Os deuses

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     Suspiro pesadamente, assistindo sem entusiasmo o vento gelado sair de minha boca, dançando alegremente pelo ar, se espalhando até não sobrar nada para ser visto. O dia estava frio, eu escondia minhas mãos geladas nos bolsos, querendo trazer calor à elas. meus olhar vaga para o lado de fora, o vento frio e impiedoso fazia as folhas alaranjadas caírem com lentidão das árvores em seu sobro congelante. A grande árvore não se abala, sua falta de folhas é o principal fator. Em um suspiro pesado, proíbo minha mente de continuar á vagar, volto a cortar os legumes na envelhecida tábua de madeira. Meus cortes são cautelosos, não gostaria de ter uma cicatriz em um dos dedos.

         Astéria havia ido fazer uma visita ao vilarejo, poderia ser considerada uma pequena viagem levando em conta o fato da lonjura que ficava a vila em comparação com o chalé afastado de tudo e todos. Os suprimentos estavam acabando e Astéria precisava reabastecer, o dinheiro também está se tornando escasso, então é muito provável que muito empreve Astéria volte á fazer seus trabalhos de costureira. Pelo que ela me disse, ela havia dado uma pausa para reorganizar sua vida e cuidar de mim. Não pude deixar de me sentir culpado por isso, mesmo que a minha salvadora afirmace tão fortemente que eu não estava atrapalhando ou sendo um fardo, eu ainda me sentia da mesma forma.

  
        Fico de ouvidos em pé ao ouvir a porta se abrir em um rangido, seco minhas mãos em um velho pano branco e vou conferir a pessoa que acabará de entrar no chalé. Era Astéria, a mulher trazia consigo duas cestas abastecidas com alimentos e suprimentos. Rapidamente a ajudo com as cestas, pegando uma delas e pondo encima da mesa de madeira de carvalho escuro. Astéria retira sua capa e põe juntamente com as cestas acima da mesa.

      — Então, as ruas estavam muito cheias? — Pergunto enquanto guardo alguns dos alimentos recém comprados. Astéria suspira dramaticamente.

      — Tão cheias que me senti sufocada, a sensação de desconforto só aumenta quando as pessoas te olham como se você fosse um cão sardento sem valor, um maldito bicho. —  mulher esbraveja com veneno na voz, o rosto duro e nariz franzido — Eles me julgam como fosse os maiores e melhores, não aguento ver seus rostos hipócritas se contorceren em desgosto quanto ando. — Astéria furiosamente me ajuda a guardas as compras de maneira agreciva. Suspiro e paro de arrumar e organizar os alimentos.

      — Eles são somente imbecis que olham e julgam como se fossem deuses, mas na verdade, no fundo, eles sabem que são todos pecadores e arderam no castigo divino juntamente com os que julgam serem inferiores — Riu ironicamente por dentro, os fanáticos religiosos são esquicitos.

 
        — Você tem uma religião? — A mulher questiona cautelosamente, isso era, obiviamente, um assunto delicada que já fez homens entrarem em guerras pelo fanatismo religioso.

      — Não tenho religião. quero dizer, nunca pensei muito nesse tópico. — Depois dos alimentos estarem devidamente guardados, apoio meu quadril contra a lateral da mesa com meus braços cruzados.

        —  Entendo... — Ela parecia hesitante , mas continua. — Bem, eu tenho uma religião. Sigo as quatorze chamas. em minha opinião, eles são os verdadeiros deuses são justos e benevolentes aos que pedem socorro á eles. Mas entendo perfeitamente aqueles que não os seguem. — Concorda com a mulher, religião é algo muito pessoal, ninguém deve obrigar outra pessoa á segurir determinado deus.

         — Esse é um pensamento muito bom de se ter, as pessoas tendem a ter medo do desconhecido ou diferente, então julgam todos aqueles que não seguem seus princípios. — Respondo solenimente, meus olhos rapidamente buscam consolo na robusta e velha árvore que aprenderá a admirar de maneira até mesmo religiosa. Não era uma vista tão graciosamente quando a da janela do meu quarto, conseguia ver somente alguns galhos, um pouco do tronco e as raízes. E por um momento enquanto observo a paisagem, o silêncio paira pelo ar, se arrastando como um morimbundo.

        Volto meu olhar para Astéria, a mulher me alisava com cautela, o lábios prensados em uma linha reta. Posso ouvir o caos que se estalava na sua mente muito sagaz. Vejo seus lábios abrirem e fecharem, mas nenhuma palavra é proferida. Não suportando mais aquele silêncio e a minha ansiedade crescente, pergunto:

      — Aconteceu algo? — Minhas palavras são cautelosas e cuidadosamente escolhidos. Os olhos de Astéria param de me analisar com intenção de achar minha alma, e voltam para seu estado normal, olhos de corça, de beleza invejável, que conta histórias com um mero olhar.

      — Você sente? — Sua pergunta é meticulosa e um pouco envergonhada, seus olhos castanhos contêm, nesse momento, uma intencidade inexplicável. Demoro um momento para entender a pergunta, mas ainda muito confuso sobre o que ela se referia, arqueio um sombrancelha. — A arvore, você também sente essa energia vindo dela? — Ela explica. Arregalo meus olhos pela pergunta.

        — S-Sim... — Gaguejo ao responder, ainda muito nervoso pelo questionamento repentino.

       Astéria reflete por um momento, seu rosto inesprecivo enchia minha cabeça com dúvidas e meu coração com ansiedade. A saliva desce arranhando minha garganta.

      — São os deuses. — Astéria enfim fala, uma simples frase. Como se essas três letras pudessem retirar a dúvida de minha mente. — A árvore, dizem que ela é tão velha que já presenciou os próprios deuses, alguns dizem que ela é abençoada, pois tem uma energia de outro mundo. — Seus olhos brilham com entusiasmo e suas palavras são recheadas de alegria.

    
     — Oh...isso é de fato muito surpreendente. — Astéria me olha com expectativa, aguardando uma reação mais intusiasmada. — Bem, posso dizer que senti um calor emanado da árvore, mas pensei ser um delírio da minha mente. — A mulher sorri mais abertamente com esse comentário.

      — Vá dormir, os deuses lhe daram a resposta para suas perguntas em seus sonhos, já que agora você sabe da existência deles. — A mulher continua a sorrir alegremente. — Os deuses te concederam uma segunda chance, creio que eles tenham planos traçados para você. O Deus Tessarion é piedoso, mas não é conhecido por das segundas oportunidades para aqueles que ousam atravessar seu mar estreito. — Com isso dito, Astéria me força a ir para meu quarto e dormir.

       Rolo pela cama tentando achar uma boa posição. era cedo, não tinha sono ou mínima vontade de dormir, mas o medo de não cumprir uma ordem da minha salvadora era maior. com isso em mente, fecho meus olhos, determinado a percerguir o sono.
 

        Meu corpo está sem peso, como se eu flutuasse perto das nuvens, vagando pela imensidão do nada, Deleitando-me com o silêncio do meu sonho, nada é ouvindo, nem sequer a minha respiração. Perguntou-me onde estou, esse não era um sonho comum. Não conseguia enxergar nada, não importava quanto esforço que eu colocava em abrir os olhos, tudo era somente um breu limpo, sem qualquer outra cor. Derrepente, tochas se acenderam, sua luz alaranjada quase cega meus olhos. Posso observar com mais clareza o local onde estou, eram paredes e pedras, igual ao chão. Emanava um calor que não era esperado, tento pensar em algum lugar que já estivesse que se parecesse com esse, minha mente havia criado esse lugar do zero?

       — Vejamos o que temos aqui... — Uma voz masculina ecoa pelo cômodo, que pelo eco causado, posso deduzir que era grande. Um frio caminho pela minha espinha, e meu estômago se revira dentro de mim. — Oh sim, então você é aquele rapaz? Aquele que acabará com a dança? Ótimo, Tessarion estava certo em não permitir que o mar lhe engolisse.

      — O-o quem é você? — Minha voz era fraca e impotente em comparação com a do homem que falava comigo.

         — Sou Deus Caraxes, deus da proteção, vitória, honra, coragem, força, armamento e sacrifício. — A figura esbelta finalmente saí das sombras, seus cabelos eram longos e platinados, os olhos purbura brilhavam com sabedoria. Era com toda a certeza uma figura intimidadora. Suspiro trêmulo — Garoto, você ainda não sabe, mas está destinado a grandes feitos, eu e meus irmãos nós sertificaremos disso. Reze a nós quando estiver em apuros, iremos ao seu socorro. E lembre-se: o que está morto não pode morrer. A graça dos deuses está com você.

       Com essas falas, a figura novamente desaparece, deixando-o sozinho novamente no breu com mais dúvidas do que respostas.








  Obs: Tessarion é um Deus da altiga valiria, sendo o deus dos oceanos, águas, tempestades, desastres naturais, exploração e clima. Existem aos todos, catorze deuses valerianos. E mais uma coisa, foram 1387 palavras, eu ficaria grata se vocês votarem.

Nunca morrereiOnde histórias criam vida. Descubra agora