Brasas esmeraldas

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         A descoberta do atual estado mental do príncipe velaryon foi um balde de água fria, suas gotas congelantes se misturando com as calorosas e salgadas lágrimas. A rainha Rhaenyra não podia acreditar, caiu novamente em profunda tristeza, tendo pouco mais do que a presença do filho para confortá-la. Seu menino estava vivo, respirava regularmente em seu ritmo apropriado, Sangue pulsava em suas veias e em seu coração. Vivo por corpo, mas morto pela alma e mente. Era frustrante, tinha seu filho, doce garoto, em seus braços, mas ele não se recordava dela nem de seus irmãos, sendo Astéria a única pessoa conhecida por ele, a memória mais distante.

       Ele estava lá, em sua proteção, seguro, mas não por vontade própria. Não se escondia atrás dela nem se mantinha agarrado em sua saia como costumava fazer, apenas uma casca vazia daquele que ela tanto amava. A rainha não tardou em ordenar que os meistres achassem uma solução, irritando-se a cada avaliação que não lhe agradava os ouvidos.

       — Não há nada que possamos fazer, vossa graça. Talvez a memória volte com o tempo. — Todos diziam a mesma coisa depois de uma análise minuciosa, para o grande desconforto do velaryon que sentia repulso em ser cutucado e tocado.

       Outra supresa menos desagradável veio derrepente, Luke havia se apresentado recentemente, um ômega. Isso só serviu para trazer mais dor de cabeça para a Targaryen, propostas de casamento em troca de alianças jorravam e transbordavam loucamente. Sendo constantemente interrompida em uma das reuniões do pequeno conselho por outra proposta e uma estensa carta citando as vantagens de tal aliança. Rhaenyra não transmitiu nenhum interesse, não dando recusas muito menos aceitações. Se limitando a manter silêncio imaculado nesse assunto. Não estava pronta para jogar seu filho aos leões com tanta facilidade, mas sabia que poderia ser uma dor necessária. Um bem maior.

      Também não tardou para essa questão de natureza delicada começar a ser o assunto principal das reuniões.

    — Alianças valiosas foram oferecidas em uma bandeja de prata, vossa graça. — Lorde Corlys citou certa vez, tendo pouco medo em tocar nesse assunto sendo o jovem a ser proposto, seu neto.

      — E em troca devo oferecer meu filho em uma bandeja de ouro com um dragão e a promoção de uma extensa prole? — A rainha retruca imediatamente, já tendo uma resposta pré-programada para essas discussões. O lorde Velaryon não se deixou abalar diante da resposta áspera.

      — Seja sabia, vossa graça. Será que os Tyrells continuaram tão neutros que se um dos herdeiros do lorde tivessem tanto ligação quanto direitos ao trono de ferro e a casa velaryon? Tendo a possibilidade de terem um ovo e dragão para eles próprios?

      O silêncio se formou estendendo-se lentamente como um animal morto. Ninguém ousou proclamar aquela verdade cruel, mantendo as bocas fechadas e franzidas em linhas retas. Evitando os olhos púrpuras brilhantes da rainha, que se estreitavam levemente contra os de lorde Corlys. Uma batalha silenciosa tendo pouco mais armas além das orbes expressivas e mais cortantes que qualquer lâmina antes vista. Em derrota, Rhaenyra desvia o olhar, fechando as pálpebras fortemente, estendendo uma bandeira branca. Não havia discussão contra fatos que já foram postos em prova anteriormente.

      — Não gostaria de fazer isso...nunca... vendê-lo pelo preço mais alto como um mero gado. — A mulher cospe as palavras, seus olhos se abrindo furiosamente, voltando a encarar lorde Corlys. Contava histórias nunca ditas, palavras nunca ditas, uma simples troca de olhares era capaz disso.

       O lorde Velaryon não recua, trazendo os ombros para trás em uma postura perfeita e elegante, suas mãos cruzadas atrás da costas com firmeza.

Nunca morrereiOnde histórias criam vida. Descubra agora