Nunca morrerei

Benção

      Alicent hightower estava inquieta, a ponta de seus dedos, generosamente adornados por anéis, batiam sincronizadamente em uma torturante dança contra a grande mesa do pequeno conselho. Passos bem decorados, primeiramente o dedo mínimo, logo depois o anelar, que ainda continha o gracioso anel de ouro e esmeraldas dado por seu marido, então o médio e por fim o indicador.

       As baixas batidas sincronizadas com a sua linha de pensamento, que parecia se tornar uma grande bagunça com as preocupações pesando em seus ombros ligeiramente curvados. Seus olhos de âmbar escuros nublados e desfocados, seus ouvidos preenchidos por um zumbido incessante, fazendo com que toda a ladainha ao seu redor não passasse de murmúrios abafados, silenciosos e inexistentes para sua mente calejada. Sua cabeça tombou levemente para baixo, sua expressão ilegível mesmo para os olhos mais atentos e sagazes. A dança de seus dedos continua, nunca realmente tendo uma breve pausa, o som da madeira sendo estranhamente reconfortante para seus ouvidos cansados.

       Os membros do pequeno conselho falavam sem pausa, frenéticos e abalados pelas recentes vitórias que vem assolando a causa verde. Um rei doente, herdeiros jovens, uma rainha louca e um filho histérico, era algo digno de pena, uma amarga piada e uma ofensa aos grandiosos antepassados regentes desta grandiosa casa e reino. O estranho nunca lhe assustou tanto, lhe assustava porque era algo real, tocou em seu marido e o levou, e agora parece alegre em dar-lhe um pingo de esperança sobre a recuperação do jovem rei, somente para, que os deuses os protejam, arrebatá-lo de seus braços.

          — Alicent... — A voz do seu senhor pai soa como um aviso e repreensão, tom criado em sua infância e aperfeiçoado depois do seu casamento com o rei morto. A expressão levemente enrugada de seu pai demonstra seus pensamentos, o homem estava rabugento e inflexível desde a substituição de seu cargo de mão do rei por Sor Criston Cole.

         — Perdoem meu devaneio, meus senhores, estou apenas preocupada com o atual estado de saúde de vossa graça, o rei. — A hightower se esforça seriamente para estampar um leve sorriso nos lábios, que com certeza parecia nervoso e melancólico. Os homens não responderam, mas alguns eram solidários com a situação que a rainha mãe se encontrava.

        — Bem. — Sor cole começa depois de longos e inquietantes dois minutos, remexendo-se levemente diante do olhar cautelosos dos outros nobres senhores, o leve chiado metálico de sua armadura.

        — Uma aliança com Tríade foi formada graças aos esforços de Lorde Otto. — Uma pequena pausa se feita enquanto olhos hesitantes migraram ao hightower, que permanecia com sua expressão estóica e imaculada. — É provável que mandem uma frota para combater o bloqueio Velaryon.

  
         — E Greyjoy — Sor Tyland Lannister Acrecenta rapidamente, dando um gole de sua taça ornamentada em ouro.

         — Sim, e Lorde Greyjoy. — Acrescentou em concordância.

       — É possível que não seja suficiente. — Murmura Lorde Jasper Wylde, massageando levemente as têmporas com a tentativa de aliviar a já crescente dor de cabeça.

       — Bárbaros sem escrúpulos e suicidas sanguinários. Mais perigoso do que um homem que tem tudo, é aquele que não tem mais nada. — Grande meistre Orwyle recita sabiamente.

          — Lorde Ormund Hightower está enfraquecendo seu poder ao ser superado em números. — Sor cole retoma as rédeas da situação em uma tosse seca. — Pelos exércitos liderados por Thaddues Rowan e Tom Flowers. Os Tyrrell se mantêm neutros e pouco interessados.

         — Mas é possível que se aliem logo aos traidores... — Larys Strong confidenciou, olhos confusos e ligeiramente arregalados o observam. O manco brincava descontraidamente com seu anel, rolando a jóia no dedo magro. — Oh...ainda não sabem? Além de vivo, Lucerys velaryon se apresentou como um ômega... — Suspiros contidos e murmura incrédulos enchem o grande cômodo, o único que mantinha a expressão imaculada em suas feições era Ser Otto.