vontade sem explicação

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   Estranhei o quão cedo acordei, não me julgue mal, acordo consideravelmente cedo. Sempre que acordo e olho para a paisagem sendo exibida pela janela, posso ver o dia claro, ainda um pouco frio pelo horário, mas definitivamente não acordo de madrugada ou com o dia nascendo. Mas hoje, quando acordei e olhei para o lado de fora, pude ver os tons alaranjados se misturando com perfeição ao roxo enquanto davam adeus à noite e um olá muito entusiasmado ao dia.

      Fiquei confuso de início, meu primeiro pensamento foi voltar a dormir, mas no instante em que me deitei com o objetivo de mergulhar no mundo do sono, algo na minha cabeça não permitiu, a pequena voz irritante que sussurrava os meus desejos mais obscuros que nunca teria coragem de fazer, ordena que eu me levante, não importa se tenho arranhões cicatrizando e roxos pelo corpo, tenho que levantar. Com relutância preguiçosa, abandono o conforto quente das minhas cobertas para deixar o chão gelado tocar meus pés.

      Passo minutos pensando se eu realmente iria me levantar, não tinha confiança nas minhas próprias pernas para caminhar, quatro dias sem fazer muitos movimentos devem ter me enferrujado. Jogo minhas preocupações para o fundo da minha mente, focando unicamente em ficar de pé sem parecer um filhote de cervo recém nascido. Minhas pernas tremem quando me ponho de pé, um leve tremer. como árvores de galhos fracos quando uma corrente de ar muito forte passa. Fazendo-a se cuvar para suas vontades.

       Após completar minhas simples tarefa de ficar em pé de uma maneira minimamente decente, volto meu olhar para a vista que era possibilitada pela janela. A robusta e velha árvores é a primeira coisa que foco, algo me atrai para ela. Um marinheiro encantado pela melodia da sereia, com a esperança de não ser completamente seduzido, e morto logo em seguida. Descido tolamente ir atrás da árvore, ver ela de perto. A melhor opção é pular a janela.

       Parece uma escolha burra e sem sentido, principalmente se for levado em conta o fato que posso simplesmente ignorar e me jogar novamente no conforto da minha cama. Mas não podia, algo naquela árvore me prendia, me obrigava a ser o admirador mais fervoroso da sua beleza, fazendo-me ter um desejo incontrolável de fazer músicas sobre a magnitude da velha árvore de galhos sem folhas. Falando desse jeito, parece que falo de uma pessoa de carne e ossos, não de uma árvore de madeira. Com uma determinação encontrada de um lugar desconhecido, agarro a menor coberta que usava para me cobrir, ponho ela por cima dos ombros, me protegendo de um possível resfriado. calço as botas que tinha, bem consciente do possível barulho que poderia causar. Uma mão se agarra ao batente da porta, enquanto a outra segurava a coberta que me defendia do frio. Ponho um pé primeiro, e depois o outros, segurando firmemente o batente com a intensão de previnir acidentes.

      Já do lado de fora, olha para trás, garantindo que a janela estava aberta antes de migrar preguiçosamente até a árvore. Agora olhando de perto, posso observar detalhes antes desconhecidos. A árvore tinha um formato estranho, seu tronco não era reto, era esticado e retorcido, se inclinava para a esquerda desleixadamente. As grandes raízes saiam do solo com todo o seu explendor tenebroso. Um pássaro robusto que se assemelhava á um gavião, sua penas de um branco puro, o bico preto como carvão e os olhos igualmente pretos, responsa graciosamente em um dos ganhos. os olhos negro observando qualquer mínimo movimento. Admiro a criatura em êxtase, algo nela me trazia a estranha sensação de familiaridade, conforto, aquele calor emanado do peito. Sorriu.

      Sento-me perto das raízes da árvore, minha cabeça pende para o lado, observo a intensa floresta sem muito interessante. Fecho os olhos, os sons leves acalmam meus nervosos. Tanta coisa aconteceu nesses dias, sinto que não tenho espaço, não tenho tempo, para parar e respirar. Pôr meus pensamentos em ordem. Permaneço com meus olhos fechados, sentindo o ar gelado entrar pelo meu nariz e sair quente pela minha boca. Algo relaxante. de longe, escuto a voz de Astéria me chamando com desespero, seus passos são apresados, escuto seus pés baterem na grama. Permaneço imóvel, tenho que relaxar.

      Com o passar dos minutos, os passos e os gritos se tornam mais próximos, até sentir uma respiração ofegante ao meu lado. Não me importo em levantar a cabeça, contínuo com os olhos fechados e cabeça abaixada.

      — Ajax... — A voz de Astéria era perigosamente calma. — Como você pode sair de casa sem me avisar?! E você nem pode sair da cama ainda! — Sabia, a calmaria dissimulada dá lugar a raiva absoluta. Abro meu olhos preguiçosamente, vendo minha salvadora e amiga parada em minha frente, os braços cruzados fortemente abaixo dos seios e uma caranca severa no rosto.

          — Bem, não tenho uma boa desculpa ou motivação para isso...apenas senti que deveria vir aqui. — respondo calmamente, deixando a ponta dos meus dedos se arrastarem levemente pelas pequenas flores que cresciam perto das raízes da árvore.

          — Deuses, se você estava entediado e sentia o desejo de sair, pelo menos me avisasse antes. — Posso ouvir em pouco de amargura e decepção no fundo da sua voz, não posso deixar de muchar. Ela estava certa, iria enlouquecer se um dia eu acordasse e não visse ela.

        Murmuro um rápido pedido de desculpas enquanto me levanta do chão, Astéria acena rapidamente com a cabeça, aceitando minhas desculpas, e indo para dentro do chalé logo em seguida. Acompanho ela três passos atrás. Estou com fome, e o que é melhor que um café da manhã?






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