a chance de fazer ela feliz. 

— Cala a boca sua lésbica nojenta! 

— NÃO, AGORA VOCE VAI ME OUVIR!

Perco o resto da minha paciência e avanço pra cima dele. João cai no chão e não tinha como ele se defender, já que ele estava algemado. Dei repetidos socos na cara dele várias vezes, descontando todo o ódio que eu tinha dele. 

— Você não vai se safar dessa, eu vou matar você. - esbravejei chutando a barriga dele. 

Sinto duas mãos me puxarem de cima dele, tentei me soltar mas foi impossível. 

— Sra. Caliari! - o delegado me repreendeu. 

— Me solta, eu vou acabar com a raça desse desgraçado por ter machucado a Carolyna. - minha voz soou rouca e cansada pelo esforço que eu havia feito. 

— Ele vai ser julgado na sexta, lembre-se disso. ~

— Eu estou pouco me fodendo,  ele vai pagar por tudo! 

João levantou com a ajuda de um policial, a cara dele estava destruída. Ele esboça um sorriso debochado com a boca coberta pelo sangue. 

— Eu matei mesmo aquela vagabunda, ela merecia aquilo e muito mais. - João riu. 

— Levem ele de volta pra cela, e você Priscila, precisa ir embora. - Concordei saindo da sala mas parei ao ouvir meu nome ser chamado por João, olhei por cima do ombro e encarei o mesmo. 

— A Carol me amava, foi só um passa tempo. - ele diz.

— Ela não te amava... Você é um monstro. 

— Me amava sim! - disse chorando.- Você tirou ela de mim! 

— Se eram tão felizes, porque ela me procurava? E acima de tudo, porque a matou?

— Se ela não podia ficar comigo, ela também não iria ficar com você. 

E ela está comigo, seu merda. E vai ser assim pra sempre. 

Sorri negando a cabeça mostrando o quão errado ele estava.

— Ela está viva, eu sei que está. - falou. - Não acharam o corpo dela.

— Você é maluco, merece apodrecer na cadeia. 

Dei as costas ignorando completamente os gritos dele. Ele vai apodrecer naquela cela, e se isso não acontecer eu vou fazer com que ele decomponha de outra forma.



Traição - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora